Origem
dos sofrimentos e seu antídoto
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Alma amiga, muitas
pessoas se perguntam: Por que sofremos na vida física, desde que nascemos e
também quando morremos?
Em resposta a isso,
Allan Kardec, o bom senso encarnado segundo Camille Flammarion, registra que os
sofrimentos têm duas origens: a existência passada e a atual. A questão número
952 d’O Livro dos Espíritos informa-nos que a causa atual de nossos
sofrimentos é o abuso das paixões, o que significa nosso “suicídio moral”
provindo de “falta de coragem, bestialidade e, além disso, esquecimento de
Deus”.
A vida afastada da
espiritualidade causa-nos grande alienação em relação ao uso do nosso
livre-arbítrio. Alguns querem o poder a todo o custo. Não têm escrúpulo em
lesar qualquer pessoa que for empecilho ao seu projeto de domínio. Outros
também querem a riqueza. Então fazem todo o tipo de negócios escusos, em
prejuízo do próximo. Outros mais querem utilizar egoisticamente as heranças
recebidas ou ficam de olho no que seus testadores lhes doarão, muito antes da
desencarnação destes. Agem como verdadeiros sanguessugas do que foi fruto do
trabalho alheio, como se fossem seres privilegiados, dispensados do trabalho
duro para merecerem uma vida material melhor.
Egoísmo, ambição,
orgulho são as bases do sofrimento passado e atual de grande número de pessoas.
Aliam-se a esses defeitos morais os excessos das paixões provenientes do nível
espiritual inferior. Acreditando que a vida termina no túmulo, quantas pessoas
praticam todos os abusos, sem medir suas consequências?
A lei humana e a lei
de Deus agem de modo diverso em relação à nossa liberdade de pensar e agir. A
primeira pune apenas o que está previsto em lei. “Não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, estatui o Código Penal.
Aprendemos isso nos cursos de Direito. Entretanto, perguntamos se determinados
atos pensados mas não praticados por algum motivo não seriam criminosos. Se
outros, praticados sem serem vistos, não serão punidos.
É Jesus que responde,
segundo anota Mateus, 5:27 e 28 “Ouviste o que foi dito aos antigos: Não
cometerás adultério. Eu, porém, digo-te: Qualquer que atentar numa mulher para
a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela”. Também a mulher que
agir desse modo está incursa na mesma falta. Ou seja, não é preciso que
realizemos nossos desejos malfazejos para que demonstremos nossa imperfeição. O
que falta é a oportunidade. Quando ela surge, nos mostramos quais somos. Foi
por isso que, certa vez, Chico Xavier disse: “Emmanuel costuma dizer que o
criminoso é sempre um de nós que foi descoberto”. Ou seja, por pensamento ou
por ato, cometemos faltas que a sociedade não censura nem pune por não ter
presenciado.
Os crimes não
puníveis pelas leis humanas, entretanto, não ficam sem sua correção ante as
leis de Deus. Não que ele queira nos punir, mas porque instalou na consciência
sua lei, como lemos na questão 621 d’O Livro dos Espíritos. Aqueles que
julgam bobagem tudo isso, afirmando que todos os nossos pensamentos nada mais
são que secreções cerebrais, breve perceberão seu equívoco. Daí resultarem as
provas e expiações personalistas, pois a cada um segundo suas obras, já dizia
Jesus.
Mas Deus sempre
proporciona a seus filhos réprobos novas oportunidades de arrependimento. É o
que propunha Jesus no início de suas pregações: “O tempo está cumprido, e o
reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”, como lemos em
Marcos, 1:15. Sim, o tempo de pouco mais de dois mil anos vem sendo preparado.
Breve momento, ante a eternidade.
Muitos deram a vida
no seu testemunho de fé, sempre fiéis a Jesus, outros desertaram, iludidos
pelos convites do mundo. Os primeiros colhem, na vida verdadeira, a do
Espírito, a recompensa por seus atos de renúncia, de amor e de fidelidade ao
Cristo. Os demais continuam em aprendizado, sofrendo e chorando, até perceberem
que da lei de Deus nada passará sem que seja cumprido o contido no seu
Evangelho. E os espíritos vêm clamando, há 166 anos, como já dissera o Espírito
de Verdade n’O capítulo 6 d’O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Irmãos,
nada perece. Jesus Cristo foi o vencedor da morte. Sede os vencedores da
impiedade”.
Cientes disso,
tenhamos compaixão para com todos os sofredores, esquecendo as próprias dores,
uma vez que é pelo devotamento e abnegação ao próximo que seremos fortes contra
os desfalecimentos. Haja vista que “O sentimento do dever cumprido” nos dará
repouso ao espírito e resignação ante as expiações e provas atuais, como também
nos orienta o Espírito de Verdade na obra e capítulo citados acima.
Ninguém mais,
portanto, além de nós mesmos, é responsável por nossos sofrimentos e por nossa
felicidade hoje ou amanhã. É então que a caridade e a humildade agem em nosso
benefício como antídotos contra os sofrimentos e prenúncio de cura para todos
os males praticados quando nosso desconhecimento ou ignorância voluntária nos
levaram a violar a lei divina ínsita em nossa consciência.
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