domingo, 8 de novembro de 2020

 



As religiões e seus desvios

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Por que as religiões têm-se constituído em fatores de divisão entre os povos da Terra?

Respondendo a essa questão, o biólogo inglês Richard Dawkins declarou oportunamente:

“As religiões pregam a comunhão dentro dos próprios limites. E promovem a separação em relação às demais religiões. É claro que as pessoas também se dividem em torno de crenças políticas e ideológicas. Mas, quando tratamos de crenças políticas, podemos ao menos discuti-las. Com a religião não é assim. Por definição, a religião é baseada na fé. Você apenas diz: ‘Eu acredito porque acredito’. E logo surgem aqueles que acrescentam: ‘Se você acredita em algo diferente, então vou matá-lo’.”

Por causa de considerações dessa ordem, entende o mencionado cientista que “os homens viveriam melhor sem crenças religiosas”.

Que se pode opor a tais ideias?

Nada, se entendermos por “religiões” a expressão “religiões dogmáticas”, porquanto Richard Dawkins está-se referindo exatamente às religiões conhecidas por ele – o islamismo, o judaísmo e o cristianismo, – cujo comportamento em relação aos que pensam diferente tem sido mesmo de férrea perseguição.

Foi assim que surgiram as Cruzadas e depois a Inquisição, como a história registrou, um modelo de comportamento que, em dimensões menores, vem sendo copiado por aqueles que, em nossos dias, matam em nome de Alá e incendeiam templos e igrejas em nome da fé.

Há, no entanto, religiões que não se comportam assim.

O Espiritismo é uma delas e não existe na história nenhum registro que indique perseguição feita a alguém pelas Casas Espíritas.

Não sendo uma religião dogmática, o Espiritismo não teme o exame e a análise dos seus postulados, mas os incentiva, como provam os inúmeros simpósios e congressos que se realizam todos os anos nos meios acadêmicos e universitários.

Confundir Religião com “religiões dogmáticas” é, pois, um equívoco que não dignifica o autor da tese de que viveríamos melhor sem crenças religiosas.

A inverdade desse pensamento pode ser aferida com a simples leitura das primeiras linhas que abrem o livro “Nosso Lar”, de André Luiz, que, depois de muito sofrer no retorno ao Plano Espiritual, despertou para a realidade da vida.

São dele as seguintes palavras: 

“Em momento algum, o problema religioso surgiu tão profundo a meus olhos. Os princípios puramente filosóficos, políticos e científicos, figuravam-se-me agora extremamente secundários para a vida humana. Significavam, a meu ver, valioso patrimônio nos planos da Terra, mas urgia reconhecer que a humanidade não se constitui de gerações transitórias e sim de Espíritos eternos, a caminho de gloriosa destinação. Verificava que alguma coisa permanece acima de toda cogitação meramente intelectual. Esse algo é a fé, manifestação divina ao homem. Semelhante análise surgia, contudo, tardiamente.” (Nosso Lar, cap. 1.)

 

 



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