Como a Humanidade se transformará? Vai levar tempo?
Que mecanismos serão necessários para isso?
As perguntas acima são recorrentes no grupo de que
participamos. Trata-se de questões importantes, sobretudo quando se processam
os acontecimentos que preparam o advento de um planeta renovado, em que sua
principal função não terá vínculo com provas, expiações ou reparações.
É claro que esse dia está muito longe – melhor dito,
bem mais longe do que supõem os mais pessimistas –, visto que a qualidade,
superior ou inferior, de um planeta é o reflexo da qualidade das pessoas que
nele habitam. Assim, um mundo renovado exigirá que nele reencarnem pessoas
renovadas.
Allan Kardec e Gabriel Delanne trataram do tema que
ora examinamos, respectivamente, em
O Livro dos Médiuns e Entre Irmãos de Outras Terras. O primeiro foi publicado
inicialmente em 1861; o segundo, em 1966. A diferença de 105 anos entre uma
publicação e outra não alterou, porém, a ideia que animou os dois autores.
No tocante à transformação da Humanidade, diz Kardec
que tal meta somente poderá ser alcançada com o melhoramento das massas, o que pode acontecer gradualmente e pouco a pouco somente pelo melhoramento dos indivíduos. (Cf. O Livro dos Médiuns, item 350.)
Com efeito – diz o Codificador –, de que valerá crer
na existência dos Espíritos, se essa crença não tornar melhor, mais benevolente
e mais indulgente o indivíduo e se não o fizer mais humilde e mais paciente na
adversidade? De que servirá a um indivíduo avarento ser espírita se permanecer
avaro; ao orgulhoso, se continuar sempre cheio de si mesmo; ao invejoso, se
estiver sempre nutrindo sentimentos de inveja? Todos os homens poderiam então
crer nas manifestações e a Humanidade permaneceria estacionária. Esses não são,
porém, os desígnios de Deus, e é para o fim visado pela Providência que devem
tender todas as sociedades espíritas sérias, concorrendo de forma ativa para
que, a partir do melhoramento dos indivíduos, a sociedade também se aprimore.
A ideia, como dissemos, foi reafirmada 105 anos por
Gabriel Delanne (Espírito), numa entrevista que ele concedeu a André Luiz, o
mesmo autor da conhecida Série Nosso Lar.
Vejamos algumas questões propostas por André e as
respostas de Delanne:
André:
Exprimindo-se desse modo, refere-se à necessidade da divulgação da Doutrina
Espírita?
Delanne: Sim.
André: Mas,
segundo o seu conceito, a divulgação terá de efetuar-se de pessoa a pessoa.
Teremos entendido certo?
Delanne: Sim, de pessoa a pessoa, de consciência a
consciência. A verdade a ninguém atinge através da compulsão. A verdade para a
alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Um sábio por mais sábio não
consegue aprender a ler por nós.
André: Não
considerará, porém, que esse processo é moroso demais para a Humanidade?
Delanne: Uma obra-prima de arte exige, por vezes, existências
e existências para o artista que persegue a condição do gênio. Como acreditar
que o esclarecimento ou o aprimoramento do Espírito imortal se faça tão-só por
afirmações labiais de alguns dias? (Entre
Irmãos de Outras Terras, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira.)
À vista do acima exposto, não nos é difícil
compreender como a Humanidade se transformará, uma tarefa que, evidentemente,
levará muito tempo. Como diz Abel Gomes, em mensagem psicografada por Chico
Xavier, publicada no livro Falando à
Terra, a “perfeita sublimação é obra dos séculos incessantes”.
Quanto aos mecanismos, de novo se impõe a importância
da educação – educação da criança, do jovem, do idoso – e da aplicação em nossa
vida daquilo que aprendemos, cientes de que, como lembrou Abel Gomes na mesma
mensagem acima citada: “À maneira que nos desenvolvemos em sabedoria e amor,
consideramos a perda dos minutos como sendo a mais lastimável e ruinosa de
todas”.
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