quarta-feira, 13 de setembro de 2023

 



Revista Espírita de 1864

 

Allan Kardec

 

Parte 4

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. A reencarnação é realmente necessária ao progresso do Espírito?

B. Há um momento em que a reencarnação deixa de ser necessária para o Espírito?

C.  A faculdade mediúnica depende do organismo da pessoa?

 

Texto para leitura

 

40. Em Poitiers ocorreram em janeiro de 1864 fenômenos singulares: todas as noites, durante cinco ou seis dias, a partir das 6 horas, ruídos singulares eram ouvidos numa casa. Os ruídos eram semelhantes a disparos de artilharia e, além disso, violentos golpes pareciam ser dados nas paredes e nos postigos. Posteriormente, a Revista informou que os fenômenos foram produzidos pelos Espíritos, do que os próprios espíritas da cidade duvidavam inicialmente. (PP. 46, 47, 77 a 80)

41. Comunicação obtida na Sociedade Espírita de Sens fala sobre a necessidade da reencarnação como fator indispensável ao progresso espiritual, a que Kardec acrescenta que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado trabalha para o melhoramento do mundo em que vive. (PP. 48 e 49)

42. Em Paris, o mesmo tema foi focalizado por outro Espírito, que disse que a reencarnação é necessária enquanto a matéria domina o Espírito. Do momento em que o Espírito chegou a dominar a matéria, a reencarnação não tem mais nenhuma utilidade nem razão de ser. (PP. 49 e 50)

43. Eis outros ensinamentos constantes da referida comunicação:

I) À medida que as sensações corporais do homem se tornam mais requintadas, suas sensações espirituais também despertam e crescem.

II) Sendo os fluidos os agentes que põem em movimento o nosso corpo, são eles os elementos de nossas aspirações, pois existem fluidos corpóreos e fluidos espirituais.

III) Esses fluidos compõem o corpo espiritual do Espírito que, encarnado, age por meio deles sobre a máquina humana, que ele deve aperfeiçoar.

IV) O Espírito possui livre-arbítrio e procura sempre o que lhe é agradável e satisfaz. Se for um Espírito inferior e material, busca suas satisfações na materialidade e dá, assim, um impulso aos fluidos materiais.

V) Como necessita de depuração e esta só é alcançada pelo trabalho, as encarnações escolhidas lhe são mais penosas, porque – depois de haver dado supremacia à matéria e a seus fluidos – deve constrangê-la, lutar com ela e dominá-la. (PP. 50 a 52)

44. Na sequência, o Espírito fala sobre a afeição e o amor, afirmando ser preciso, para que a afeição persista eternamente, que ela seja espiritual e desinteressada e comporte abnegação e devotamento. (P. 52)

45. Em face disso, toda afeição resultante apenas do instinto animal ou do egoísmo se destrói com a morte terrestre, enquanto a verdadeira afeição – a afeição espiritual – persiste para todo o sempre. (PP. 52 e 53)

46. Quando assim é, é a alma que ama. Dois Espíritos unidos espiritualmente se buscam e tendem sempre a aproximar-se; seus fluidos são atrativos e, se estiverem no mesmo globo, serão impelidos um para o outro. (P. 53)

47. Comentando a mensagem, Kardec diz que, considerada do ponto de vista do progresso, a vida do Espírito apresenta três períodos principais: 1º - O período material, no qual a influência da matéria domina a do Espírito; 2º - O período do equilíbrio, no qual ambas as influências se exercem simultaneamente;  3º - O período espiritual, no qual, tendo dominado completamente a matéria, o Espírito não mais necessita da encarnação e seu trabalho passa a ser inteiramente espiritual; é o estado dos Espíritos nos mundos superiores. (P. 55)

48. Noticiando o surgimento da Revista Espírita de Anvers, fundada em 1º de janeiro de 1864, Kardec adverte que toda publicação espírita que ficasse para trás do movimento necessariamente encontraria pouca simpatia. Outra condição de sucesso para publicações desse gênero é marchar com a opinião da maioria. “Tornar-se eco de opiniões retardatárias ou seguir um caminho errado - diz Kardec - é condenar-se previamente ao isolamento e ao abandono.” (PP. 56 e 57)

49. A Revista destaca trechos do livro “Reconhecemo-nos no céu”, do padre Blot, da Companhia de Jesus, no qual ele cita grande número de passagens de escritores sacros, aparições e manifestações diversas, que provam a reunião após a morte daqueles que se amaram e as relações existentes entre os mortos e os vivos. (PP. 57 a 59)

50. Kardec analisa o romance “A Lenda do Homem Eterno”, do Sr. Armand Durantin, para apontar alguns equívocos cometidos pelo autor. Corrigindo-o, Kardec esclarece:

I) Não é preciso ser perfeito para comunicar-se com os Espíritos.

II) A mediunidade é uma faculdade que depende do organismo.

III) A superioridade moral do médium lhe assegura a simpatia dos bons Espíritos e o torna apto a receber instruções mais elevadas.

IV) A doutrina espírita não é fruto de um sistema preconcebido, mas resultou da observação dos fatos.

V) O Espiritismo nada admitiu a título de hipótese prévia: tudo na sua doutrina é o resultado da experiência. (PP. 60 a 62)

51. Abrindo o número de março, Kardec explica por que Deus, ao invés de ter criado os Espíritos perfeitos, fê-los simples e ignorantes. Se Deus os tivesse criado perfeitos, tê-los-ia isentado de todo trabalho intelectual e lhes teria tirado toda a atividade que devem desenvolver e pela qual concorrem para o aperfeiçoamento material dos mundos. (PP. 65 e 66)

52. Submetendo-os à lei do progresso facultativo, quis Deus que os Espíritos tivessem o mérito de suas obras, para terem direito à recompensa e à satisfação de haverem conquistado suas próprias posições. (P. 67)

 

Respostas às questões propostas

 

A. A reencarnação é realmente necessária ao progresso do Espírito?

Sim. A reencarnação é fator indispensável ao progresso espiritual. Explica Kardec que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado também trabalha para o melhoramento do mundo em que vive. (Revista Espírita de 1864, pp. 48 a 50.)

B. Há um momento em que a reencarnação deixa de ser necessária para o Espírito?

Quando o Espírito tiver chegado a um grau evolutivo em que tenha domínio completo sobre a matéria, ele não mais necessitará de reencarnar e seu trabalho passará a ser inteiramente espiritual. É o estado dos Espíritos nos mundos superiores. (Obra citada, pág. 55.)

C.  A faculdade mediúnica depende do organismo da pessoa?

Segundo Kardec, não há dúvida quanto a isto: a mediunidade é uma faculdade que depende, sim, do organismo. (Obra citada, págs. 60 a 62.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 3 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/09/revista-espirita-de-1864-allan-kardec.html

 

 


 

   

Como consultar as matérias deste blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos.



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