O Evangelho segundo o Espiritismo
Allan Kardec
Parte 17
Prosseguimos o estudo metódico de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, terceira das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em abril de 1864.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o
texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari
passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
e, em seguida, no verbete "O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Eis as questões de hoje:
129. Que posição devemos tomar, como espíritas, ante os que
não pensam como nós?
Quanto aos que não os quisessem
ouvir, Jesus recomendou a seus apóstolos, pura e simplesmente, que se fossem
embora, à procura de pessoas de boa vontade. A mesma conduta recomenda o
Espiritismo a seus adeptos: não violentemos nenhuma consciência; a ninguém
forcemos para que deixe a sua crença, a fim de adotar a nossa; não procuremos
anatematizar os que não pensam como nós; acolhamos os que venham ter conosco e
deixemos tranquilos os que nos repelem. Lembremo-nos, por fim, das palavras do
Cristo: Outrora, o céu era tomado com violência; hoje o é pela brandura. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
XXV, item 11.)
130. Será válido cobrar pelas curas e preces feitas a
outrem?
Não. O ensinamento dado por Jesus a
esse respeito é muito claro: “Restituí a saúde aos doentes, ressuscitai os
mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que
gratuitamente haveis recebido”. (Obra citada, cap. XXVI, itens 1 e 2.)
131. Qual o mérito das preces pagas?
Nenhum mérito. A prece é ato de
caridade, é um arroubo do coração. Cobrar alguém que se dirija a Deus por
outrem é transformar-se em intermediário assalariado. Deus não vende os
benefícios que concede. Como, pois, um que não é, sequer, o distribuidor deles,
que não pode garantir a sua obtenção, cobraria um pedido que talvez nenhum
resultado produza? Não é possível que Deus subordine um ato de clemência, de
bondade ou de justiça, que da sua misericórdia se solicite, a uma soma em
dinheiro. Obviamente, nenhum mérito haverá nisso, nem da parte de quem paga e
muito menos da parte de quem recebe. (Obra citada, cap. XXVI, itens 3 e 4.)
132. Qual o grande inconveniente das preces pagas?
O grande inconveniente das preces
pagas é julgar-se aquele que as compra dispensado de orar ele próprio,
porquanto se considera quite, desde que pagou por elas. Sabe-se que os
Espíritos se sentem tocados pelo fervor de quem por eles se interessa. Qual pode
ser o fervor daquele que comete a terceiro o encargo de por ele orar, mediante
paga? Qual o fervor desse terceiro, quando delega o seu mandato a outro, este a
outro e assim por diante? Não será isso reduzir a eficácia da prece ao valor de
uma moeda em curso? (Obra citada, cap. XXVI, item 4.)
133. O episódio da expulsão dos vendilhões do templo tem um
significado mais profundo. Qual é ele?
O episódio mostra-nos que Deus não
admite o tráfico das coisas santas sob nenhuma forma. Ele não vende sua bênção,
nem o seu perdão, nem a entrada no reino dos céus. Não tem, pois, o homem, o
direito de lhes estipular preço. E o mesmo entendimento pode aplicar-se ao
trabalho desenvolvido pelos médiuns e aos benefícios que, por seu intermédio,
os benfeitores espirituais realizam. (Obra citada, cap. XXVI, itens 5 e 6.)
134. A mediunidade constitui privilégio de algumas pessoas?
Não. Deus quer que a luz chegue a
todos. Tal a razão por que a mediunidade não constitui privilégio de ninguém e
se encontra por toda parte. (Obra citada, cap. XXVI, item 7.)
135. A mediunidade pode ser uma profissão?
Não pode e não deve. A mediunidade
séria não pode ser e nunca será uma profissão, não só porque se desacreditaria
moralmente, identificada para logo com a dos ledores da boa-sorte, como também
porque um obstáculo a isso se opõe. É que se trata de uma faculdade
essencialmente móvel, fugidia e mutável, com cuja perenidade, pois, ninguém
pode contar. Constituiria, portanto, para o explorador, uma fonte absolutamente
incerta de receitas, de natureza a poder faltar-lhe no momento exato em que
mais necessária lhe fosse. A mediunidade não é uma arte, nem um talento, e isso
basta para comprovar que não é possível tornar sua prática uma profissão. Além
disso, a mediunidade não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes,
já não há mediunidade. Pode subsistir a aptidão, mas o seu exercício se anula. Explorar
alguém a mediunidade é, por conseguinte, dispor de uma coisa da qual não é
realmente dono. Afirmar o contrário é enganar a quem paga. (Obra citada, cap.
XXVI, itens 7 a 10.)
136. Por que os médiuns não devem cobrar por seus
serviços?
Os médiuns não devem cobrar porque,
a exemplo dos apóstolos, receberam de Deus um dom gratuito: o de serem
intérpretes dos Espíritos, para instrução dos homens, para lhes mostrar o
caminho do bem e conduzi-los à fé, não para lhes vender palavras que não lhes
pertencem, a eles médiuns, visto que não são fruto de suas concepções, nem de
suas pesquisas, nem de seus trabalhos pessoais. Deus quer que a luz chegue a
todos; não quer que o mais pobre fique dela privado e possa dizer: não tenho
fé, porque não a pude pagar; não tive o consolo de receber os encorajamentos e
os testemunhos de afeição dos que pranteio, porque sou pobre. Tal a razão por
que a mediunidade não constitui privilégio e se encontra por toda parte.
Fazê-la paga seria, pois, desviá-la do seu providencial objetivo. (Obra citada,
cap. XXVI, itens 7 e 8.)
Observação:
Para acessar a Parte 16 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/03/o-evangelho-segundo-o-espiritismo-allan.html
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