JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Há três décadas, conheci
de Brasília, por correspondência, o primo Jair, residente em Contagem, MG. No
dia 30 de outubro, ele que é o mais velho de cinco irmãos, completa seus 94
anos de idade. Na época, 1993, Jair presenteou-me com seu primeiro livro: Retalhos
da vida (1992), em que narra diversos casos relacionados à mediunidade de
sua esposa, Cidenir. Anos após, fui presenteado com mais quatro livros de sua
lavra: Revivendo o cotidiano (1996); Labaredas mentais (2000, 2ª
ed.); Crer ou não crer? (2003) e Trajetória de luz (2018).
Todas essas obras são
baseadas em experiências vividas por meu primo em 74 anos de militância
espírita. Inicialmente só, depois ao lado da esposa Cidenir, falecida há
algumas décadas, Jair exerceu diversas funções e palestras nos centros
espíritas que frequentou. Alguns deles foram fundados por ele, como o Centro
Espírita Paz e Amor, em Belo Horizonte, no ano de 1980; a Fraternidade Espírita
Luz Acima e o Centro Espírita Luz Divina, em Contagem, MG.
Jair e Cidenir não
tiveram filhos naturais, mas adotaram dois filhos, Fabiano e Vinícius, e uma
filha, Anália, além da prole desta, quando ela se separou do marido: o jovem
Bruno e suas irmãs Luciene e Ludmila, totalizando seis almas queridas pelo
casal.
Há alguns meses, foi
com grande entusiasmo que recebemos convite da neta Luciene para seu casamento
com Davi. Então, convidei minha grande companheira, a querida esposa Lourdes,
para não só prestigiar o evento, como também conhecer pessoalmente toda a
família e o primo mineiro espírita, de quem só tínhamos, além das obras,
cartas, contatos telefônicos e por internet.
Ao Bruno, nosso muito obrigado!
O que mais nos
impressionou, nesse contato, foi observar a lucidez e memória excelente do meu
primo, além do aprumo no seu caminhar, bondade e humildade. Já em sua
residência, levou-nos a uma sala destinada exclusivamente a sua biblioteca
espírita, onde passa muitas horas do dia lendo, escrevendo e meditando.
Que Jesus ilumine
essa alma bondosa e lhe recompense a nobreza de caráter, aliada a uma vida de
divulgação do Espiritismo falado, mas sobretudo praticado. Conhecer gente como
essa é um privilégio e um incentivo que nos fazem recordar as palavras de Paulo
aos Gálatas, 6:9 e 10: “E não nos cansemos de fazer o bem, pois a seu tempo
colheremos, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos
o bem a todos, especialmente aos da família da fé”.
Paulo não cita
nominalmente uma determinada religião e, sim, a família da fé. Como, segundo
Allan Kardec, os espíritas cristãos somos os espíritas reais, senti-me no
dever, tanto quanto a esposa, de conhecer o parente distante, em avançada
idade, cujo trabalho de Espírita cristão remonta a mais tempo do que tenho de
idade, além de sua família.
Ao Jair,
manifestamos, mais uma vez, nossos votos de sucessos, em seus derradeiros dias
de abençoada vida, na esperança de que nos possamos reencontrar, se não nessa,
na próxima existência. Então, esperamos estar juntos com o mesmo entusiasmo na
semeadura da palavra de Jesus, nosso guia e modelo, à luz do Espiritismo
cristão.
Concluo estas
modestas palavras com o soneto abaixo, que dedico ao Jair, do incomparável
poeta Cruz e Sousa, inaugurador da Escola Simbolista no Brasil:
“Longe de tudo
É livres, livres
desta vã matéria,
Longe, nos claros
astros peregrinos
Que havemos de
encontrar os dons divinos
E a grande paz, a
grande paz sidérea.
Cá, nesta humana e
trágica miséria,
Nestes surdos abismos
assassinos
Teremos de colher de
atros destinos
A flor apodrecida e
deletéria.
O baixo mundo que
troveja e brama
Só nos mostra a caveira
e só a lama,
Ah! só a lama e
movimentos lassos...
Mas as almas irmãs,
almas perfeitas,
Hão de trocar, nas Regiões
eleitas,
Largos, profundos,
imortais abraços!”
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