quinta-feira, 25 de março de 2021

 



O Evangelho segundo o Espiritismo

 

Allan Kardec

 

Parte 19 e final

 

Concluímos nesta data o estudo metódico de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, terceira das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em abril de 1864.

Eis as questões de hoje:

 

145. Onde reside, efetivamente, o poder da prece? 

O poder da prece está no pensamento. Pode-se, portanto, orar em toda parte e a qualquer hora, a sós ou em comum. A influência do lugar ou do tempo só se faz sentir nas circunstâncias que favoreçam o recolhimento. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVII, itens 14 e 15.)

146. A prece é útil aos Espíritos sofredores? 

Sim. As preces lhes são proveitosas, porque, verificando que há quem neles pense, menos abandonados e menos infelizes se sentem. Além disso, a prece tem sobre eles ação mais direta: reanima-os, incute-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela reparação e, possivelmente, desvia-lhes do mal o pensamento. É nesse sentido que a prece pode não só aliviar, como abreviar seus sofrimentos. (Obra citada, cap. XXVII, itens 18 a 21.)

147. Quando e de que maneira devemos orar? 

Além das preces regulares da manhã e da noite e dos dias consagrados, a prece pode ser dita em qualquer momento. Quanto à maneira de orar, devemos fazê-lo com humildade, agradecendo a Deus por todos os benefícios que temos recebido. A prece de pedido deve limitar-se às graças de que necessitamos realmente, sendo inútil, porém, pedir ao Senhor que nos abrevie as provas, que nos dê alegrias e riquezas. Com efeito, devemos rogar ao Pai que nos conceda os bens preciosos da paciência, da resignação e da fé e, sobretudo, a força que nos permita melhorar-nos a cada dia. (Obra citada, cap. XXVII, item 22.)

148. Que alegrias resultam da prece? 

A prece é o orvalho divino que aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos encaminha para a senda que conduz a Deus. No recolhimento e na solidão, estaremos com Deus. Avancemos pelas veredas da prece e ouviremos as vozes dos anjos. Que harmonia! Já não são o ruído confuso e os sons estrídulos da Terra; são as liras dos arcanjos; são as vozes brandas e suaves dos serafins, mais delicadas do que as brisas matinais, quando brincam na folhagem dos nossos bosques. Por entre que delícias não caminharemos! Nossa linguagem não poderá exprimir essa ventura, tão rápida entra ela por todos os nossos poros, tão vivo e refrigerante é o manancial em que, orando, se bebe. Dulçurosas vozes, inebriantes perfumes, que a alma ouve e aspira, quando se lança a essas esferas desconhecidas e habitadas pela prece! Sem mescla de desejos carnais, são divinas todas as aspirações. Carreguemos, como o Cristo, a nossa cruz e sentiremos as doces emoções que lhe perpassavam n’alma, se bem que vergado ao peso de um madeiro infamante. (Obra citada, cap. XXVII, item 23.)

149. O Espiritismo respeita as preces dos outros cultos?

Sim. O Espiritismo reconhece como boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração e não de lábios somente. Nenhuma impõe, nem reprova nenhuma. (Obra citada, cap. XXVIII, item 1.)

150. Como os Espíritos Superiores veem a Oração Dominical?

A Oração Dominical é a prece que abre a coletânea de orações organizada por Allan Kardec. De todas as preces, é a que os Espíritos superiores colocam em primeiro lugar, seja porque procede do próprio Jesus, seja porque pode suprir a todas, conforme os pensamentos que se lhe conjuguem. Ela é o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade, e resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo e para com o próximo. Encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão, o pedido das coisas necessárias à vida e o princípio da caridade. (Obra citada, cap. XXVIII, item 2.)

151. Devemos orar nas reuniões espíritas?

Sim. A prece não deve faltar nas reuniões espíritas sérias, aquelas em que sinceramente se deseja o concurso dos bons Espíritos, devendo ser dita tanto no início quanto no término da reunião. (Obra citada, cap. XXVIII, itens 4 a 7.)

152. Que orientação Kardec nos dá relativamente ao tratamento dos obsidiados?

Lembrando que nos casos de obsessão grave o obsidiado se acha como que envolvido e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele, Kardec diz que é essencial inicialmente desembaraçá-lo desse fluido, por meio de uma ação idêntica à do médium curador nos casos de enfermidade, eliminando o fluido mau com o auxílio de um fluido melhor, que produz, de certo modo, o efeito de um reativo. Como essa ação mecânica não basta, é necessário atuar também sobre o ser inteligente que produz a obsessão, ao qual importa se possa falar com autoridade, tendo sempre em conta que, para se garantir a libertação, é preciso induzir o Espírito perverso a renunciar aos seus maus desígnios e fazer com que nele despontem o arrependimento e o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, objetivando sua educação moral. A tarefa em tais casos se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo sua situação, presta o concurso da sua vontade e da sua prece. Esta é, segundo o Codificador, o mais poderoso auxiliar de quem haja de atuar sobre o Espírito obsessor.

Segundo Kardec, a cura das obsessões graves requer muita paciência, perseverança e devotamento, e exige também tato e habilidade, a fim de encaminhar para o bem Espíritos muitas vezes perversos, endurecidos e astuciosos, porquanto os há rebeldes ao extremo. Qualquer que seja, porém, o caráter do Espírito, nada se obtém pelo constrangimento ou pela ameaça. Toda influência reside no ascendente moral. Outra verdade igualmente comprovada pela experiência tanto quanto pela lógica é a completa ineficácia dos exorcismos, fórmulas, palavras sacramentais, amuletos, talismãs, práticas exteriores, ou quaisquer sinais materiais.

Finalizando, ensina Kardec que a obsessão muito prolongada pode ocasionar desordens patológicas e reclama, por vezes, tratamento simultâneo ou consecutivo, quer magnético, quer médico, para restabelecer a saúde do organismo. E, mesmo quando esteja destruída a causa, resta combater os efeitos. (Obra citada, cap. XXVIII, itens 81 a 84.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 18 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/03/o-evangelho-segundo-o-espiritismo-allan_18.html

 

 

 

 

 

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2 comentários:

  1. Nunca li palavras tão lindas como essas sobre a oração. Fico feliz em poder experimentar o manancial desses estudos. Lindo e muito importante esse trabalho que o senhor faz em nos abrir os olhos para os segredos espirituais. Muito obrigada por compartilhar.

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    1. Fico feliz quando noto que alguém tirou algum proveito destes estudos. Esse é, realmente, o nosso propósito e o nosso desejo. Um grande abraço.

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