Demos continuidade ontem à noite no Centro Espírita Nosso
Lar ao estudo do livro Ação e Reação,
de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier
e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:
Questões
para debate
A. Como Silas impediu que Ildeu,
com a arma na mão, matasse a própria esposa?
B. Que razões levaram Silas a
apoiar o divórcio entre Marcela e Ildeu?
C. Por que Ildeu tinha aversão
por seu próprio filho?
Texto para leitura
91. O
crime frustrado – Silas e André acompanharam-lhe a evolução do
tresloucado plano, porquanto é sempre fácil penetrar o domínio das
formas-pensamentos, vagarosamente construídas pelas criaturas que as edificam,
apaixonadas e persistentes, em torno dos próprios passos. Assim, embora
sorrisse, Ildeu exteriorizava ao olhar dos benfeitores o inconfessável projeto,
armando detalhadamente o quadro criminoso, detalhe por detalhe. Silas
reforçou, então, na casa o serviço de vigilância, porquanto Marcela tinha a
existência amparada pela Mansão. Dois Espíritos, zelosos e abnegados,
alternativamente passaram a velar ali, dia e noite, de modo a entravar o
pavoroso delito. Um dia, o irmão em serviço foi, inquieto, até Silas, para
comunicar-lhe a precipitação dos acontecimentos. De alma aturdida pela
influência de homicidas desencarnados que lhe haviam percebido os pensamentos,
Ildeu resolveu aniquilar a esposa naquela mesma noite. Silas não vacilou. Empregando
o concurso de entidades amigas, em trabalho nas vizinhanças, inicialmente baniu
os alcoólatras e delinquentes desencarnados que se acolhiam na casa. De
madrugada, com o coração precipite, Ildeu examinava o pente de uma pistola,
disposto à consumação do ato execrável. Revestindo-lhe todo o cérebro, surgia a
cena do crime, movimentando-se em surpreendente sucessão de imagens... Ele
pensava demandar o aposento das crianças, para trancá-las à chave, de maneira a
evitar-lhes o testemunho, quando Silas, adiantando-se, avançou para o leito das
meninas e chamou a pequena Márcia, em corpo espiritual, a rápida contemplação
dos pensamentos paternos. A criança, ao ver aquelas cenas, experimentou
tremendo choque e retornou, de pronto, ao corpo físico, bradando, desvairada,
como quem se furtasse ao domínio de asfixiante pesadelo: "Papai!...
Paizinho! Não mate! Não mate!..." Ildeu, nesse momento, já estava à porta,
com a arma na mão. Os gritos da menina ecoaram em toda a casa, provocando alarido.
Marcela, num átimo, pôs-se de pé, surpreendendo o marido ao pé da filha, e,
junto deles, o revólver... A mulher bondosa, incapaz de suspeitar das intenções
dele, recolheu a arma e, pensando que ele pretendera suicidar-se, implorou em
pranto: "Oh! Ildeu, não te mates! Jesus é testemunha de que tenho cumprido
retamente todos os meus deveres... (...) Procede como quiseres, mas não
te despenhes no suicídio. Se é de tua vontade, monta nova casa em que vivas com
a mulher que te faça feliz... Consagrarei minha existência aos nossos filhos.
Trabalharei, conquistando o pão de nossa casa com o suor de meu rosto...
entretanto, suplico, não te mates!..." (Ação
e Reação, capítulo 14, pp.190 a 193.)
92. Pagamos
caro nossa deserção ao dever – A generosa atitude de Marcela
sensibilizou os Espíritos presentes e o próprio Ildeu sentiu-se tocado de
piedade, agradecendo, no íntimo, a versão que a esposa oferecera aos
acontecimentos, cuja direção não conseguira prever. Encontrando a escapatória
que, de há muito, buscava, ele exclamou então: "Realmente, não posso
mais... Agora, para mim, só restam dois caminhos, suicídio ou
desquite..." Marcela, com o auxílio de Silas, descarregou o revólver,
reconduziu as crianças ao sono e deitou-se, atribulada. Nos seus olhos tristes,
lágrimas borbulhavam na sombra, enquanto orava, súplice, na torturada quietude
do seu martírio silencioso: "O' meu Deus, compadece-te de mim, pobre
mulher desventurada!... que fazer, sozinha na luta, com três crianças
necessitadas?..." Silas aplicou-lhe passes balsamizantes, hipnotizando-a,
com o que a flagelada mulher, em desdobramento, se colocou, inquieta, diante
dele e de André. O Assistente falou-lhe, então: "Marcela, somos apenas
teus irmãos... Reanima-te! Não te encontras sozinha. Deus, Nosso Pai, jamais
nos abandona... Concede, sim, liberdade ao teu esposo, embora saibamos que o
dever é uma bênção divina da qual pagaremos caro a deserção... Que Ildeu rompa
os laços respeitáveis dos seus compromissos, se é que julga seja essa a única
maneira de adquirir a experiência que deve conquistar... Haja porém o que
houver, ajuda-o com tolerância e compreensão. Não lhe queiras mal algum. Antes,
roga a Jesus o abençoe e ampare, onde esteja, porque o remorso e o
arrependimento, a saudade e a dor para os que fogem das obrigações que o Senhor
lhes confia convertem-se em fardos difíceis de carregar". (Obra citada, cap. 14, pp. 193 e 194.)
93. O
divórcio é mero paliativo – Silas explicou à desventurada mulher que se
o esposo esmorecia, à frente da luta, em pleno exercício da faculdade de
escolher, não seria justo violentar-lhe o livre arbítrio. Ildeu ausentava-se
dos contratos que abraçou e interrompia o resgate das contas que lhe eram
próprias... Mais tarde, porém, voltaria aos débitos olvidados, mais onerado
talvez perante a Lei. "Sejam quais forem as lutas que te descerem ao
coração – recomendou-lhe Silas –, resigna-te e não temas. Faze dos filhinhos o
apoio firme na caminhada. Todo sacrifício edificante no mundo expressa
enriquecimento de nossas almas na Vida Eterna... Renuncia, pois, ao homem
querido, respeitando-lhe os caprichos do coração, e aguarda o futuro com esperança."
Como Marcela chorasse, receando o porvir, em face das contingências materiais,
Silas asseverou, prestimoso: "Para mãos dignas jamais faltará trabalho
digno. Contemos com a proteção do Senhor e marchemos com desassombro. Enxuga o
pranto e ergue-te em espírito à Fonte do Sumo Bem!..." Nesse momento,
parentes desencarnados da jovem senhora assomaram ao recinto, estendendo-lhe
as mãos. Silas confiou-lhes Marcela e retirou-se. A mente de André fervilhava
de indagações: por que Ildeu desdenhava o menino? por que Marcela era odiada
tanto assim pelo marido? seria justo fortalecê-la para o desquite, ao invés de
incentivá-la à recuperação do amor do companheiro? Silas lembrou inicialmente
a passagem evangélica em que
Jesus afirma que o divórcio na Terra é permitido a nós outros
pela dureza dos nossos corações. No caso em tela, o divórcio era compreensível
como providência contra o crime, seja ele o assassínio ou o suicídio... Claro
que a separação não soluciona o problema da redenção, porque ninguém se reúne
no casamento humano sem o vínculo do passado, e esse vínculo quase sempre
significa débito ou compromisso vivo no tempo. Desse modo, o divórcio não os
liberaria da dívida em que se achavam incursos, cabendo-lhes voltar ao
pagamento respectivo, tão logo fosse oportuno. O ódio de Ildeu tinha raízes no
pretérito. Ele e Marcela eram duas almas em processo de reajuste, havia vários
séculos. Na última existência, foram também marido e mulher, em outro casamento
fracassado, porque, dado a aventuras, Ildeu seduziu duas moças, filhas do mesmo
lar, abandonando a esposa. (Obra citada,
capítulo 14, pp. 194 a
196.)
Respostas às questões propostas
A. Como
Silas impediu que Ildeu, com a arma na mão, matasse a própria esposa?
Silas, ao ver
a cena, chamou a pequena Márcia, filha de Ildeu, então desprendida do corpo
físico em razão do sono corpóreo. A criança, ao ver a cena, experimentou
tremendo choque e retornou, de pronto, ao corpo físico, bradando, desvairada,
como quem se furtasse ao domínio de asfixiante pesadelo: "Papai!...
Paizinho! Não mate! Não mate!..." Os gritos da menina ecoaram em toda a
casa, provocando alarido. A esposa, num átimo, pôs-se de pé, surpreendendo o
marido ao pé da filha, e, junto deles, o revólver. Incapaz de suspeitar das
intenções dele, ela recolheu a arma e, pensando que ele pretendera
suicidar-se, implorou em pranto: "Oh! Ildeu, não te mates! Jesus é testemunha
de que tenho cumprido retamente todos os meus deveres... (...) Procede
como quiseres, mas não te despenhes no suicídio”. (Ação e Reação, cap. 14,
pp. 190 a
193.)
B. Que
razões levaram Silas a apoiar o divórcio entre Marcela e Ildeu?
Explicando
suas razões a André Luiz, Silas lembrou inicialmente a passagem evangélica em que Jesus afirma que o
divórcio na Terra é permitido a nós outros pela dureza dos nossos corações. No
caso em tela, o divórcio era compreensível como providência contra o crime,
seja ele o assassínio ou o suicídio. Evidentemente, a separação não soluciona
o problema da redenção, porque ninguém se reúne no casamento humano sem o
vínculo do passado, e esse vínculo quase sempre significa débito ou compromisso
vivo no tempo. Desse modo, o divórcio não os liberaria da dívida em que se
achavam incursos, cabendo-lhes voltar ao pagamento respectivo, tão logo fosse
oportuno. (Obra citada, cap. 14, pp. 194 a 196.)
C. Por que
Ildeu tinha aversão por seu próprio filho?
Ildeu e
Marcela já haviam sido casados numa anterior existência em que também
fracassaram. Com o amparo de Abnegados Benfeitores, o casal regressou à Terra
para o doloroso resgate, com Ildeu à frente das responsabilidades, por ter
maiores culpas, tendo Marcela, que concordou em auxiliá-lo, na condição de
esposa. O filho Roberto era o ex-companheiro de Marcela que, por ciúme, Ildeu
havia assassinado. As meninas Sônia e Márcia eram as duas irmãs que Ildeu havia
arrojado ao vício e à delinquência. Ildeu, como se via, continuava displicente
e surdo aos avisos da vida, a buscar a suposta felicidade fora do lar,
desprezando novamente a esposa, querendo estremecidamente às filhas e mantendo
instintiva aversão pelo filho, seu rival e vítima na anterior existência. (Obra
citada, cap. 14, pp. 196 e 197.)
N.R. - Para acessar e ler o texto da semana passada, clique
em http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2014/11/o-caso-sabino-o-que-pode-acontecer-um.html
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