Sendo a Terra um mundo de provas e expiações, qual o nível
evolutivo de seus habitantes?
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Há várias obras espíritas que nos trazem informações
valiosas a respeito do assunto.
A primeira está
publicada no livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec,
em que lemos no cap. III uma mensagem assinada pelo Espírito de Santo
Agostinho, da qual reproduzimos o trecho abaixo:
(...) nem todos os
Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação. As raças a que chamais
selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância e que na
Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem
pelo contacto com Espíritos mais adiantados.
Vêm depois as
raças semicivilizadas, constituídas desses mesmos Espíritos em via de
progresso. São elas, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aí se
elevaram pouco a pouco em longos períodos seculares, algumas das quais hão
podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dos povos mais esclarecidos.
Os Espíritos em
expiação, se nos podemos exprimir dessa forma, são exóticos na Terra; já
estiveram noutros mundos, donde foram excluídos em consequência da sua obstinação
no mal e por se haverem constituído, em tais mundos, causa de perturbação para
os bons. Tiveram de ser degredados, por algum tempo, para o meio de Espíritos
mais atrasados, com a missão de fazer que estes últimos avançassem, pois que
levam consigo inteligências desenvolvidas e o gérmen dos conhecimentos que
adquiriram. Daí vem que os Espíritos em punição se encontram no seio das raças
mais inteligentes. Por isso mesmo, para essas raças é que de mais amargor se
revestem os infortúnios da vida. É que há nelas mais sensibilidade, sendo,
portanto, mais provadas pelas contrariedades e desgostos do que as raças
primitivas, cujo senso moral se acha mais embotado. (O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. III, item 14.)
À vista da
mensagem transcrita, concluímos que a Terra abriga Espíritos em diferentes
níveis de evolução. Muitos se encontram em estágio inicial de evolução, ao lado
de Espíritos que o autor chama de semicivilizados e, por fim, temos os
Espíritos espiritualmente endividados, em expiação, fato que indica claramente
que são seres ainda atrasados em processo de regeneração.
Há 55 anos, no
livro Vida e Sexo, obra escrita em 1970, Emmanuel disse que há no
planeta um grupo numeroso de homens e mulheres psiquicamente não muito
distantes da selva, remanescentes próximos da convivência com os brutos. Essa
informação é coincidente com duas outras, firmadas por autores diferentes.
Na obra Libertação,
publicada em 1949, André Luiz também se referiu ao tema. No cap. VI dessa obra,
Gúbio disse e André registrou que, a determinadas horas da noite, três quartos
da população da Crosta se acham nas zonas de contacto com os Espíritos e a
maior percentagem permanecia detida em círculos de baixas vibrações, como
aquele em que ambos estavam, uma região que o autor classifica como trevosa. "Por
aqui – disse Gúbio – muitas vezes se forjam dolorosos dramas que se desenrolam
nos campos da carne. Grandes crimes têm nestes sítios as respectivas nascentes
e, não fosse o trabalho ativo e constante dos Espíritos protetores que se
desvelam pelos homens no labor sacrificial da caridade oculta e da educação
perseverante, sob a égide do Cristo, acontecimentos mais trágicos estarreceriam
as criaturas.”
Em 1948, ano em
que escreveu o livro Voltei, obra psicografada por Chico Xavier, disse
Frederico Figner (verdadeiro nome do Irmão Jacob, autor do livro) que
dos dois bilhões de encarnados que viviam então no planeta mais da metade era
constituída por Espíritos semicivilizados ou bárbaros e que as pessoas aptas à
espiritualidade superior não passavam de 30% da população global, distribuída
pelos diferentes continentes.
Verifica-se, pois,
à vista das informações acima, que nosso planeta é um mundo ainda muito
atrasado e distante da perfeição, o que explica as guerras constantes, os
conflitos étnicos, a violência, a corrupção, o racismo e todo tipo de
preconceito que deparamos na sociedade contemporânea, tanto nos países ricos
como nos países pobres.
Entendamos, assim,
que é um erro atribuir ao Criador as mazelas, os problemas e as injustiças que
existem neste mundo, porque tudo isso decorre simplesmente do estágio evolutivo
em que nos encontramos.
Um dia, porém (não
percamos a esperança), tudo será diferente... E só depende de nós.
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