Revista Espírita de 1864
Allan Kardec
Parte 4
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. A reencarnação é
realmente necessária ao progresso do Espírito?
B. Há um momento em
que a reencarnação deixa de ser necessária para o Espírito?
C. A faculdade mediúnica depende do organismo da
pessoa?
Texto para leitura
40. Em Poitiers
ocorreram em janeiro de 1864 fenômenos singulares: todas as noites, durante
cinco ou seis dias, a partir das 6 horas, ruídos singulares eram ouvidos numa
casa. Os ruídos eram semelhantes a disparos de artilharia e, além disso,
violentos golpes pareciam ser dados nas paredes e nos postigos. Posteriormente,
a Revista informou que os fenômenos foram produzidos pelos Espíritos, do que os
próprios espíritas da cidade duvidavam inicialmente. (PP. 46, 47, 77 a 80)
41. Comunicação
obtida na Sociedade Espírita de Sens fala sobre a necessidade da reencarnação
como fator indispensável ao progresso espiritual, a que Kardec acrescenta que,
trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado trabalha para o melhoramento do
mundo em que vive. (PP. 48 e 49)
42. Em Paris, o mesmo
tema foi focalizado por outro Espírito, que disse que a reencarnação é
necessária enquanto a matéria domina o Espírito. Do momento em que o Espírito
chegou a dominar a matéria, a reencarnação não tem mais nenhuma utilidade nem
razão de ser. (PP. 49 e 50)
43. Eis outros
ensinamentos constantes da referida comunicação:
I) À medida que as
sensações corporais do homem se tornam mais requintadas, suas sensações
espirituais também despertam e crescem.
II) Sendo os fluidos
os agentes que põem em movimento o nosso corpo, são eles os elementos de nossas
aspirações, pois existem fluidos corpóreos e fluidos espirituais.
III) Esses fluidos
compõem o corpo espiritual do Espírito que, encarnado, age por meio deles sobre
a máquina humana, que ele deve aperfeiçoar.
IV) O Espírito possui
livre-arbítrio e procura sempre o que lhe é agradável e satisfaz. Se for um
Espírito inferior e material, busca suas satisfações na materialidade e dá,
assim, um impulso aos fluidos materiais.
V) Como necessita de
depuração e esta só é alcançada pelo trabalho, as encarnações escolhidas lhe
são mais penosas, porque – depois de haver dado supremacia à matéria e a seus
fluidos – deve constrangê-la, lutar com ela e dominá-la. (PP. 50 a 52)
44. Na sequência, o
Espírito fala sobre a afeição e o amor, afirmando ser preciso, para que a
afeição persista eternamente, que ela seja espiritual e desinteressada e
comporte abnegação e devotamento. (P. 52)
45. Em face disso,
toda afeição resultante apenas do instinto animal ou do egoísmo se destrói com
a morte terrestre, enquanto a verdadeira afeição – a afeição espiritual –
persiste para todo o sempre. (PP. 52 e 53)
46. Quando assim é, é
a alma que ama. Dois Espíritos unidos espiritualmente se buscam e tendem sempre
a aproximar-se; seus fluidos são atrativos e, se estiverem no mesmo globo,
serão impelidos um para o outro. (P. 53)
47. Comentando a
mensagem, Kardec diz que, considerada do ponto de vista do progresso, a vida do
Espírito apresenta três períodos principais: 1º - O período material, no qual a
influência da matéria domina a do Espírito; 2º - O período do equilíbrio, no
qual ambas as influências se exercem simultaneamente; 3º - O período espiritual, no qual, tendo
dominado completamente a matéria, o Espírito não mais necessita da encarnação e
seu trabalho passa a ser inteiramente espiritual; é o estado dos Espíritos nos
mundos superiores. (P. 55)
48. Noticiando o
surgimento da Revista Espírita de Anvers, fundada em 1º de janeiro de
1864, Kardec adverte que toda publicação espírita que ficasse para trás do
movimento necessariamente encontraria pouca simpatia. Outra condição de sucesso
para publicações desse gênero é marchar com a opinião da maioria. “Tornar-se
eco de opiniões retardatárias ou seguir um caminho errado - diz Kardec - é
condenar-se previamente ao isolamento e ao abandono.” (PP. 56 e 57)
49. A Revista destaca
trechos do livro “Reconhecemo-nos no céu”, do padre Blot, da Companhia de
Jesus, no qual ele cita grande número de passagens de escritores sacros,
aparições e manifestações diversas, que provam a reunião após a morte daqueles
que se amaram e as relações existentes entre os mortos e os vivos. (PP. 57 a
59)
50. Kardec analisa o
romance “A Lenda do Homem Eterno”, do Sr. Armand Durantin, para apontar alguns
equívocos cometidos pelo autor. Corrigindo-o, Kardec esclarece:
I) Não é preciso ser
perfeito para comunicar-se com os Espíritos.
II) A mediunidade é
uma faculdade que depende do organismo.
III) A superioridade
moral do médium lhe assegura a simpatia dos bons Espíritos e o torna apto a
receber instruções mais elevadas.
IV) A doutrina
espírita não é fruto de um sistema preconcebido, mas resultou da observação dos
fatos.
V) O Espiritismo nada
admitiu a título de hipótese prévia: tudo na sua doutrina é o resultado da
experiência. (PP. 60 a 62)
51. Abrindo o número
de março, Kardec explica por que Deus, ao invés de ter criado os Espíritos
perfeitos, fê-los simples e ignorantes. Se Deus os tivesse criado perfeitos,
tê-los-ia isentado de todo trabalho intelectual e lhes teria tirado toda a
atividade que devem desenvolver e pela qual concorrem para o aperfeiçoamento
material dos mundos. (PP. 65 e 66)
52. Submetendo-os à
lei do progresso facultativo, quis Deus que os Espíritos tivessem o mérito de
suas obras, para terem direito à recompensa e à satisfação de haverem
conquistado suas próprias posições. (P. 67)
Respostas às questões propostas
A. A reencarnação é
realmente necessária ao progresso do Espírito?
Sim. A reencarnação é
fator indispensável ao progresso espiritual. Explica Kardec que, trabalhando
para si mesmo, o Espírito encarnado também trabalha para o melhoramento do
mundo em que vive. (Revista Espírita de 1864, pp. 48 a 50.)
B. Há um momento em
que a reencarnação deixa de ser necessária para o Espírito?
Quando o Espírito
tiver chegado a um grau evolutivo em que tenha domínio completo sobre a
matéria, ele não mais necessitará de reencarnar e seu trabalho passará a ser
inteiramente espiritual. É o estado dos Espíritos nos mundos superiores. (Obra
citada, pág. 55.)
C. A faculdade mediúnica depende do organismo da
pessoa?
Segundo Kardec, não
há dúvida quanto a isto: a mediunidade é uma faculdade que depende, sim, do
organismo. (Obra citada, págs. 60 a 62.)
Observação:
Para
acessar a Parte 3 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/09/revista-espirita-de-1864-allan-kardec.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
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