quarta-feira, 28 de maio de 2025

 



Revista Espírita de 1869

 

Allan Kardec

 

Parte 1

 

Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1869, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1869 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Quais são os indivíduos mais refratários às ideias espíritas?

B. Como Kardec considerava o magnetismo?

C. A quem o Espiritismo reconhece como adeptos?

 

Texto para leitura

 

1. Este volume apresenta os escritos finais de Allan Kardec, que, como sabemos, desencarnou a 31 de março de 1869. Os números de janeiro a março foram publicados quando o Codificador ainda estava encarnado. O número de abril ele havia deixado redigido e em fase de preparação gráfica. Essa é a razão pela qual a Revista de abril de 1869 não registra sequer o seu passamento. Os números de maio e junho, embora não redigidos por Kardec, integram também o volume do ano de 1869 porque trazem notícias sobre a sua desencarnação e suas primeiras comunicações mediúnicas. O segundo semestre de 1869 pertence a outra fase da Revista. (Pág. 1)

2. Com a morte do Codificador, a direção da Sociedade Espírita de Paris e do movimento doutrinário passou à responsabilidade da Comissão Central de Espiritismo, presidida desde então pelo Sr. Malet. (Pág. 1)

3. O número de janeiro de 1869 da Revista se inicia com uma mensagem de Kardec dirigida aos seus correspondentes, na qual diz haver recebido numerosas cartas de felicitações e testemunhos de simpatia a propósito da publicação no número anterior do projeto de constituição do Espiritismo, que teve boa acolhida por parte dos grupos espíritas, como o de Toulouse, cuja correspondência foi ali transcrita. (Págs. 3 e 4)

4. A Revista de janeiro apresenta, na sequência, uma matéria intitulada “Estatística do Espiritismo”, da qual extraímos, de forma resumida, os seguintes pontos: I – A enumeração exata dos espíritas seria coisa impossível, por uma razão muito simples: o Espiritismo não é uma associação nem uma congregação e seus aderentes não estão inscritos em nenhum registro oficial. II – Não se pode avaliar o número dos espíritas pela quantidade de sociedades existentes, frequentadas apenas por minoria ínfima. III – O Espiritismo é uma opinião que não exige qualquer profissão de fé e pode estender-se ao todo ou parte dos princípios da doutrina. Basta simpatizar com a ideia, para ser espírita. IV – Dentro deste ponto de vista pode-se dizer que pelo menos três quartos da população de todos os países possuem o germe das crenças espíritas, que são encontrados até mesmo entre os que lhe fazem oposição. V – A oposição feita ao Espiritismo vem, em sua maioria, da ideia falsa que fazem da doutrina espírita. Não o conhecendo senão pelas descrições ridículas que dele faz a crítica malévola, recusam com razão a qualificação de espíritas. (Págs. 4 a 6)

5. A matéria é complementada por uma curiosa estatística que aponta os Estados Unidos como sendo a nação mais espírita do planeta, com cerca de aproximadamente 4 milhões de adeptos. A Europa teria 1 milhão, dos quais 600 mil na França. “Em geral, afirma Kardec, é nas classes médias que o Espiritismo conta mais adeptos.” (Págs. 6 a 8)

6. Do levantamento publicado pela Revista resultam, de acordo com o Codificador, as seguintes consequências: 1º – Há espíritas em todos os graus da escala social. 2º – Há mais homens que mulheres espíritas. 3º – A grande maioria dos espíritas se acha entre pessoas esclarecidas. 4º – A aflição e a infelicidade predispõem às crenças espíritas, em consequência das consolações que proporcionam. 5º – O Espiritismo tem mais fácil acesso entre os incrédulos em matéria religiosa que entre os que têm uma fé assentada. 6º – Depois dos fanáticos, os mais refratários às ideias espíritas são os sensualistas e as pessoas cujos únicos pensamentos estão concentrados nas posses e nos prazeres materiais. 7º – Em resumo, observa Kardec, o Espiritismo é considerado um benefício pelas pessoas que ele ajudar a suportar o fardo da vida, e é repelido ou desdenhado por aqueles a quem prejudicaria nos gozos da vida. (Págs. 8 e 9)

7. Entre os profissionais liberais que apresentavam a maior proporção de adeptos do Espiritismo a Revista aponta os médicos homeopatas: em cada 100 médicos espíritas, pelo menos 80 eram homeopatas. Isto se deve a que o princípio do tratamento homeopático os conduz naturalmente ao espiritualismo. Os materialistas são muito raros entre eles, se é que existem homeopatas materialistas, ao passo que são numerosos entre os alopatas. Melhor que estes, os homeopatas compreendem o Espiritismo porque acharam nas propriedades fisiológicas do perispírito, unido ao princípio material e ao princípio espiritual, a razão de ser de seu sistema. (Pág. 10)

8. Os magnetistas – nome que se dá aos adeptos do magnetismo – figuravam na primeira linha, logo após os homeopatas, malgrado a oposição persistente e por vezes acerba de alguns, que formavam, porém, uma minoria ínfima. É que o magnetismo e o Espiritismo são duas ciências gêmeas, que se completam e explicam uma pela outra. Em todos os tempos os magnetistas se dividiram em dois campos: os espiritualistas e os fluidistas. Estes últimos, muito menos numerosos, estão quase sempre em oposição de princípios com os espíritas. Assim, pode-se concluir que: se todos os magnetistas não são espíritas, todos os espíritas, sem exceção, admitem o magnetismo e fazem-se seus defensores e baluartes. (Págs. 10 e 11)

9. A Revista reporta-se a um artigo publicado pelo Sr. Robert de Salles no jornal Le Voyageur de Commerce de 22/11/1868, no qual o articulista tece algumas considerações simpáticas acerca da doutrina espírita e afirma, corretamente, que o Espiritismo não é uma descoberta moderna. Embora tenha feito alguns reparos ao artigo, Kardec diz que os espíritas não poderiam senão aplaudir o conjunto das reflexões nele contidas e a seriedade com que o assunto foi tratado. “A imprensa – observa o Codificador – raramente tem ouvido falar dele num sentido tão sério. Mas há começo para tudo.” (Págs. 11 a 16)

10. O caso do ervanário Joye, envolvido no processo das envenenadoras de Marselha, é objeto de um longo artigo publicado por Kardec na Revista de janeiro. A culpa atribuída ao ervanário tentou-se estender à doutrina espírita, porque Joye revelou que se ocupava com a prática espírita e interrogava os Espíritos. De fato, descobriu-se em sua casa um registro que dá a ideia do seu caráter e de suas ocupações habituais. O ervanário – indivíduo que vende e/ou conhece plantas medicinais – recebia dinheiro de seus clientes por serviços diversos: tratamento de doentes, prática de exorcismo, cartas, malefícios e baqueta divinatória, entre outros. (Págs. 16 e 17)

11. Kardec observa que, ainda que Joye fosse espírita, o Espiritismo não poderia ser responsabilizado por procedimentos que a doutrina espírita não propõe nem recomenda a quem quer que seja. “O Espiritismo – assevera Kardec – só reconhece como adeptos os que põem em prática os seus ensinamentos, isto é, que trabalham a sua própria melhora moral, porque é o sinal característico do verdadeiro espírita.” (Págs. 17 a 20)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Quais são os indivíduos mais refratários às ideias espíritas?

Segundo Kardec, depois dos fanáticos, os mais refratários às ideias espíritas são os sensualistas e as pessoas cujos únicos pensamentos estão concentrados nas posses e nos prazeres materiais. Em resumo, observa Kardec, o Espiritismo é considerado um benefício pelas pessoas que ele ajuda a suportar o fardo da vida, e é repelido ou desdenhado por aqueles a quem prejudicaria nos gozos da vida. (Revista Espírita de 1869, págs. 8 e 9.)

B. Como Kardec considerava o magnetismo?

O Codificador, que conhecia profundamente o trabalho e as ideias de Mesmer, dizia que o magnetismo e o Espiritismo são duas ciências gêmeas, que se completam e explicam uma pela outra. Segundo ele, se nem todos os magnetistas são espíritas, todos os espíritas, sem exceção, admitem o magnetismo e fazem-se seus defensores e baluartes. (Obra citada, págs. 10 e 11.)

C. A quem o Espiritismo reconhece como adeptos?

O Espiritismo só reconhece como adeptos os que põem em prática os seus ensinamentos, ou seja, que trabalham a sua própria melhora moral, porque esse é o sinal característico do verdadeiro espírita. (Obra citada, págs. 17 a 20.) 

 

 

 

 

 

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