As amarguras da vida numa perspectiva
espírita
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Há
entre as pessoas quem não aceite a chamada lei de causa e efeito e atribua as
amarguras da vida à obra do acaso.
Ocorre
que pensar assim equivale a descrer de que existe Deus e admitir que estamos
todos imersos em algo que não apresenta a mínima sabedoria ou qualquer coisa
parecida com o que entendemos seja a misericórdia, visto que o mundo nos
apresenta a cada momento situações desesperadoras, que fariam secar nossa fé se
não pudessem receber uma explicação racional à luz dos ensinamentos do Cristo.
Vejamos
o exemplo seguinte.
O
rapaz nasceu na zona rural, filho de pequeno sitiante. Não conheceu na infância
e na juventude as agruras da vida. Mas, uma vez casado, viu o pai obrigado a
dispor de sua terra, em decorrência de safras que não vingaram e dos juros
bancários escorchantes, e, como num passe de mágica, todos de sua família
passaram a ser lavradores autônomos, na condição de assalariados.
Algum
tempo depois, ei-lo numa fazenda de cana-de-açúcar. A existência difícil era
compensada por um lar onde cinco filhos pequenos lhe traziam a alegria de
viver. Foi então que, num momento fatídico e inesperado, ligeiro descuido na
lavoura fê-lo perder o braço direito e, por conseguinte, seu instrumento de
trabalho, como servidor braçal que era.
Não
é preciso dizer que seu empregador nem tomou conhecimento do fato, e o humilde
servidor da roça teve de abandonar a fazenda, buscando numa cidade maior uma
oportunidade de sobreviver e manter a família, embora sem emprego e sem ninguém
a quem recorrer.
O
leitor sabe qual tem sido o destino dessas pessoas. Claro que, no caso acima,
que é um fato que realmente ocorreu, o casal e os cinco filhos foram parar na
periferia de uma grande cidade, mais precisamente em uma das favelas que a
cercam, e foram pessoas bondosas daquele recanto que, condoídas com aquele
quadro inusitado, proporcionaram-lhe a edificação de um barraco singelo, feito
com restos de madeira, plástico e papelão, onde a família passou a morar, dando
início a mais uma fase – uma fase de novas dificuldades – em sua curta existência
na Terra.
Foi
desse modo que algumas pessoas ligadas à assistência social espírita o
conheceram. O rapaz dedicava-se agora a catar papéis e a limpar terrenos e
quintais, com o que reunia alguns parcos recursos, claramente insuficientes,
para alimentar e vestir a si e aos filhos.
Rememoremos
o caso.
Primeiro,
perdeu a propriedade rural, que simbolizava a solidez e a segurança de seus
pais e dele próprio. Em seguida, perdeu parte de seu próprio corpo e, com ele,
o emprego. Agora, iniciava uma vida nova, aceitando com paciência e resignação
vicissitudes duras que ele, com certeza, ignora por que bateram em sua porta,
mas que lhe produzirão benefícios incalculáveis e duradouros, considerando-se a
transitoriedade desses percalços em face da grandeza da vida espiritual, que é pra
sempre e eterna.
As
vicissitudes da vida – ensina o Espiritismo – têm duas fontes distintas. Umas
têm sua causa na existência atual, outras fora dela. Em qualquer caso, têm
sempre uma finalidade justa e importante. “Nada no mundo se faz sem um objetivo
inteligente e cada coisa tem sua razão de ser”, ensinam os imortais.
Pensar
o contrário é admitir o acaso ou, o que é bem pior, equivale a imaginar que
Deus não passa de um pai caprichoso que se engrandece com o sofrimento dos
filhos, enquanto outros desfrutam a vida, aparentemente na maior ventura.
Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a
estrutura deste blog, clique neste link:
https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário