A educação e seu papel na construção de
um mundo melhor
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Cairbar
Schutel levava para sua casa os enfermos sem teto que chegavam a Matão (SP) e
deles cuidava com o amor e a dedicação que já se tornaram conhecidos dos
espíritas. Quando, porém, percebia que a pessoa não teria condições de se recuperar
da enfermidade, ele a preparava para essa transição que tanta gente teme e que
conhecemos com o nome de morte.
A
existência de um Pai justo e misericordioso, a continuidade da vida, a
imortalidade da alma, as vidas sucessivas, as condições de vida no plano
espiritual, eis temas que certamente o notável apóstolo explanava ante os olhos
atentos e esperançosos dos seus tutelados, preparando-os para essa etapa nova
que tem início com a morte do corpo.
O
Codificador do Espiritismo referiu-se certa vez a esse assunto quando explicou
por que devemos falar de Espiritismo aos mais velhos. E disse que a finalidade
de tal conversa era exatamente fazer o que Cairbar faria mais tarde, e tão bem,
na pequenina cidade de Matão.
No
mesmo texto, Kardec explicou também por que devemos falar de Espiritismo aos
mais novos, afirmando que o objetivo de se tratar do assunto com as crianças é
prepará-las para a vida e fornecer-lhes subsídios importantes para que consigam
cumprir na Crosta o que foi planejado no plano espiritual.
A
lembrança deste assunto veio-nos à mente ao relermos um texto que nossa amiga
Claudia Werdine escreveu oportunamente a propósito de um encontro que teve com
os jovens espíritas da Holanda.
Assistimos
hoje, não apenas na Europa, mas certamente no mundo todo, a uma juventude
aparvalhada, cuja desorientação decorre de uma série de fatores, dentre os
quais a questão da educação tem de ser posta em primeiro lugar.
A
vida, conforme bela imagem usada por Emmanuel, pode ser comparada a uma longa
jornada. O que chamamos de juventude equivaleria à saída de um barco, que vai
enfrentar todas as intempéries e vicissitudes inerentes a uma demorada viagem.
A velhice corresponderia à chegada do barco ao porto.
E
a infância? A infância, conforme palavras usadas por Emmanuel, é a fase da
preparação, em que marinheiros experientes cuidarão para que, quando chegar o
momento, os infantes tenham condições de conduzir o barco até o seu destino.
Falta,
evidentemente, aos pais do mundo em que vivemos um conhecimento mais profundo
acerca destas coisas.
É
preciso que eles entendam que nossos filhos são velhos conhecidos que voltam ao
cenário terrestre para dar continuidade a projetos inacabados, reparando os
equívocos cometidos, consertando as bobagens praticadas e buscando edificar um
mundo novo em que a felicidade de uns não dependa da desgraça dos outros.
Seria
importante também que eles soubessem por que nascemos, por que vivemos, qual o
objetivo de nossa estada aqui, uma vez que, cientes disso, poderiam realizar
com mais eficácia e talento o papel que lhes compete, como educadores que são
daqueles que Deus lhes confiou na presente existência.
Santo
Agostinho (Espírito), dirigindo-se aos homens da Terra, pediu certa vez que
compreendêssemos que, quando produzimos um corpo, a alma que nele encarna vem
do espaço para progredir, e que é preciso pôr todo o nosso amor em aproximar de
Deus essa alma. Essa a missão que nos está confiada e cuja recompensa
receberemos, se fielmente a cumprirmos.
Lembremo-nos
– aduziu o mesmo Espírito – de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que
fizestes do filho confiado à vossa guarda? Se por culpa nossa ele se conservou
atrasado, teremos como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de nós
dependia que fosse ditoso. Então, nós mesmos, assediados de remorsos, pediremos
que nos seja concedido reparar a nossa falta, rogando ao Pai, para nós e para
ele, uma nova encarnação em que o cerquemos de melhores cuidados e em que ele,
cheio de reconhecimento, nos retribuirá com o seu amor. (Cf. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
XIV, item 9.)
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