O aborto e suas consequências
Este é o módulo 52 de uma série que esperamos sirva
aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo
compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões
apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
1. Como o Espiritismo conceitua o aborto praticado
sem causa justa?
2. Três erros podem-se destacar no aborto delituoso.
Quais são eles?
3. Que espécie de aborto é admitida pela Doutrina
Espírita?
4. Que doenças podem resultar diretamente da
prática do aborto delituoso?
5. Que consequências de natureza espiritual pode o
aborto acarretar?
Texto para leitura
O aborto delituoso é a negação do amor
1. O aborto é, no entendimento unânime dos
Espíritos superiores, um doloroso crime. Arrancar uma criança ao seio materno é
infanticídio confesso. Uma mãe ou quem quer que seja cometerá crime sempre que
tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, porque impede ao
reencarnante passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se
estava formando.
2. Podem-se destacar três erros no procedimento
dessas mães. O primeiro: impedir que um Espírito reencarne e, por conseguinte,
progrida. Segundo: recusar um filho que talvez represente o instrumento que
Deus tenha dado aos pais para ajudá-los na jornada evolutiva, através dos
cuidados, das renúncias, das preocupações e trabalhos que teriam. Terceiro:
transgredir o mandamento divino “Não matarás” e de uma forma em que a vítima se
encontra em situação de desigualdade, sem a menor chance de se defender.
3. O aborto delituoso é a negação do amor. Esmagar
uma vida que desponta, plena de esperança; impedir a alma de reingressar no
mundo corpóreo; negar ao Espírito o ensejo do reajuste, representa, em qualquer
lugar, situação e tempo, inominável crime, de prolongadas e dolorosas consequências
para o psiquismo humano.
4. A Humanidade terrena encontra-se presentemente
atacada por uma série de males. São homicídios, assaltos, assassínios, doenças,
fome, catástrofes, ignorância, guerras, o que faz com que o mundo viva em
constantes convulsões sociais. Um crime, porém, existe mais doloroso, pela
volúpia de crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou
no regaço da Natureza – um crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para
suplicar piedade nem braços robustos com que se confie aos movimentos da
reação. É assim que os ensinamentos espíritas se referem ao aborto delituoso,
em que pais inconscientes determinam a morte dos próprios rebentos,
asfixiando-lhes a existência antes que possam sorrir para a bênção da luz.
Moléstias de etiologia obscura decorrem do aborto
5. Em muitos países o aborto sem causa justa – e
por causa justa devemos considerar apenas o chamado aborto terapêutico, que
objetiva salvar a vida da gestante – encontra amparo na lei, mas, de acordo com
a Doutrina Espírita, o aborto não encontra justificativa perante Deus, a não
ser em casos especialíssimos, como o citado, em que o médico honrado, sincero e
consciente entende que a continuação da gravidez põe em perigo a vida da
gestante. Somente ao médico, contudo, e a mais ninguém dá a Ciência autoridade
para emitir esse parecer.
6. De acordo com o ensinamento espírita, é o
aborto delituoso um dos grandes fornecedores das moléstias de etiologia obscura
e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, que ocupam vastos
departamentos nos hospitais e prisões da Terra. A mulher que o promove ou que
venha a coonestar semelhante delito é constrangida, por leis irrevogáveis, a
sofrer alterações deprimentes no centro genésico de sua alma, predispondo-se a
dolorosas enfermidades, como a metrite ([1]), o vaginismo ([2]), a metralgia
([3]), o enfarte uterino ou a tumoração cancerosa, flagelos esses com os quais,
muitas vezes, desencarna, demandando o Além para responder, perante a Justiça
divina, pelo crime cometido.
7. É então que se reconhece rediviva, mas doente e
infeliz, porque, pela incessante recapitulação mental do ato abominável,
através do remorso, reterá por tempo longo a degenerescência das forças
genitais.
8. A mulher que corrompeu voluntariamente o seu centro
genésico – informa André Luiz no livro Ação
e Reação, pp. 210 e 211 – receberá de futuro almas que viciaram a forma que
lhes é peculiar e será, assim, mãe de criminosos e suicidas, regenerando as
energias sutis do perispírito através do sacrifício nobilitante com que se
devotará aos filhos torturados e infelizes de sua carne, aprendendo a orar, a
servir com nobreza e a mentalizar a maternidade pura e sadia, que acabará
reconquistando ao preço de sofrimentos e trabalho justos.
O aborto pode ser a porta que se fecha para os nossos amigos
9. As consequências espirituais do aborto estão
igualmente bem caracterizadas na experiência seguinte que nos é relatada por
Suely Caldas Schubert em seu livro Obsessão/Desobsessão,
editado em 1981 pela Federação Espírita Brasileira. No cap. 9 da terceira parte
da citada obra, Suely Schubert relata três comunicações mediúnicas relacionadas
com o aborto e seus efeitos. A primeira é a de um médico que enquanto encarnado
dedicou-se a essa prática, mesmo nos casos em que o procedimento nenhuma
justificativa tivesse. O Espírito do médico apresentou-se, obviamente, extremamente
perturbado, dizendo-se perseguido por vários inimigos desencarnados. Acusando-se
a si mesmo de criminoso, estava aterrorizado com seus atos. O arrependimento já
lhe havia chegado; não obstante, demonstrava muito medo de seus perseguidores,
entre os quais se contavam algumas das vítimas do seu bisturi.
10. O segundo comunicante era uma mulher que havia
morrido durante a realização de um aborto delituoso. Atormentada pelo remorso
dessa ação, nutria um ódio especial pelo médico que a atendera, a quem, agora,
perseguia, desejosa de vingança.
11. A terceira entidade a se comunicar era também
uma mulher que cometera um aborto em sua última existência na Terra. Sendo
pobre e lutando com muitas dificuldades para a manutenção dos filhos, a coitada
desorientou-se ao engravidar e procurou uma forma de abortar aquele que seria o
sexto filho. Praticado o crime, o arrependimento foi-lhe terrível e imediato.
Jamais ela se perdoou por esse gesto e, desse modo, sofreu duplamente ao
carregar pelo resto dos seus dias o peso do remorso. Sua existência foi longa e
difícil. Enfrentou as asperezas e dificuldades da vida e, ao fim de prolongada
moléstia, desencarnou.
12. O plano espiritual reservou-lhe, porém, uma
surpresa. Ao desencarnar, encontrou-se com o Espírito do filho rejeitado, e
grande foi seu abalo ao verificar que ele era um ente muito querido ao seu coração,
companheiro de lutas do passado, que renasceria em seu lar com a finalidade
precípua de ajudá-la a tornar menos amargos os seus dias. Espírito de certa
elevação moral, ele há muito lhe perdoara a atitude infeliz, mas ela jamais se
conformou com o ato praticado e agora, no plano espiritual, tomara a si a
tarefa de socorrer as pessoas tendentes a cometer o mesmo erro, para
mostrar-lhes que o destino é construção individual e que o aborto, longe de ser
solução para as dificuldades da vida, será sempre o agravamento dos nossos
males, quando não a porta que se fecha para os nossos melhores amigos.
[1] Metrite: inflamação do útero.
[2] Vaginismo: contração espasmódica do músculo
constritor da vagina.
[3] Metralgia: dor no útero.
Respostas às questões propostas
1. Como o
Espiritismo conceitua o aborto praticado sem causa justa?
No entendimento unânime dos Espíritos superiores,
o aborto sem causa justa é um doloroso crime. Uma mãe ou quem quer que seja
cometerá crime sempre que, sem motivo válido, tirar a vida a uma criança antes
do seu nascimento.
2. Três
erros podem-se destacar no aborto delituoso. Quais são eles?
O primeiro: impedir que um Espírito reencarne e,
por conseguinte, progrida. Segundo: recusar um filho que talvez represente o
instrumento que Deus tenha dado aos pais para ajudá-los na jornada evolutiva,
através dos cuidados, das renúncias, das preocupações e trabalhos que teriam.
Terceiro: transgredir o mandamento divino “Não matarás”.
3. Que
espécie de aborto é admitida pela Doutrina Espírita?
É o chamado aborto terapêutico, que objetiva
salvar a vida da gestante posta em perigo com a continuação da gestação.
4. Que
doenças podem resultar diretamente da prática do aborto delituoso?
Segundo o ensinamento espírita, o aborto delituoso
é um dos grandes fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das
obsessões catalogáveis na patologia da mente, que ocupam vastos departamentos nos
hospitais e prisões da Terra. A mulher que o promove ou que venha a coonestar
semelhante delito é constrangida, por leis irrevogáveis, a sofrer alterações
deprimentes no centro genésico de sua alma, predispondo-se a dolorosas
enfermidades, como a metrite, o vaginismo, a metralgia, o enfarte uterino ou a
tumoração cancerosa, flagelos esses com os quais, muitas vezes, desencarna,
demandando o Além para responder, perante a Justiça divina, pelo crime cometido.
5. Que consequências
de natureza espiritual pode o aborto acarretar?
A obsessão e o sofrimento moral são algumas das consequências
de ordem espiritual ocasionadas pelo aborto delituoso. Suely Caldas Schubert
trata do assunto em seu livro Obsessão/Desobsessão,
terceira parte, cap. 9.
Nota:
Eis os links que remetem aos 3
últimos textos:
Módulo 49 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/10/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_12.html
Módulo 50 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/10/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_19.html
Módulo 51 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/10/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_26.html
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