quinta-feira, 24 de outubro de 2019




O que é o Espiritismo

Allan Kardec

Estamos realizando neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – dos oito principais livros do Codificador do Espiritismo: dois introdutórios, os cinco básicos, popularmente chamados de pentateuco kardequiano, e um complementar.
Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
O livro focalizado inicialmente é O que é o Espiritismo, que surgiu em Paris em julho de 1859. As páginas citadas no texto referem-se à 20ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira.

Parte 4

25. Muitas pessoas dizem que, se a reencarnação existisse, nós nos lembraríamos das vidas passadas. Por que, então, não nos lembramos do que fomos nem do que fizemos?
O esquecimento temporário do passado é um benefício que a Providência concede à criatura humana. É que a experiência só se adquire, muitas vezes, por provas rudes e terríveis expiações, cuja recordação seria muito penosa e aumentaria as angústias e tribulações da vida presente. Livre da reminiscência de um passado importuno, o homem pode viver com mais liberdade, ao passo que sua lembrança perturbaria as relações sociais e seria um tropeço ao progresso. (O que é o Espiritismo, capítulo I, Segundo Diálogo, págs. 115 a 117.)
26. Diz Allan Kardec que há no Espiritismo duas partes. Quais são elas e o que representam?
Uma é a parte experimental, que se relaciona com o fenômeno. A outra é a doutrina filosófica. Há pessoas que nada viram e, no entanto, creem apenas pelo estudo que fizeram da parte filosófica. Para elas, o fenômeno das manifestações é acessório. O fundo é a doutrina, a ciência, a que melhor resolve uma multidão de problemas antes considerados insolúveis. (Obra citada, capítulo I, Segundo Diálogo, pág. 119.)
27. Costuma-se dizer, naturalmente: filosofia de Platão, doutrina de Marx, concepção de Hegel. Podemos também chamar o Espiritismo de doutrina kardecista ou kardecismo?
Há entre o Espiritismo e outros sistemas filosóficos uma diferença capital: estes são todos obra de homens mais ou menos esclarecidos, ao passo que o Espiritismo é obra dos Espíritos, na qual Kardec não tem o mérito da invenção de um único princípio. Podemos, pois, dizer: a filosofia de Platão, de Descartes, de Leibniz, mas nunca se poderá dizer: a doutrina de Allan Kardec, o que torna impróprio o vocábulo kardecismo e inadequada a expressão doutrina kardecista. (Obra citada, capítulo I, Segundo Diálogo, págs. 119 e 120.)
28. Se Allan Kardec afirma que o Espiritismo respeita as convicções sinceras e não procura forçar ninguém a crer na doutrina espírita, por que sua preocupação em combater o materialismo?
Ao combater o materialismo, Kardec não ataca pessoas, mas uma doutrina que, quando generalizada, constitui-se numa chaga social. Com efeito, a negação do futuro e a simples dúvida sobre outra vida são os maiores estimulantes do egoísmo, origem da maioria dos males da Humanidade. Com o materialismo, a caridade, a fraternidade e a moral ficam sem base alguma, sem nenhuma razão de ser, donde a máxima altamente perniciosa para o futuro de todos: “Cada um por si durante a vida terrena, porque com ela tudo se acaba”. (Obra citada, capítulo I, Terceiro Diálogo, págs. 126 e 127.) 
29. Qual é, segundo Allan Kardec, a melhor de todas as religiões?
A melhor de todas as religiões, ensina o Codificador, é aquela que só ensina o que é conforme à bondade e justiça de Deus; que dá de Deus a maior e mais sublime ideia; que torna os homens bons e virtuosos e lhes ensina a amarem-se todos como irmãos; que condena todo mal feito ao próximo; que não autoriza a injustiça sob qualquer forma ou pretexto; que nada prescreve de contrário às leis imutáveis da Natureza; é aquela cujos ministros dão o melhor exemplo de bondade, caridade e moralidade; que procura melhor combater o egoísmo e lisonjear menos o orgulho e a vaidade dos homens; que, finalmente, em nome da qual se comete menos mal, porque uma boa religião não pode servir de pretexto a mal nenhum. (Obra citada, capítulo I, Terceiro Diálogo, págs. 131 e 132.)
30. Que diz o Espiritismo a respeito do purgatório e do inferno?
O Espiritismo não nega o purgatório; antes, pelo contrário, demonstra sua necessidade e justiça e, além disso, o define. O purgatório seria a própria Terra, onde a alma culpada purga, expia os erros do passado. Quanto ao inferno, o Espiritismo considera-o tão somente uma figura, uma alegoria, visto que, não admitindo a eternidade das penas, os Espíritos Superiores ensinam que a duração do castigo é subordinada ao melhoramento do Espírito culpado. (Obra citada, capítulo I, Terceiro Diálogo, págs. 135 e 136.)
31. Que ensina o Espiritismo sobre os demônios e Satanás?
O Espiritismo não admite os demônios no sentido vulgar da palavra, mas, sim, os maus Espíritos, seres atrasados, imperfeitos que, no entanto, um dia alcançarão a perfeição. Quanto a Satanás, trata-se de uma alegoria que personifica o gênio do mal, insuscetível de conversão para o bem, o que contraria inteiramente o ensinamento espírita, que apresenta o progresso de todas as criaturas como um de seus princípios mais relevantes. (Obra citada, capítulo I, Terceiro Diálogo, págs. 137 e 138.)
32. É verdade que Moisés e o Evangelho de Jesus proibiram formalmente as comunicações com os Espíritos dos mortos?
Moisés, como sabemos, proibiu realmente a consulta aos mortos e teve motivos sérios para fazê-lo, visto que queria que seu povo rompesse com todos os hábitos trazidos do Egito, entre os quais a evocação dos mortos era objeto de abusos. Quanto ao Evangelho, não existe nele proibição alguma com relação às comunicações entre nós e os Espíritos. (Obra citada, capítulo I, Terceiro Diálogo, págs. 139 e 140.)


Observação:
Para acessar a Parte 3 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/10/o-que-e-o-espiritismo-allan-kardec_17.html





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