A moral cristã e seu papel no mundo
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
A
mais pura moral e a mais sublime, segundo os Espíritos Superiores, é a moral cristã,
a moral ensinada e exemplificada por Jesus, moral essa que deverá renovar o
mundo, aproximar os homens, torná-los irmãos e, por fim, fazer jorrar de todos
os corações humanos a caridade e o amor ao próximo, estabelecendo entre todas
as criaturas um clima de solidariedade que transformará a Terra e fará dela
morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam.
Quem
diz isso não somos nós, mas um Espírito que preferiu designar-se tão somente
“Um Espírito Israelita”, conforme mensagem transmitida em Mulhouse (França), no
ano de 1861, transcrita por Kardec no capítulo I, item 9, d´O Evangelho segundo o Espiritismo.
A
propósito de suas sábias palavras, surge, porém, a seguinte questão: Por que
ele se reportou à moral evangélica, contida nos ensinamentos de Jesus, e não à
moral ensinada pela Doutrina Espírita?
A
resposta a tal pergunta é-nos dada pelo próprio Codificador do Espiritismo. “A
moral dos Espíritos Superiores – diz Kardec – se resume, como a do Cristo,
nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que queremos que os outros nos
façam, ou seja, fazer o bem e não o mal.”
O
que acima foi exposto é bastante claro para demonstrar que o Espiritismo,
contrariamente ao que dizem seus adversários, coloca-se no mundo como um
aliado, não como inimigo, do verdadeiro sentimento cristão. “É o bem que
assegura o nosso futuro”, ensinam os imortais. É a caridade que renovará a face
do mundo. É o amor na sua expressão mais pura que fará com que se edifique na
Terra o Reino de Deus a que Jesus se referiu e com o qual todos sonhamos.
Em
face disso, não se compreende como algumas pessoas, mesmo no meio espírita,
mostrem nas suas atitudes a mesma postura farisaica dos seguidores de Hillel, o
doutor judeu que se tornou líder dos fariseus.
O
Espiritismo não pode ser, sob pena de fracassar, instrumento de dominação e
poder, mas, ao contrário, deve ser sempre a voz que nos lembre, de contínuo, as
lições de Jesus, os exemplos de Jesus, a obra e a vida de Jesus.
Existem,
sem qualquer dúvida, criaturas que julgam que o Espiritismo é uma espécie de balcão
de favores onde poderemos encontrar, quando a dor aparece, o analgésico que
alivie ou o remédio que cure.
É
assim que muitos veem o recurso do passe magnético, o auxílio dos tratamentos
espirituais ou as curas obtidas pela intervenção dos Benfeitores espirituais,
esquecidos de que a terapia espírita somente produz resultado quando a criatura
assume os deveres que ela mesma contraiu perante a vida.
A
pessoa que cumprisse com fervor a máxima do amor ao próximo e procurasse, cada
dia, modificar-se para melhor, não necessitaria de passes magnéticos, nem de
tratamentos espirituais, nem de médiuns curadores, porque a saúde moral a acompanharia sempre, imunizando-a contra esses distúrbios que acometem com
frequência o ser humano.
Foi
certamente por isso que Kardec, em se reportando à moral cristã ensinada por
Jesus, escreveu:
“Diante
desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os
cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer
que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas
religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram das questões
dogmáticas. Aliás, se o discutissem, nele teriam as seitas encontrado sua
própria condenação, visto que, na maioria, elas se agarram mais à parte mística
do que à parte moral, que exige de cada um a reforma de si mesmo. Para os
homens, em particular, constitui aquele código uma regra de proceder que
abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio
básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. E,
finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o
levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução,
item I.)
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