terça-feira, 1 de outubro de 2019




Com lágrimas, estão as folhas

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Antes, a natureza prevalecia até mesmo nas cidades. As árvores frondosas exalavam o esplendor natural e indispensável e sua vitalidade tinha segurança para vigorar. Agora em meio a tantas construções, ou melhor, florestas de arranha-céus, elas, as nossas árvores – das que não cuidamos −, choram diante das mãos do homem que conduzem, à força, a sua extinção, com derrubada, sem nenhuma emoção, nem o respeito pelo tempo já tão anterior do seu surgimento.
Sua idade e sua história de vida se esvaem em algumas horas, minutos até, se a serra for capaz, potente. O cheiro da dor fica para quem reconhece senti-lo; as suas raízes, em sofrimento, tentam se agarrar ao solo que há tanto as acomodou, permitindo que seu corpo e suas folhas crescessem para dar oxigênio a nossos pulmões, mas não... não são ouvidas.
Depois de tanta serra e golpes, o último suspiro da árvore se deu. O rastelo do trator venceu e a retirou por completo. Os olhos estavam rasos, das lágrimas sentidas, do menino que a tudo assistiu. Jovenzinho, porém com o entendimento de que a preservação da natureza é a garantia da vida no planeta.
Ele deu meia-volta e retornou para casa. Em seu quarto, começou a imaginar: E se fosse eu aquela árvore? Sua dor também era pela imensa insensatez das mãos que, tão facilmente, a arrancaram, talvez pudessem antes agradecer, pelo menos, os anos de oxigênio, sombra, companhia, vida, pouso de incontáveis pássaros coloridos e lindos proporcionados pela frondosa árvore. Mas nenhum agradecimento, nenhuma importância. Que pena do homem!, o menino pensou.
O respeito virá quando se respeitar o próximo, que seja a natureza, o animal, o irmão.
O amor nascerá quando também semear a mesma semente.
O plano melhorará quando a consciência do bem e do belo for maior que a transgressão e ignorância ilimitadas.
A vida, urgentemente, pede carinho.

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