Divaldo Franco, depois de uma existência profícua, retorna à
pátria espiritual
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Faleceu na última terça-feira, dia 13, o médium e líder espírita Divaldo Franco.
O homem e a obra
Havendo psicografado mais de 270 livros nos mais diversos gêneros literários, vários deles traduzidos para 17 idiomas, Divaldo serviu como médium a mais de 200 autores desencarnados, com destaque para sua mentora Joanna de Ângelis, pseudônimo usado pelo espírito de madre Joana Angélica de Jesus, abnegada e valorosa freira baiana que dedicou sua vida a Deus e à glória maior do convento que dirigia, à porta do qual desencarnou heroicamente em 1822, vitimada pelas baionetas inimigas.
Além da intensa divulgação espírita por meio da palavra e dos livros que psicografou, ele fundou em 1947, ao lado de Nilson de Souza Pereira, desencarnado em 2013, o Centro Espírita Caminho da Redenção e em 1952 a Mansão do Caminho, que formam um complexo educacional e assistencial com 44 edificações, distribuídas em ruas, bosques e lago, em que são atendidas diariamente mais de 5.000 pessoas que procuram ajuda material, educacional e espiritual.
Outro trabalho de
larga repercussão foi o movimento Você e a paz, de caráter ecumênico,
que, lançado por ele em Salvador no ano de 1998, espalhou-se por inúmeras
cidades, atraindo sempre em todos os lugares um público numeroso.
A Rede Globo, por
sua afiliada na Bahia, produziu uma excelente matéria sobre a trajetória e as
atividades que marcaram a presença de Divaldo nesta sua recente passagem pelo
mundo. A reportagem, que vale a pena ser vista, pode ser acessada clicando-se
em Divaldo e sua
trajetória
Orador amplamente
conhecido no Brasil e no exterior, a história de vida do estimado amigo foi registrada no filme Divaldo,
o Mensageiro da Paz, lançado em 2019, que pode ser visto, bastando para
isso clicar em A vida de Divaldo
Uma campanha
injusta e sem sentido
Quanto aos
contatos frequentes que mantivemos com o grande médium mesmo antes do
surgimento desta revista, que ele incentivou e apoiou desde o primeiro momento,
só temos a agradecer, lembrando a todos que em julho de 2007 escrevemos e
publicamos no jornal O Imortal uma matéria intitulada “Volta à cena uma
infeliz campanha contra Divaldo Franco” que muito o comoveu, porquanto até
aquela data poucas vozes se ergueram na imprensa espírita para reparar a
injustiça daquela que chamamos de “infeliz campanha”, uma reedição de algo que
acontecera 45 anos antes, quando Chico Xavier contava 52 anos de idade e
Divaldo Franco, 35.
A campanha então
reeditada tinha dois objetivos e conseguiu, sim, parte do seu intento, que era
afastar os dois grandes médiuns, até aquele momento amigos próximos, o que
acabou ocorrendo por um prazo aproximadamente de dez anos.
Nada como um dia
depois do outro
Em homenagem à
verdade e ao estimado médium, e também para conhecimento de quem não a leu,
reproduzimos a parte final da matéria que publicamos há quase 18 anos, quando
Divaldo já ultrapassara os 80 outonos de idade:
“O outro objetivo,
que foi sepultar a tarefa mediúnica de Divaldo, eles não conseguiram lograr,
como o tempo acabou demonstrando. De fato, os estudiosos do Espiritismo sabem
que bastam a obra de Joanna de Ângelis e os extraordinários livros de Manoel
Philomeno de Miranda para justificar a decisão correta, tomada por Divaldo, de dedicar-se
também à psicografia.
Por que o assunto
voltou agora à baila? Fazemos esta pergunta porque são inúmeras as razões pelas
quais ele jamais poderia ter voltado à cena:
1ª. A tola acusação de plágio ficou superada pela obra extraordinária que Divaldo P. Franco passou a realizar no campo da psicografia menos de dois anos depois quando, em 1º de fevereiro de 1964, Joanna de Ângelis assinou o prefácio do livro Messe de amor, cuja qualidade literária e doutrinária não se discute.
2ª. Com o passar
dos anos e atenuada a influência perniciosa que envolveu aquele episódio, Chico
Xavier superou as próprias dúvidas e voltou a relacionar-se com Divaldo e até
mesmo a psicografar ao lado dele, como ocorreu quando Osmar Freitas Filho, o
Osmarzinho, de Londrina, enviou uma linda mensagem a seus pais por meio de
Divaldo, no Grupo Espírita da Prece, após tê-lo feito inúmeras vezes por
intermédio de Chico Xavier.
3ª. No dia
7/2/1976, em Uberaba, o jornalista e escritor Fernando Worm perguntou a Chico
Xavier o que ele achava da opinião de alguns que diziam que Divaldo ficava
mediunizado quando pregava, mas não quando psicografava. Chico Xavier lhe
respondeu: ‘Por qual razão Divaldo estaria mediunizado enquanto fala e não
enquanto psicografa? Por que a distinção?’.
4ª. Em 22/2/1976,
em carta constante do livro Moldando o Terceiro Milênio, de Fernando
Worm, que contém o diálogo acima transcrito, Chico Xavier escreveu: ‘Divaldo é
bem o semeador que tomou as sementes sublimes da palavra e saiu a semear. Deus
o abençoe nas tarefas a que se dedicou.’
5ª. Divaldo tem
psicografado em público mensagens grafadas em idiomas desconhecidos, como prova
o livro Hacia las estrellas, todo ele escrito em espanhol, ditado por
Espíritos de diferentes países, primeira obra no gênero em que alguém que não
conhece o idioma escreve mediunicamente um trabalho desse porte.
6ª. A recepção de
mensagens especulares, que para serem lidas é preciso o concurso de um espelho.
A primeira delas foi grafada por Joanna de Ângelis no programa da TV Uberaba
intitulado ‘A Bigorna’, depois de uma entrevista de duas horas com várias
personagens. O fato voltou a se repetir por duas vezes nos Estados Unidos, bem
como na França por ocasião do Congresso Espírita Mundial realizado em Paris e
no último Congresso Espírita Brasileiro realizado em Brasília, perante um
grande público e emissoras de televisão, salientando-se que em alguns casos a
mensagem foi psicografada em inglês ou alemão.
7ª. O próprio Chico Xavier participaria mais tarde de duas conhecidas obras de Manoel Philomeno de Miranda psicografadas por Divaldo. A primeira vez em 15/5/1982, quando André Luiz, por seu intermédio, prefaciou o livro Nas Fronteiras da Loucura, e a segunda em 30/7/1983, quando Dr. Bezerra de Menezes, pelas mãos de Chico Xavier, prefaciou a obra Painéis da Obsessão.
Além disso,
Chico Xavier recebeu mais cinco prefácios dos amigos espirituais para livros
psicografados por Divaldo e dentre essas obras figura ... E o amor continua,
psicografada por Chico e Divaldo no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba.
Acresce ainda
dizer que as pessoas que reeditam essa campanha não deveriam ater-se à opinião
de uma única pessoa, mas ouvir também, sobre o tema, outros como, por exemplo,
os dirigentes da Federação Espírita Brasileira, cujos esclarecimentos não
poderiam ter sido sonegados ao povo brasileiro na reportagem veiculada pela TV,
e muito menos agora, embora Divaldo Franco não necessite de quem o defenda,
visto que sua obra extraordinária, inclusive na área do livro, fala por si
mesma.”
Com o pensamento
voltado a Deus, só nos cabe agora expressar ao valoroso companheiro e amigo a
nossa gratidão por todo o bem que fez a todos nós, enviando-lhe o nosso abraço
carinhoso e as nossas melhores vibrações. Que Deus o abençoe sempre, este é o
nosso singelo pedido.
Texto publicado na
revista O Consolador no dia 18 de maio
de 2025.
Nota do Autor:
Para ler o texto
publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/05/o-que-o-espiritismo-acrescentou.html
|
To
read in English, click here: ENGLISH |

Nenhum comentário:
Postar um comentário