Revista Espírita de 1864
Allan Kardec
Parte 3
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. É um erro explorar
a mediunidade?
B. Na educação moral
da criança, o que é fundamental?
C. Mesmo recluso numa
penitenciária, pode um homem ser confortado pelo Espiritismo?
Texto para leitura
27. A Revista
transcreve parte de uma carta dirigida ao Sr. Flammarion, na qual se comprova
que em 1713 o astrônomo Fontenelle assistiu ao fenômeno de tiptologia produzido
pela senhorita Letard, uma médium espontânea do gênero das irmãs Fox. (PP. 27 a
29)
28. Depois de
publicar fragmentos do pensamento de Santo Atanásio, patriarca de Alexandria e
um dos pais da Igreja Grega, o qual nutria ideias muito parecidas com as
expostas pela doutrina espírita, Kardec diz que a religião deve ser progressiva
como a humanidade, sob pena de ser superada. O que faz os incrédulos é
precisamente porque a religião colocou-se fora do movimento científico e
progressivo e, além disso, declara esse movimento obra do demônio. “Disso
resultou - assevera Kardec - que a ciência, repelida pela religião, por sua vez
repeliu a religião.” (P. 30)
29. A Revista de
fevereiro informa que o Sr. Home foi intimado a deixar Roma em três dias.
Comentando o assunto, Kardec diz que o Sr. Home não é rico e dirigiu-se a Roma para
aperfeiçoar-se na arte da escultura. (PP. 33 e 34)
30. Aproveitando a
oportunidade, Kardec lembra que Home poderia ser muito rico, se quisesse
explorar sua notável faculdade mediúnica. Ele sabia, porém, que essa faculdade
lhe foi dada com um fim providencial e seria um sacrilégio convertê-la em
profissão. (P. 34)
31. A mediunidade
séria - reafirma Kardec - não pode ser e jamais será uma profissão. Explorá-la
é dispor de uma coisa da qual não se é dono; é desviá-la de seu objetivo
providencial. (P. 35)
32. Falando sobre a
infância, Kardec enumera certos erros comuns cometidos pelos pais na educação
de seus filhos, como o estímulo à gulodice, à inveja, ao egoísmo e a outros
hábitos que não concorrem para a educação moral dos pequeninos. (PP. 37 a 39)
33. Kardec reconhece,
no entanto, que os pais pecam mais por ignorância do que por má vontade. “Sendo
os primeiros médicos da alma dos filhos, deveriam ser instruídos, não só de
seus deveres, mas dos meios de os cumprir”, afirma o Codificador. (P. 39)
34. Ele propõe então
que, sendo o egoísmo e o orgulho a fonte da maioria das misérias humanas, é a
eles que se deve atacar no estado de embrião, antes que fiquem vivazes. Pode o
Espiritismo remediar esse mal? “Sem nenhuma dúvida”, responde Kardec. Mostrando
qual é, em verdade, a missão e a responsabilidade dos pais; dando a conhecer a
fonte das qualidades inatas, boas ou más; indicando a ação que se pode exercer
sobre encarnados e desencarnados; dando a fé inquebrantável que sanciona os
deveres; e, por fim, moralizando os próprios pais, o Espiritismo apresenta
todas as condições para fazê-los cessar. (PP. 39 e 40)
35. Fechando o
assunto, Kardec assevera que um dia se compreenderá que este ramo da educação
tem seus princípios, suas regras, como a educação intelectual; numa palavra,
que é uma verdadeira ciência. (P. 40)
36. Após relatar o
triste fim do homem de 69 anos que se casara com uma jovem de 17 anos, na
cidade de Florença, a Revista adverte que o Espiritismo não se ocupa apenas dos
fenômenos, mas toca em todas as questões morais. Quem o estuda passa a ver na
morte não o fim da vida, mas a porta da prisão que se abre ao prisioneiro, e
aprende que as vicissitudes da vida corpórea são as consequências de suas
próprias imperfeições. (PP. 40 e 41)
37. Examinando o
episódio de Florença, a Revista observa que o desfecho daquele casamento
evidencia que ele fora realizado por interesse. Houve cálculo dos dois lados,
mas esse cálculo foi frustrado. Deus não permitiu que nem um nem outro o
aproveitassem, infligindo a um a desilusão e à outra, a vergonha, que os
mataram a ambos. (P. 42)
38. Outra carta
procedente de uma penitenciária revela a influência moralizadora do
Espiritismo, mesmo sobre os sentenciados. Na carta, o presidiário informa que,
havendo desenvolvido a faculdade da psicografia, entretinha-se, de duas em duas
noites, em sua própria cela, com os Espíritos amigos. Nem os ferrolhos -
observa Kardec - detêm os Espíritos, que vão até o fundo das prisões levar suas
consolações àqueles que delas precisam. (PP. 43 a 45)
39. O Sr. Dombre,
presidente da Sociedade Espírita de Marmande, descreve em carta como, em cinco
dias, com o auxílio dos bons Espíritos, ele e seus confrades conseguiram livrar
de uma obsessão muito violenta e muito perigosa uma jovem de 13 anos. A Revista
registrou o fato e felicitou os irmãos de Marmande pelo resultado obtido. (PP.
45 e 46)
Respostas às questões propostas
A.
É um erro explorar a mediunidade?
Sim. O médium consciente sabe que a faculdade mediúnica
lhe foi dada com um fim providencial e seria um sacrilégio convertê-la em
profissão. A mediunidade séria – afirma Kardec – não pode ser e jamais será uma
profissão. Explorá-la é dispor de uma coisa da qual não se é dono; é desviá-la
de seu objetivo providencial. (Revista Espírita de 1864, pp. 34 e
35.)
B. Na educação moral
da criança, o que é fundamental?
Kardec diz que, sendo
o egoísmo e o orgulho a fonte da maioria das misérias humanas, é a eles que se
deve atacar no estado de embrião, antes que fiquem vivazes. Pode o Espiritismo
remediar esse mal? “Sem nenhuma dúvida”, explica Kardec. Mostrando qual é, em
verdade, a missão e a responsabilidade dos pais; dando a conhecer a fonte das
qualidades inatas, boas ou más; indicando a ação que se pode exercer sobre
encarnados e desencarnados; dando a fé inquebrantável que sanciona os deveres;
e, por fim, moralizando os próprios pais, o Espiritismo apresenta todas as
condições para fazê-los cessar. O Codificador refere-se também, na Revista, a
determinados erros comuns cometidos pelos pais na educação de seus filhos, como
o estímulo à gulodice, à inveja, ao egoísmo e a outros hábitos que não
concorrem para a educação moral dos pequeninos. Mas reconhece que os pais pecam
mais por ignorância do que por má vontade. “Sendo os primeiros médicos da alma
dos filhos, deveriam ser instruídos, não só de seus deveres, mas dos meios de
os cumprir”, afirma o Codificador. (Obra citada, págs. 37 a 40.)
C. Mesmo recluso numa
penitenciária, pode um homem ser confortado pelo Espiritismo?
Evidentemente. É o
que mostra uma carta publicada na Revista, procedente de uma penitenciária, na
qual um presidiário revela que, havendo desenvolvido a faculdade da
psicografia, entretinha-se, de duas em duas noites, em sua própria cela, com os
Espíritos amigos. Nem os ferrolhos – observa Kardec – detêm os Espíritos, que
vão até o fundo das prisões levar suas consolações àqueles que delas precisam.
(Obra citada, pp. 43 a 45.)
Observação:
Para
acessar a 2ª parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/08/revista-espirita-de-1864-allan-kardec_01494621023.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
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