O Evangelho segundo o Espiritismo
Allan Kardec
Parte 16
Prosseguimos o estudo metódico de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, terceira das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em abril de 1864.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o
texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari
passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
e, em seguida, no verbete "O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Eis as questões de hoje:
121. Como Jesus via a coragem do testemunho?
Ele lamentava a covardia moral dos
que não têm coragem de dizer-se cristãos e enaltecia a coragem do testemunho,
afirmando que reconheceria, perante o Pai que está nos céus, aquele que o
confessasse diante dos homens. Por outras palavras, aqueles que se houverem
arreceado de se confessarem discípulos da verdade não são dignos de se verem
admitidos no reino da verdade. Perderão as vantagens da fé que alimentem,
porque se trata de uma fé egoísta que guardam para si, ocultando-a para que não
lhes traga prejuízo neste mundo, ao passo que aqueles que, pondo a verdade
acima de seus interesses materiais, a proclamam abertamente, trabalham pelo seu
próprio futuro e pelo dos outros. Assim será com os adeptos do Espiritismo.
Pois que a doutrina que professam mais não é do que o desenvolvimento e a
aplicação da do Evangelho, também a eles se dirigem as palavras do Cristo. Eles
semeiam na Terra o que colherão na vida espiritual. Colherão lá os frutos da
sua coragem ou da sua fraqueza. (O
Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIV, itens 13 a 16.)
122. Como entender este ensinamento: "Tome a sua cruz
aquele que me quiser seguir"?
"Tome a sua cruz aquele que me
quiser seguir" significa: suporte corajosamente as tribulações que sua fé
lhe acarretar, dado que aquele que quiser salvar a vida e seus bens,
desprezando os ensinos evangélicos, perderá as vantagens do reino dos céus,
enquanto os que tudo houverem perdido neste mundo, mesmo a vida, para que a
verdade triunfe, receberão na vida futura o prêmio da coragem, da perseverança
e da abnegação de que deram prova. Contudo, aos que sacrificam os bens celestes
aos gozos terrestres, Deus dirá: "Já recebestes a vossa recompensa”. (Obra
citada, cap. XXIV, itens 17 a 19.)
123. Qual o significado das máximas de Jesus: "Buscai e
achareis" e "Ajuda-te, que o céu te ajudará"?
Segundo Kardec, as duas máximas têm
o mesmo sentido, pois ambas consagram o princípio da lei do trabalho e, por
conseguinte, o da lei do progresso, porquanto o progresso é filho do trabalho,
visto que este põe em ação as forças da inteligência. Se Deus houvesse isentado
do trabalho do corpo o homem, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse
isentado do trabalho da inteligência, seu Espírito teria permanecido na
infância. Por isso é que o Criador fez do trabalho uma necessidade para o
homem, a quem Ele diz: “Procura e acharás; trabalha e produzirás. Dessa maneira
serás filho das tuas obras, terás delas o mérito e serás recompensado de acordo
com o que houveres feito”. (Obra citada, cap. XXV, itens 1 a 5.)
124. Qual o sentido da máxima: "Pedi e
dar-se-vos-á"?
Do ponto de vista moral, essas
palavras significam: Pedi a luz que vos clareie o caminho e ela vos será dada;
pedi forças para resistirdes ao mal e as tereis; pedi a assistência dos bons
Espíritos e eles virão acompanhar-vos e, como o anjo de Tobias, vos guiarão;
pedi bons conselhos e eles não vos serão recusados; batei à nossa porta e ela
se vos abrirá. Mas pedi sinceramente, com fé, confiança e fervor;
apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados
às vossas próprias forças, e as quedas que derdes serão o castigo do vosso
orgulho. (Obra citada, cap. XXV, itens 4 e 5.)
125. Como o Espiritismo interpreta a recomendação de Jesus:
"Procurai primeiramente o reino de Deus e sua justiça"?
Deve-se ver nessas palavras de
Jesus uma referência alegórica à Providência, que nunca deixa ao abandono os
que nela confiam, querendo, porém, que esses façam a parte que lhes cabe. De
fato, o Pai sempre nos acode, por meio dos benfeitores espirituais, quando nos
encontramos em dificuldade, inspirando-nos ideias para que por nós mesmos
superemos as agruras e as vicissitudes que se apresentam à nossa frente ao
longo da jornada. (Obra citada, cap. XXV, itens 6 a 8.)
126. Chegará um dia em que a Terra não produzirá o suficiente
para todos?
Não. A Terra sempre produzirá o
suficiente para alimentar a todos os seus habitantes, desde que os homens
saibam administrar, segundo as leis de justiça, de caridade e de amor ao
próximo, os bens que ela nos dá. Quando a fraternidade reinar entre os povos,
como entre as províncias de um mesmo império, o momentâneo supérfluo de um
suprirá a momentânea insuficiência do outro, e cada um terá o necessário. (Obra
citada, cap. XXV, item 8.)
127. Qual a tarefa do Espiritismo com relação à disseminação
da caridade?
Caridade e fraternidade, todos
sabemos, não se decretam por meio de leis. Se uma e outra não estiverem no
coração da pessoa, o egoísmo aí sempre imperará. Cabe ao Espiritismo fazê-las
penetrar nele, revelando a todos qual é o verdadeiro sentido da caridade e
mostrando os benefícios que sua prática traz às pessoas, à sociedade e ao
planeta em que vivemos. (Obra citada, cap. XXV, item 8.)
128. Que sentido tem este ensinamento: "Não vos
inquieteis pela posse de ouro ou de prata"?
A par do sentido próprio, essas
palavras guardam um sentido moral muito profundo. Ao proferi-las, Jesus quis
mostrar-nos que há coisas mais importantes na vida, bens que o ladrão não rouba
e a traça não consome, que são os valores espirituais, que conservaremos para
sempre, ao passo que o ouro e a prata, assim como tudo que é material,
constituem valores transitórios que não nos pertencem de fato e que, portanto,
teremos de deixar quando retornarmos à verdadeira vida. (Obra citada, cap. XXV,
itens 9 a 11.)
Observação:
Para acessar a Parte 15 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/02/o-evangelho-segundo-o-espiritismo-allan_25.html
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