Revista Espírita de 1865
Allan Kardec
Parte 12
Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do
ano de 1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec,
que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do
estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Se o demônio
é que provoca a obsessão, por que o exorcismo é ineficaz?
B. Que é que
Kardec dizia a respeito da perseguição sofrida pelo Espiritismo?
C. Como evitar
as maquinações dos inimigos do Espiritismo?
Texto para leitura
131. Determinando
Espírito, nas duas primeiras evocações, portou-se com muita violência. A
terceira evocação já foi um pouco melhor e o Espírito conversou familiarmente
com o doutrinador espírita. A causa da perseguição foi então revelada: o motivo
era fazer Rosa pagar-lhe uma velha dívida. Na quarta evocação, ele orou e
assim, a cada evocação realizada, as coisas foram se normalizando, enquanto
Rosa era magnetizada por 12 a 15 minutos em cada vez, o que a deixava
perfeitamente tranquila. (Pág. 169.)
132. As crises
cessaram e Rosa voltou às ocupações habituais, que haviam sido interrompidas
por meses inteiros durante os anos em que o processo obsessivo se verificou.
Para a cura, além do esclarecimento proporcionado ao Espírito, muito contribuiu
a fé da ex-obsidiada, porque, além do fervor e de sua confiança no Criador, ela
procurou reprimir seu caráter naturalmente impulsivo, fato que não mais permitia
ao obsessor adquirir força sobre si mesmo. Depois do tratamento que beneficiou
a ambos, ele dá a ela muito bons conselhos. Além disso, de oito em oito dias,
Rosa se submete a uma magnetização e, de tempos em tempos, o ex-perseguidor é
evocado, para desse modo fortificar-se nas boas resoluções que tomou ao pôr um
fim às perseguições. (Págs. 169 e 170.)
133. Os guias
espirituais que colaboraram para o sucesso do tratamento informaram que a cura
chegara ao fim e que o ex-obsessor um dia tudo faria pela pobre família que
atormentou por tantos anos. O grupo espírita não poderia, no entanto,
abandoná-los. Evocando aquele Espírito, de tempos em tempos, o grupo aumentaria
a sua coragem e a sua perseverança no bem. Magnetizando a mulher
periodicamente, dissipar-se-ia o fluido malsão que a envolveu durante tanto
tempo, evitando assim que ela ficasse exposta à influência de outros Espíritos
igualmente malévolos. (Pág. 171.)
134. Comentando
as peripécias desse caso, Kardec observa que os espíritas de Barcelona envolvidos
no episódio davam, ao realizar tais trabalhos, importante exemplo de abnegação
e de prática do bem sem ostentação. Os casos de cura como esse, os de Marmande
e outros constituem, diz ele, um encorajamento e são excelentes lições práticas
que mostram a que resultados se pode chegar pela fé, pela perseverança e por
uma sábia e inteligente direção. (Págs. 171 e 172.)
135. É nos
centros animados por sentimentos dessa ordem que se obtêm os melhores
resultados, porque aí – enfatiza o Codificador – se é verdadeiramente forte
contra os maus Espíritos. Concluindo, ele assevera: “É compreender o verdadeiro
objetivo da doutrina empregá-la a fazer o bem aos desencarnados, como aos
encarnados; é pouco recreativo para certas pessoas, temos que convir, mas é
mais meritório para os que a isso se devotam. Assim, temos a satisfação de ver
multiplicarem os centros que se dão a esses úteis trabalhos”. (Pág. 172.)
136.
Reportando-se à cura de Rosa N..., de Barcelona, a qual padecera de um processo
obsessivo por 14 anos, Kardec observa: “Suponhamos que a mulher Rosa tivesse
acreditado nas asserções do pregador e que tivesse repelido o Espiritismo. Que
teria acontecido? Não se teria curado; teria caído na miséria, por não poder
trabalhar; ela e o marido talvez tivessem amaldiçoado a Deus, ao passo que
agora o bendizem, e o Espírito mau não se teria convertido ao bem.” O
Codificador adverte então que, do ponto de vista teológico, três almas foram
salvas pelo Espiritismo, mas elas se perderiam se atendida a vontade do
pregador. (Págs. 172 e 173.)
137.
Prosseguindo a sua análise, Kardec indaga: Se o diabo é o verdadeiro ator em
todos os casos de obsessão, de onde vem a impotência dos exorcismos? Ora, a
volta do obsessor ao bem e a cura do doente provam que não é o demônio que
provoca a obsessão, mas um mau Espírito suscetível de se melhorar. Enquanto o
exorcismo irrita o obsessor, o doutrinador espírita lhe fala com doçura,
procura fazer vibrar nele a corda do sentimento, mostra-lhe a misericórdia de
Deus e, fazendo-o entrever de novo a esperança, consegue trazê-lo ao caminho do
bem. Esse é o segredo da eficácia do método espírita. (Pág. 173.)
138. No caso de
Rosa N... um fato particular se verificava: a suspensão das crises durante a
gravidez. De onde vinha isto? Eis a explicação de Kardec: “O Espírito obsessor
exercia uma vingança. Deus o permitia para servir de provação e de expiação à
mãe e, além disso, porque, mais tarde, a cura desta devia melhorar o Espírito.
Mas as crises durante a gestação poderiam prejudicar a criança.” Foi para
evitar que sofresse o inocente que ao perseguidor foi tirada toda a liberdade
de ação durante esse período. (Pág. 174.)
139. Em um
jornal da Rússia, denominado Doukhownaia Beceda (Práticas
Religiosas), dois jovens de Moscou publicaram um artigo contendo violentas críticas
às sessões realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, de que eles
teriam participado em novembro último. Kardec os chama de espiões, pessoas que
diziam agir de boa fé e, no entanto, relataram de forma mentirosa o que ali
viram. (Págs. 174 a 181.)
140. Em sua
resposta aos jovens russos, Kardec arrola as inverdades e bobagens constantes
do artigo e, com veemência, refuta a informação divulgada pelos rapazes de que
era preciso pagar para assistir às reuniões da Sociedade Espírita de Paris.
(Págs. 175 a 181.)
141. A nova
tática dos adversários do Espiritismo – observa a seguir o Codificador – estava
evidente: não podendo combater lealmente as ideias espíritas, eles partiam
decididamente para a mentira e a calúnia, tentando com isso denegrir a doutrina
e os espiritistas. A luta estava, pois, longe de chegar ao fim, o que não se
deveria lamentar, porquanto foi pela oposição que lhe fizeram que o Espiritismo
cresceu. A exemplo do Cristianismo, que não foi abalado pelas perseguições e
mesmo cresceu por seus mártires, o Espiritismo, que é o Cristianismo apropriado
ao desenvolvimento da inteligência e desprendido dos abusos, crescerá do mesmo
modo, sob a perseguição, porque – como a doutrina cristã – ele também é uma
verdade. (Págs. 181 e 182.)
142. O
Espiritismo – adverte Kardec – tem ainda que passar por duras provas e é aí que
Deus reconhecerá seus verdadeiros seguidores pela coragem, firmeza e
perseverança que demonstrarem. O meio de evitar as maquinações dos inimigos é
seguir o mais exatamente possível a linha de conduta traçada pela doutrina: a
sua moral, que é sua parte essencial e inatacável. Praticando-a, não se dá
entrada a nenhuma crítica fundada e a agressão se torna mais odiosa e, por isso
mesmo, sem credibilidade. (Págs. 183 a 185.)
Respostas às questões propostas
A. Se o demônio
é que provoca a obsessão, por que o exorcismo é ineficaz?
Reportando-se à
cura de Rosa N..., de Barcelona, a qual padecera um processo obsessivo por 14
anos, Kardec indaga: Se o diabo é o verdadeiro ator em todos os casos de
obsessão, de onde vem a impotência dos exorcismos? Ora, a volta do obsessor ao
bem e a cura do doente provam que não é o demônio que provoca a obsessão, mas
um mau Espírito suscetível de se melhorar. Enquanto o exorcismo irrita o
obsessor, o doutrinador espírita lhe fala com doçura, procura fazer vibrar nele
a corda do sentimento, mostra-lhe a misericórdia de Deus e, fazendo-o entrever
de novo a esperança, consegue trazê-lo ao caminho do bem. Esse é o segredo da
eficácia do método espírita. (Revista Espírita de 1865, pp. 172 e 173.)
B. Que é que
Kardec dizia a respeito da perseguição sofrida pelo Espiritismo?
Ele dizia, a
respeito do assunto, que a luta estava longe de acabar, mas isso não se deveria
lamentar porque foi pela oposição que lhe fizeram que o Espiritismo cresceu. A
exemplo do Cristianismo, que não foi abalado pelas perseguições e mesmo cresceu
por seus mártires, o Espiritismo, que é o Cristianismo apropriado ao
desenvolvimento da inteligência e desprendido dos abusos, crescerá do mesmo
modo sob a perseguição, porque – como a doutrina cristã – ele também é uma
verdade. (Obra citada, pp. 181 e 182.)
C. Como evitar
as maquinações dos inimigos do Espiritismo?
Lembrando que o
Espiritismo tem ainda que passar por duras provas, quando então Deus reconhecerá
seus verdadeiros seguidores pela coragem, firmeza e perseverança que
demonstrarem, Kardec diz que o meio de evitar as maquinações dos inimigos é
seguir o mais exatamente possível a linha de conduta traçada pela doutrina: a
sua moral, que é sua parte essencial e inatacável. Praticando-a, não se dá
entrada a nenhuma crítica fundada e a agressão se torna mais odiosa e, por isso
mesmo, sem credibilidade. (Obra citada, pp. 183 a 185.)
Observação:
Para
acessar a Parte 11 deste estudo, publicada na semana passada, clique
aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/05/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_0786164425.html
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