Depois da tormenta
Eugênio Júlio Savard
de Saint-Brisson
Cresce a lousa
sombria a embuçar o horizonte...
O pincel do corisco a
explodir ansiedade,
Escrevendo com luz,
proclama a tempestade,
E estrondeia o tambor
do trovão pelo monte...
Cai a chuva a rugir
por mil bocas de fonte...
Verte, foge e me
impele à oração da saudade...
Sou agora ave êxul (1)
na bonança que invade
A Natureza erguida à
paz de ninho insonte. (2)
Reencontrei o fanal
da esperança perdida
E canto a exaltação
do júbilo fecundo
De quem achou na
morte a grandeza da vida.
Louvada seja a dor
que a tudo eleva e acalma!
Bendito seja Deus,
surgindo, mundo a mundo,
Por sol de céu em
céu, por amor de alma em alma!...
Poeta de vastos recursos e profunda emotividade, Eugênio
Savard nasceu no Rio de Janeiro em 13/11/1865 e desencarnou em Niterói no dia
1º de dezembro de 1899. O soneto acima integra o livro “Antologia dos
Imortais”, psicografado pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
(1) Êxul: Exilado, desterrado, degredado. (Pronúncia:
êzul.)
(2) Insonte: Sem culpa; inocente.
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