Roteiro
Emmanuel
12
Desde quando começou na Terra o serviço de adoração a Deus?
Perde-se o
alicerce da fé na sombra de evos insondáveis.
Dir-se-ia que o
primeiro impulso da planta e do verme, à procura da luz, não é senão anseio
religioso da vida, em busca do Criador que lhes instila o ser.
Considerando,
porém, as escolas religiosas dos povos mais antigos, vemos no sistema egípcio a
ideia central da imortalidade, com avançadas concepções da Grandeza Divina, mas enclausurada
nos templos do sacerdócio ou no palácio dos faraós, sem ligação com o espírito
popular, muita vez relegado à superstição e ao abandono.
Na Índia, identificamos o culto da sabedoria. Instrutores
eminentes aí ensinam que a bondade deve ser a raiz de nossas relações com os
semelhantes, que as nossas virtudes e vícios são as forças que nos seguirão,
além do túmulo, propagando-se abençoadas lições de aperfeiçoamento moral e
compreensão humana; entretanto, o espírito das castas aí sufocou os santuários,
impedindo a desejável extensão dos benefícios espirituais aos círculos do povo.
Na Pérsia, temos no zoroastrismo a consagração do nosso
dever para com o Bem; todavia, as comunidades felicitadas por seus respeitáveis
ensinamentos se confiam a guerras de conquista e destruição.
Entre os judeus, sentimos o sopro da revelação do Deus
Único, estabelecendo o reino da justiça na Terra, mas, apesar da glória sublime
que coroa a fronte de Moisés e dos profetas que o sucederam, o orgulho racial é
uma chaga viva no coração do Povo Escolhido.
Na China, possuímos a exaltação da simplicidade, através
de lições que fulguram em todas as suas linhas sociais, destacando o equilíbrio
e a solidariedade, contudo, o grande povo chinês não consegue superar as
perturbações do separativismo e do cativeiro.
Na Grécia, encontramos o culto da Beleza. Os mistérios de
Orfeu traçam formosos ideais e constroem maravilhosos santuários. O
aprimoramento da arte e da cultura, porém, não consegue criar no espírito
helênico a noção do Amor Universal. Generais e filósofos usam a inteligência
para a dominação e, de modo algum, se furtam às tentações do campo bélico,
acendendo a abominável fogueira da discórdia e do arrasamento.
Em Roma, surpreendemos o Direito ensinando que o
patrimônio e a liberdade do próximo devem ser respeitados, no entanto, em
nenhuma civilização do mundo observamos juntos tantos gênios da flagelação e da
morte.
Hermes é a Sabedoria.
Buda é a Renunciação.
Zoroastro é o Dever.
Moisés é a Justiça.
Confúcio é a
Harmonia.
Orfeu é a Beleza.
Numa Pompílio é o Poder.
Em todos os grandes períodos da evolução religiosa, antes
do Cristo, vemos, porém, as demonstrações incompletas da espiritualidade. Não
há padrões absolutos de perfeição moral, indicando aos homens o caminho
regenerador e santificante. Aparecem linhas divisórias entre raças e castas,
com vários tipos de louvor e humilhação para ricos e pobres, senhores e
escravos, vencedores e vencidos.
Com Jesus, no entanto, surge no mundo o vitorioso
coroamento da fé. No Cristianismo, recebemos as gloriosas sementes de
fraternidade que dominarão os séculos. O Divino Fundador da Boa Nova entra em
contato com a multidão e o santuário do Amor Universal se abre, iluminado e
sublime, para a santificação da Humanidade inteira.
[1] O Livro dos Espíritos, 649-652.
Nota: O livro Roteiro, psicografado pelo médium
Chico Xavier, foi publicado inicialmente pela editora da FEB em 1952.
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