sábado, 15 de fevereiro de 2014

Copa do Mundo, eleições e segurança


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— E então, Machado, vamos continuar seus dados biográficos e falar sobre a Sociedade Petalógica?
— Meu caro Joteli, creio seja melhor falar de outra coisa. Falar de alguém que já foi tema de milhares de biografias é chover no molhado. Falemos de coisas amenas. Copa do Mundo, eleições e segurança, por exemplo.
Comecemos pelo fim: a segurança no Brasil. Conforme tem sido noticiado, o sistema penitenciário brasileiro é um dos mais desumanos da humanidade desde que se construiu a primeira cadeia em nosso país.
Mas dele falaremos mais adiante. Comecemos pela questão sempre recorrente da violência brasileira. Iniciado junto com as reivindicações de passagens de ônibus mais baratas, em São Paulo, e outros pleitos, o vandalismo tem comovido muito nossas autoridades, que ficam muito receosas em causar qualquer dano físico aos manifestantes revoltados.
Coitados, a raiva desses cidadãos e cidadãs é tão intensa que, só para se ter uma ideia, apenas num dia, 13 de janeiro de 2014, ocorreram doze assassinatos na madrugada de Campinas, acompanhados por vandalismo de três ônibus queimados e outros sete carros depredados.
Durante todo o mês de janeiro deste ano, 33 ônibus foram queimados em São Paulo.
A Secretaria de Segurança Pública vem trabalhando duro, para o combate a tais vandalismos, com a instauração de inquéritos, inclusive administrativos. Algumas teorias vêm sendo apresentadas à população sobressaltada. Seria uma invasão de alienígenas? Estaríamos retrocedendo ao tempo dos bárbaros? Quem o saberá?
Já sei o que você, leitor amigo, acaba de pensar: “— Respeite os bárbaros, meu caro Machado”.
— Pois, meu prezado, como se sabe, em várias penitenciárias brasileiras, há alguns anos, o crime vem sendo comandado por facções criminosas dentro e fora dos presídios. Estudos intensos vêm sendo feitos pelas autoridades constituídas, no sentido de, em vez de punir, educar esses “elementos”. Aliás, tem sido proposto não chamarmos nossos irmãos justamente revoltados por não disporem de cadeias humanitárias com essa denominação ignominiosa: “elemento”. Muito justa, muito oportuna observação.
Também não concordo com punição, é preciso educação. E nisso nosso Governo vem sendo um exemplo mundial, você não concorda, amigo?
Por isso mesmo, não creio que se deva divulgar apenas o lado negativo das políticas públicas. As cestas básicas, as bolsas escolas, as próprias escolas, os serviços de abrigos, o combate ao consumo de drogas são algumas medidas profiláticas do mais alto nível, adotadas pelo Governo atual em prol de uma sociedade mais justa e tolerante. Afinal, 2014 é o ano das eleições presidenciais.
Todavia, não posso deixar de falar, ainda, de um estado que, durante muitos anos, quase não era lembrado, a não ser pelo fato de nos ter dado um presidente da República e uma governadora. Nem é preciso dizer que nos referimos ao Maranhão, não é mesmo, leitora amiga bem informada?
Pois bem, em 2013, segundo as notícias mais recentes da imprensa brasileira e mundial, ocorreram sessenta assassinatos na penitenciária de Pedrinhas-MA. No dia 2 de janeiro de 2014 houve ali dois assassinatos bárbaros e no dia 20 desse mesmo mês, outro crime, em que as cabeças das vítimas, já vitimadas por estarem em um presídio com cerca do dobro de sua lotação, foram cortadas e utilizadas como bolas de futebol. Afinal, estamos no ano da Copa no Brasil e precisamos dar o exemplo, não é mesmo?
Nada mais tenho a comentar, amigo leitor, a não ser que acabo de sentir um pouco de náusea e vou tomar um sonrisal. Por que será? Será por quê?

*

— Joteli, traga uma cerveja sem álcool para tomarmos em comemoração a este feliz ano de futebol e eleição. Quem sabe, tirando o álcool do copo, melhore a escolha do nosso representante maior, o presidente da escola de samba Unidos do Brasil.
— E sobre a Petalógica, Machado, nada a declarar?
— Declaro que um dos grandes feitos da sociedade foi aplaudir a construção da estrada de ferro, a iluminação a gás, a transformação do carnaval e a reconstrução dos teatros. Ou seja, nessa época, acreditávamos num futuro grandioso para o nosso país.
— Esperemos, então, meu caro Bruxo, que o futebol, grande teatro brasileiro, em 2014 seja um palco de aplauso mundial.
— Se as obras não atrasarem muito, meu amigo...
— Bota fé nisso, Machado, com o jeitinho brasileiro, tudo há de dar certo.
— Então vamos orar, como propus na quadra final do poema que dediquei ao meu mestre falecido, o padre Silveira Sarmento, no tempo da Petalógica:

Ide, ao som das sagradas melodias,
Orar junto do Cristo como irmãos,
Que os espinhos da fronte do Messias
São as rosas das frontes dos cristãos.

Na próxima crônica, falaremos sobre o clube Beethoven. Até lá, amigos!

Visite o blog Jorge, o sonhador: http://www.jojorgeleite.blogspot.com.br/



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