sábado, 17 de novembro de 2012

Pérolas literárias (10)



Depois da tormenta

Eugênio Júlio Savard de Saint-Brisson


Cresce a lousa sombria a embuçar o horizonte...
O pincel do corisco a explodir ansiedade,
Escrevendo com luz, proclama a tempestade,
E estrondeia o tambor do trovão pelo monte...

Cai a chuva a rugir por mil bocas de fonte...
Verte, foge e me impele à oração da saudade...
Sou agora ave êxul (1)  na bonança que invade
A Natureza erguida à paz de ninho insonte. (2)

Reencontrei o fanal da esperança perdida
E canto a exaltação do júbilo fecundo
De quem achou na morte a grandeza da vida.

Louvada seja a dor que a tudo eleva e acalma!
Bendito seja Deus, surgindo, mundo a mundo,
Por sol de céu em céu, por amor de alma em alma!...


Poeta de vastos recursos e profunda emotividade, Eugênio Savard nasceu no Rio de Janeiro em 13/11/1865 e desencarnou em Niterói no dia 1º de dezembro de 1899. O soneto acima integra o livro “Antologia dos Imortais”, psicografado pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

(1) Êxul: Exilado, desterrado, degredado. (Pronúncia: êzul.)
(2) Insonte: Sem culpa; inocente.


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