O que é o Espiritismo
Allan Kardec
Estamos realizando neste espaço o
estudo – sob a forma dialogada – dos oito principais livros do Codificador do
Espiritismo: dois introdutórios, os cinco básicos, popularmente chamados de
pentateuco kardequiano, e um complementar.
Serão ao todo 1.120 questões objetivas
distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog
sempre às quintas-feiras.
O livro focalizado inicialmente é O que é o Espiritismo, que surgiu em
Paris em julho de 1859. As páginas citadas no texto referem-se à 20ª edição
publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Parte 4
25. Muitas pessoas dizem que, se a reencarnação existisse, nós nos
lembraríamos das vidas passadas. Por que, então, não nos lembramos do que fomos
nem do que fizemos?
O esquecimento temporário do passado é
um benefício que a Providência concede à criatura humana. É que a experiência
só se adquire, muitas vezes, por provas rudes e terríveis expiações, cuja
recordação seria muito penosa e aumentaria as angústias e tribulações da vida
presente. Livre da reminiscência de um passado importuno, o homem pode viver
com mais liberdade, ao passo que sua lembrança perturbaria as relações sociais
e seria um tropeço ao progresso. (O que é
o Espiritismo, capítulo I, Segundo Diálogo, págs. 115 a 117.)
26. Diz Allan Kardec que há no Espiritismo duas partes. Quais são elas e
o que representam?
Uma é a parte experimental, que se
relaciona com o fenômeno. A outra é a doutrina filosófica. Há pessoas que nada
viram e, no entanto, creem apenas pelo estudo que fizeram da parte filosófica.
Para elas, o fenômeno das manifestações é acessório. O fundo é a doutrina, a
ciência, a que melhor resolve uma multidão de problemas antes considerados
insolúveis. (Obra citada, capítulo I, Segundo Diálogo, pág. 119.)
27. Costuma-se dizer, naturalmente: filosofia de Platão, doutrina de
Marx, concepção de Hegel. Podemos também chamar o Espiritismo de doutrina
kardecista ou kardecismo?
Há entre o Espiritismo e outros
sistemas filosóficos uma diferença capital: estes são todos obra de homens mais
ou menos esclarecidos, ao passo que o Espiritismo é obra dos Espíritos, na qual
Kardec não tem o mérito da invenção de um único princípio. Podemos, pois,
dizer: a filosofia de Platão, de Descartes, de Leibniz, mas nunca se poderá
dizer: a doutrina de Allan Kardec, o que torna impróprio o vocábulo kardecismo
e inadequada a expressão doutrina kardecista. (Obra citada, capítulo I, Segundo
Diálogo, págs. 119 e 120.)
28. Se Allan Kardec afirma que o Espiritismo respeita as convicções
sinceras e não procura forçar ninguém a crer na doutrina espírita, por que sua
preocupação em combater o materialismo?
Ao combater o materialismo, Kardec não
ataca pessoas, mas uma doutrina que, quando generalizada, constitui-se numa
chaga social. Com efeito, a negação do futuro e a simples dúvida sobre outra
vida são os maiores estimulantes do egoísmo, origem da maioria dos males da
Humanidade. Com o materialismo, a caridade, a fraternidade e a moral ficam sem
base alguma, sem nenhuma razão de ser, donde a máxima altamente perniciosa para
o futuro de todos: “Cada um por si durante a vida terrena, porque com ela tudo
se acaba”. (Obra citada, capítulo I, Terceiro Diálogo, págs. 126 e 127.)
29. Qual é, segundo Allan Kardec, a melhor de todas as religiões?
A melhor de todas as religiões, ensina
o Codificador, é aquela que só ensina o que é conforme à bondade e justiça de
Deus; que dá de Deus a maior e mais sublime ideia; que torna os homens bons e
virtuosos e lhes ensina a amarem-se todos como irmãos; que condena todo mal
feito ao próximo; que não autoriza a injustiça sob qualquer forma ou pretexto;
que nada prescreve de contrário às leis imutáveis da Natureza; é aquela cujos
ministros dão o melhor exemplo de bondade, caridade e moralidade; que procura
melhor combater o egoísmo e lisonjear menos o orgulho e a vaidade dos homens;
que, finalmente, em nome da qual se comete menos mal, porque uma boa religião
não pode servir de pretexto a mal nenhum. (Obra citada, capítulo I, Terceiro
Diálogo, págs. 131 e 132.)
30. Que diz o Espiritismo a respeito do purgatório e do inferno?
O Espiritismo não nega o purgatório;
antes, pelo contrário, demonstra sua necessidade e justiça e, além disso, o
define. O purgatório seria a própria Terra, onde a alma culpada purga, expia os
erros do passado. Quanto ao inferno, o Espiritismo considera-o tão somente uma
figura, uma alegoria, visto que, não admitindo a eternidade das penas, os
Espíritos Superiores ensinam que a duração do castigo é subordinada ao
melhoramento do Espírito culpado. (Obra citada, capítulo I, Terceiro Diálogo,
págs. 135 e 136.)
31. Que ensina o Espiritismo sobre os demônios e Satanás?
O Espiritismo não admite os demônios no
sentido vulgar da palavra, mas, sim, os maus Espíritos, seres atrasados,
imperfeitos que, no entanto, um dia alcançarão a perfeição. Quanto a Satanás,
trata-se de uma alegoria que personifica o gênio do mal, insuscetível de
conversão para o bem, o que contraria inteiramente o ensinamento espírita, que
apresenta o progresso de todas as criaturas como um de seus princípios mais
relevantes. (Obra citada, capítulo I, Terceiro Diálogo, págs. 137 e 138.)
32. É verdade que Moisés e o Evangelho de Jesus proibiram formalmente as
comunicações com os Espíritos dos mortos?
Moisés, como sabemos, proibiu realmente
a consulta aos mortos e teve motivos sérios para fazê-lo, visto que queria que
seu povo rompesse com todos os hábitos trazidos do Egito, entre os quais a
evocação dos mortos era objeto de abusos. Quanto ao Evangelho, não existe nele
proibição alguma com relação às comunicações entre nós e os Espíritos. (Obra
citada, capítulo I, Terceiro Diálogo, págs. 139 e 140.)
Observação:
Para acessar a Parte 3 deste estudo, publicada na semana passada, clique
aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/10/o-que-e-o-espiritismo-allan-kardec_17.html
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