terça-feira, 7 de janeiro de 2025

 



O que vem do nosso coração importa

(O que vem do outro, a ele pertence)

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

A atitude alheia pode nos ferir se permitirmos assim; ainda pode nos paralisar se consentirmos; também pode nos alegrar, no entanto tudo o que é benéfico deve ter passagem abençoada. Há de observar que o comportamento de outrem um tanto desfavorável apenas pode nos atingir se dessa forma houver a nossa permissão. Nós é que devemos aceitar ou não as ocorrências que se aproximam. Não há como impedir ou moldar a conduta de terceiros, mas podemos inteiramente decidir o nosso sentimento e a reação.

Se ainda o comportamento não condiz com o que, razoavelmente, se espera e fere mais do que auxilia, apenas se deve agradecer, pois tão mais agradável não ser o causador de infelicidades, de lágrimas derramadas, de corações feridos. Mil vezes sofrer (o sofrimento também é uma escolha) a causar sofrimento. Entretanto se a ação alheia não nos diz respeito, pois o livre-arbítrio é responsabilidade individual, então que a nossa reflexão seja somente sobre a nossa própria atitude.

De fato, devemos preservar com amor e respeito o nosso interior, porque se não fizermos assim passaremos a maior parte de nosso tempo tentando nos acalmar e recuperar o nosso ser das infinitas investidas que sofremos, lembrando que todos os seres são instrumentos para o progresso. Saber reconhecer as oportunidades propicia o aperfeiçoamento.

Não há maior amor-próprio do que o próprio autoamor. Portanto, se palavras dolorosas vierem à nossa direção, que sejamos singelos observadores, e nunca autores. Deixar passar atitudes arbitrárias é perceber que um passo adiante foi conquistado. E se outrem ainda age com irreflexão, muito provável que essa conduta decorra de um coração amargurado e desestruturado. A nossa maior preocupação deve ser com o nosso crescimento, pois este, sim, dependerá completamente de nós.

A natureza nos ensina tanto. A lavanda exala um perfume encantador, porque já o possui em sua essência; árvores frutíferas doam os seus frutos, porque já são capazes dessa bela doação; o sol compartilha seu calor e luz, pois conhece toda a sua capacidade; as estrelas cintilam, porque sabem que podem inspirar e salvar pessoas. Ou seja, a criatura que já sentiu o amor e aprendeu sobre o maior sentimento também é capaz de amar. Porém a criatura que, por algum motivo ainda, não aprendeu a amar, de maneira alguma doará amor. O coração só sabe compartilhar o que viveu, aprendeu ou o que o livre-arbítrio concede. A índole muito determinará.

As atitudes e palavras alheias somente poderão nos ferir quando assim o permitirmos. O que vem do outro é estrita responsabilidade alheia; o que vem de nós, assim nos retornará, lei universal.

A nossa preocupação deve ser com o que sai de nosso coração por meio de palavras e atitudes, simples assim.

 

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