Redenção
Antero Costa Carvalho
Acusado sem culpa
ante a calúnia infrene,
Explico-me a chorar,
no entanto é assim que eu morro...
“Deus! Ampare-me, ó
Deus!” – exoro por socorro,
Sem que a força do
Céu me responda ou me acene.
N’alma, remorso
algum... Nada que me condene...
Nas raias da agonia,
em pranto jorro a jorro,
A bênção da oração é
o teto a que recorro,
A render-me, sem
mágoa, ao minuto solene.
Mas quando o corpo
tomba exânime, cansado,
Vejo-me, austero
algoz, a rugir no passado,
Em vômitos de lama, a
cólera assassina...
O lobo então que eu
fora, o suplício desterra!
Glória à
reencarnação! Glória às dores da Terra,
Em que se cumpre a
Lei da Justiça Divina!...
Antero Costa Carvalho nasceu em
Jataí, Goiás, em 22 de julho de 1904 e desencarnou em Catalão, no mesmo Estado,
em 16 de agosto de 1937. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, psicografado por Francisco Cândido Xavier e
Waldo Vieira.
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