O Evangelho segundo o Espiritismo
Allan Kardec
Parte 19 e final
Concluímos nesta data o estudo metódico de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, terceira das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em abril de 1864.
Eis as questões de hoje:
145. Onde reside, efetivamente, o poder da prece?
O poder da prece está no
pensamento. Pode-se, portanto, orar em toda parte e a qualquer hora, a sós ou
em comum. A influência do lugar ou do tempo só se faz sentir nas circunstâncias
que favoreçam o recolhimento. (O
Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVII, itens 14 e 15.)
146. A prece é útil aos Espíritos sofredores?
Sim. As preces lhes são
proveitosas, porque, verificando que há quem neles pense, menos abandonados e
menos infelizes se sentem. Além disso, a prece tem sobre eles ação mais direta:
reanima-os, incute-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela
reparação e, possivelmente, desvia-lhes do mal o pensamento. É nesse sentido
que a prece pode não só aliviar, como abreviar seus sofrimentos. (Obra citada,
cap. XXVII, itens 18 a 21.)
147. Quando e de que maneira devemos orar?
Além das preces regulares da manhã
e da noite e dos dias consagrados, a prece pode ser dita em qualquer momento.
Quanto à maneira de orar, devemos fazê-lo com humildade, agradecendo a Deus por
todos os benefícios que temos recebido. A prece de pedido deve limitar-se às
graças de que necessitamos realmente, sendo inútil, porém, pedir ao Senhor que
nos abrevie as provas, que nos dê alegrias e riquezas. Com efeito, devemos
rogar ao Pai que nos conceda os bens preciosos da paciência, da resignação e da
fé e, sobretudo, a força que nos permita melhorar-nos a cada dia. (Obra citada,
cap. XXVII, item 22.)
148. Que alegrias resultam da prece?
A prece é o orvalho divino que
aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos
encaminha para a senda que conduz a Deus. No recolhimento e na solidão,
estaremos com Deus. Avancemos pelas veredas da prece e ouviremos as vozes dos
anjos. Que harmonia! Já não são o ruído confuso e os sons estrídulos da Terra;
são as liras dos arcanjos; são as vozes brandas e suaves dos serafins, mais
delicadas do que as brisas matinais, quando brincam na folhagem dos nossos
bosques. Por entre que delícias não caminharemos! Nossa linguagem não poderá
exprimir essa ventura, tão rápida entra ela por todos os nossos poros, tão vivo
e refrigerante é o manancial em que, orando, se bebe. Dulçurosas vozes,
inebriantes perfumes, que a alma ouve e aspira, quando se lança a essas esferas
desconhecidas e habitadas pela prece! Sem mescla de desejos carnais, são
divinas todas as aspirações. Carreguemos, como o Cristo, a nossa cruz e
sentiremos as doces emoções que lhe perpassavam n’alma, se bem que vergado ao
peso de um madeiro infamante. (Obra citada, cap. XXVII, item 23.)
149. O Espiritismo respeita as preces dos outros cultos?
Sim. O Espiritismo reconhece como
boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração e não de lábios
somente. Nenhuma impõe, nem reprova nenhuma. (Obra citada, cap. XXVIII, item
1.)
150. Como os Espíritos Superiores veem a Oração Dominical?
A Oração Dominical é a prece que
abre a coletânea de orações organizada por Allan Kardec. De todas as preces, é
a que os Espíritos superiores colocam em primeiro lugar, seja porque procede do
próprio Jesus, seja porque pode suprir a todas, conforme os pensamentos que se
lhe conjuguem. Ela é o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima
de sublimidade na simplicidade, e resume todos os deveres do homem para com
Deus, para consigo e para com o próximo. Encerra uma profissão de fé, um ato de
adoração e de submissão, o pedido das coisas necessárias à vida e o princípio
da caridade. (Obra citada, cap. XXVIII, item 2.)
151. Devemos orar nas reuniões espíritas?
Sim. A prece não deve faltar nas
reuniões espíritas sérias, aquelas em que sinceramente se deseja o concurso dos
bons Espíritos, devendo ser dita tanto no início quanto no término da reunião.
(Obra citada, cap. XXVIII, itens 4 a 7.)
152. Que orientação Kardec nos dá relativamente ao tratamento
dos obsidiados?
Lembrando que nos casos de obsessão
grave o obsidiado se acha como que envolvido e impregnado de um fluido
pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele, Kardec diz
que é essencial inicialmente desembaraçá-lo desse fluido, por meio de uma ação
idêntica à do médium curador nos casos de enfermidade, eliminando o fluido mau
com o auxílio de um fluido melhor, que produz, de certo modo, o efeito de um
reativo. Como essa ação mecânica não basta, é necessário atuar também sobre o
ser inteligente que produz a obsessão, ao qual importa se possa falar com
autoridade, tendo sempre em conta que, para se garantir a libertação, é preciso
induzir o Espírito perverso a renunciar aos seus maus desígnios e fazer com que
nele despontem o arrependimento e o desejo do bem, por meio de instruções
habilmente ministradas, objetivando sua educação moral. A tarefa em tais casos
se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo sua situação, presta o
concurso da sua vontade e da sua prece. Esta é, segundo o Codificador, o mais
poderoso auxiliar de quem haja de atuar sobre o Espírito obsessor.
Segundo Kardec, a cura das
obsessões graves requer muita paciência, perseverança e devotamento, e exige
também tato e habilidade, a fim de encaminhar para o bem Espíritos muitas vezes
perversos, endurecidos e astuciosos, porquanto os há rebeldes ao extremo.
Qualquer que seja, porém, o caráter do Espírito, nada se obtém pelo
constrangimento ou pela ameaça. Toda influência reside no ascendente moral.
Outra verdade igualmente comprovada pela experiência tanto quanto pela lógica é
a completa ineficácia dos exorcismos, fórmulas, palavras sacramentais,
amuletos, talismãs, práticas exteriores, ou quaisquer sinais materiais.
Finalizando, ensina Kardec que a
obsessão muito prolongada pode ocasionar desordens patológicas e reclama, por
vezes, tratamento simultâneo ou consecutivo, quer magnético, quer médico, para
restabelecer a saúde do organismo. E, mesmo quando esteja destruída a causa,
resta combater os efeitos. (Obra citada, cap. XXVIII, itens 81 a 84.)
Observação:
Para acessar a Parte 18 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/03/o-evangelho-segundo-o-espiritismo-allan_18.html
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Nunca li palavras tão lindas como essas sobre a oração. Fico feliz em poder experimentar o manancial desses estudos. Lindo e muito importante esse trabalho que o senhor faz em nos abrir os olhos para os segredos espirituais. Muito obrigada por compartilhar.
ResponderExcluirFico feliz quando noto que alguém tirou algum proveito destes estudos. Esse é, realmente, o nosso propósito e o nosso desejo. Um grande abraço.
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