O Além e a
Sobrevivência do Ser
Léon Denis
Parte 10
Damos sequência ao estudo do clássico O Além e a Sobrevivência do Ser, de autoria de Léon Denis, com base na 8ª edição publicada em português pela Federação Espírita Brasileira.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Podemos realizar algo, sem perceber
que estamos agindo sob a influência direta de um Espírito?
B. Há Espíritos que conseguem
fornecer, em sua manifestação, prova inequívoca de sua identidade?
C. Alguns Espíritos mantêm-se a par
das coisas terrestres pertinentes a pessoas de suas relações?
Texto para
leitura
113. Os fatos que se seguem, na sua
maioria inéditos, constituem outras provas da sobrevivência.
114. O Sr. Périnne, presidente da
Corte de Apelação da Argélia, conversava livremente com o Espírito de seu
filho, Eduardo Périnne, que morrera aos 26 anos como juiz de paz em Cherchell,
a 1º de novembro de 1874.
115. Uma noite, chegou-nos ele
carregando um maço de folhas de papel cobertas de esboços feitos a pena,
representando cenas humorísticas desenhadas pelo defunto e que eram conservadas
como relíquias. Perguntou ele ao Espírito, assim que este se incorporou em Mme.
F..., nosso principal médium que não conhecera o morto, nem jamais pusera os
pés na Argélia: “Eduardo, quem era este homem gordo cuja caricatura traçaste
nesta página? Nem eu nem tua mãe pudemos atinar com o sentido deste esboço.”
116. O desenho representava um homem
obeso, tentando subir num poste telegráfico. Respondeu o Espírito: “Pois quê,
pai, não te lembras do Sr. X..., tão ridículo que, na Argélia, nos aborrecia
com as suas conversações fúteis e um interminável palavrório sobre a sua
agilidade?” E entrou em minúcias tão precisas sobre a identidade dessa
personagem que o Sr. e a Sra. Périnne se lembraram logo da pessoa que inspirara
aqueles desenhos burlescos.
117. Um dia, no verão, Mme. F...,
ocupada, juntamente com o marido, em pequenos arranjos no seu jardim, sentiu-se
impelida por uma força irresistível a colher uma soberba rosa, único ornamento
de uma roseira, da qual muito se orgulhava o Sr. F... Em vão tentou o marido
dissuadi-la do seu propósito. Sob a influência oculta, ela cortou a flor e
correu a oferecê-la à Sra. Périnne, que residia na vizinhança. Encantada, a
Sra. Périnne exclamou ao vê-la: “Oh! que prazer me dais neste dia, que é o do
meu aniversário!” A Sra. F... ignorava essa circunstância. Na sessão seguinte,
o Espírito de Eduardo, dirigindo-se à mãe, disse: “Não compreendeste que fui eu
quem impeliu a médium a colher aquela flor e a oferecê-la a ti, em minha
lembrança?”
118. Durante as sessões efetuadas em
Paris, no mês de dezembro de 1911, em casa do capitão P..., oficial do
estado-maior, na presença de alguns amigos, entre os quais se achavam o Dr.
G... e o Sr. Robert Pelletier, secretário da Revue Spirite, um Espírito se manifestou como sendo Geber, sábio
árabe que viveu na Pérsia de 760 a 820. Como prova de sua identidade indicou
que a tradução de suas obras estava na Biblioteca Nacional e lhes mencionou os
títulos: Summa Collectionis, Compendium, Testamentum etc. O Sr. Pelletier, indo verificar estas afirmações,
reconheceu-as absolutamente verídicas; nenhum dos assistentes jamais ouvira
falar daquela personagem.
119. No mesmo grupo, o compositor
Francis Thomé se fez reconhecer por seus primos, lembrando-lhes fatos que as
demais pessoas ignoravam e de alguns dos quais nem mesmo seus parentes se
recordavam.
120. O general L. G., em 1904,
escrevia a Léon Denis:
“Não posso resistir ao desejo de lhe
comunicar o seguinte: – No mês de julho último, estava minha mulher em B., na
casa de um irmão, e aí se entretinha fazendo experiências de tiptologia. Após
diversas comunicações por intermédio da mesa, surgiu o Espírito do almirante
Lacombe, tio dela, morto em janeiro de 1903.
Meu cunhado, capitão do ..., muito
céptico, interrogou:
– Pois que estás aqui, talvez nos
pudesses dizer onde se acha o bilhete da loteria turca que se encontrava entre
os papéis do papai. Não consegui descobri-lo. Tu, que trataste desta sucessão,
como tutor de Maria, deves sabê-lo.
A mesa respondeu:
– Está com o Sr. L..., notário...
– Não, pois que já lho pedi e ele não
o tem.
– Sim, está num pacote com o nome do
Sr. V... – (banqueiro de meu sogro), – de mistura com alguns papéis velhos,
dentro da secretária do primeiro escrevente.
Meu cunhado não insistiu... Hoje
recebi dele uma carta em que me comunica que o bilhete da loteria turca foi
encontrado no lugar que a mesa indicara. É simplesmente espantoso, eis tudo!”
121. O caso seguinte, publicado pelo
Sr. Aksakof, mostra até que ponto os mortos podem continuar ao corrente das
coisas terrestres:
“Uma moçoila russa, Schura (diminutivo de Alexandrina), se
envenenou aos 17 anos, depois de haver perdido o noivo, de nome Miguel. Na
ocasião em que esse fato se deu, ele era estudante no Instituto Tecnológico.
Certo dia, a senhora Wiessler e sua filha (a primeira das quais se ocupava
muito com o Espiritismo), que mal conhecia a família de Miguel e de Nicolau e
cujas relações com Schura e sua família já remontavam a época bem distante, sem
jamais terem sido muito contínuas, receberam, por intermédio da mesa com que
trabalhavam, uma mensagem de Schura ordenando-lhes que sem demora prevenissem a
família de Nicolau de que este corria perigo idêntico ao que determinara a
morte de seu irmão Miguel. Ante as hesitações manifestadas pelas duas senhoras,
Schura se torna cada vez mais insistente, pronuncia palavras de que costumava
usar quando viva e, para lhes dar uma prova da sua identidade, vai até ao ponto
de mostrar-se a Sofia uma tarde, com a cabeça e os ombros emoldurados por um
círculo luminoso. Isso, contudo, ainda não bastou para decidir a Senhora von
Wiessler e sua filha a fazerem o que lhes era indicado. Finalmente, um dia,
Schura lhes declara que tudo está acabado, que Nicolau vai ser preso e que elas
se hão de arrepender de não lhe terem obedecido. As duas senhoras então se
resolvem a levar todos estes fatos ao conhecimento da família de Nicolau, a
qual, muito satisfeita com o procedimento deste, nenhuma atenção prestou ao que
lhe acabava de ser referido. Passados dois anos sem incidente algum, veio-se a
saber que Nicolau fora preso por haver tomado parte em reuniões revolucionárias
que se efetuaram exatamente na época das aparições e das mensagens de Schura.”
Respostas às questões preliminares
A. Podemos realizar algo, sem perceber que estamos agindo sob
a influência direta de um Espírito?
Sim. Léon Denis menciona a respeito
disso um fato curioso. Um dia, a médium Mme. F..., ocupada, juntamente com o
marido, em pequenos arranjos no seu jardim, sentiu-se impelida por uma força
irresistível a colher uma soberba rosa, único ornamento de uma roseira, da qual
muito se orgulhava o esposo, que tentou, em vão, dissuadi-la do seu propósito.
Sob a influência oculta, ela cortou a flor e correu a oferecê-la à Sra.
Périnne, que residia na vizinhança. Encantada, a Sra. Périnne exclamou ao
vê-la: “Oh! que prazer me dais neste dia, que é o do meu aniversário!” A médium
ignorava essa circunstância. Na sessão seguinte, o Espírito de Eduardo,
dirigindo-se à mãe, disse: “Não compreendeste que fui eu quem impeliu a médium a
colher aquela flor e a oferecê-la a ti, em minha lembrança?” (O Além e a Sobrevivência do Ser.)
B. Há Espíritos que conseguem fornecer, em sua
manifestação, prova inequívoca de sua identidade?
Claro que há. Foi o caso ocorrido com
o Espírito do almirante Lacombe, morto em janeiro de 1903. No ano seguinte, ao
comunicar-se numa sessão mediúnica, alguém lhe perguntou se ele podia dizer
onde se achava o bilhete da loteria turca que se encontrava entre os papéis do
determinada pessoa, seu irmão. A mesa respondeu que o bilhete estava com o Sr.
L..., notário. E acrescentou que estava dentro de um pacote com o nome do Sr.
V..., de mistura com alguns papéis velhos, dentro da secretaria do notário. A
informação era exata: o bilhete foi encontrado exatamente no lugar que a mesa
havia indicado. (Obra citada.)
C. Alguns Espíritos mantêm-se a par das coisas terrestres
pertinentes a pessoas de suas relações?
Sim. Léon Denis reproduz neste livro
um fato dessa natureza, que foi publicado pelo Sr. Aksakof, o qual mostra até
que ponto os mortos podem continuar ao corrente das coisas terrestres. (Obra
citada.)
Observação:
Para acessar a Parte 9 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/03/o-alem-e-asobrevivencia-do-ser-leon_19.html
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