Cristianismo e
Espiritismo
Léon Denis
Parte 1
Iniciamos nesta data o estudo do livro Cristianismo e Espiritismo, que vamos realizar conforme a 6ª edição
publicada pela Federação Espírita Brasileira, com tradução de Leopoldo Cirne.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma
de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se
no final do texto indicado para leitura.
Questões preliminares
A. Como será no futuro a crença universal dos habitantes
deste planeta?
B. Que mudança experimentou a Igreja a partir do seu
reconhecimento pelo Império Romano?
C. Em que época surgiram, nas comunidades cristãs, as
doutrinas da predestinação e da graça?
D. Existe alguma diferença essencial entre os evangelhos de
Marcos, Lucas e Mateus e o de João?
Texto para
leitura
1. Uma das objeções mais sérias feitas modernamente ao
Cristianismo é que sua doutrina repousa sobre fatos ditos “miraculosos” que o
homem esclarecido não poderia hoje admitir. (Introdução, p. 9)
2. Por um aprofundado estudo das manifestações do além-túmulo,
o Espiritismo demonstra que esses fatos ocorreram em todas as épocas e que uma
perfeita comunhão une os habitantes do espaço ao mundo terrestre. (P. 10)
3. O objetivo do homem na Terra não é levar uma vida
faustosa e sensual. Um povo não é grande, um povo não se eleva senão pelo
trabalho, pelo culto da justiça e da verdade. (P. 11)
4. Contra as doutrinas de negação e morte falam os fatos.
Uma experimentação metódica, prolongada, nos conduz à certeza de que o ser
humano sobrevive à morte e o seu destino é obra sua. (P. 12)
5. A vida tem um objetivo; a lei moral tem uma realidade e
uma sanção; não há sofrimentos inúteis, trabalho sem proveito, nem provas sem
compensação. Tudo é pesado na balança do Divino Justiceiro. (P. 12)
6. O homem tem tanta necessidade de uma crença como de uma
pátria, como de um lar. Há no coração humano tendências e necessidades que
nenhum sistema negativista poderá satisfazer. Mau grado à dúvida que a oprime,
desde que a alma sofre, instintivamente ela se volta para o céu. (P. 13)
7. O ideal religioso evolverá, como todas as manifestações
do pensamento. A futura fé, que já emerge dentre as sombras, não será nem
católica nem protestante; será a crença universal das almas, que reina em todas
as sociedades adiantadas do espaço, mediante a qual não há antagonismo entre a
ciência e a religião. (P. 14)
8. O Moderno Espiritualismo, em que renascem tantas
verdades há séculos ocultas, ressurge sob mais imponentes formas, para
encaminhar a um novo ciclo ascensional a Humanidade em marcha. (P. 15)
9. A Igreja só foi verdadeiramente popular e democrática em
suas origens durante os tempos apostólicos. No dia em que foi oficialmente
reconhecida pelo Império, a partir da conversão de Constantino, tornou-se a
amiga dos Césares e, algumas vezes, a cúmplice dos grandes e dos poderosos. (P.
18)
10. Grande e bela, no entanto, foi outrora a Igreja de
França, asilo dos mais elevados espíritos e das mais nobres inteligências. Os
grandes mosteiros, as abadias célebres tornaram-se os refúgios do pensamento
humano. (P. 19)
11. Onde estão hoje, na Igreja, os pensadores e os
artistas, os verdadeiros sacerdotes e os santos? Eles cederam lugar aos
políticos combativos e negocistas. (P. 19)
12. Jesus não fundou a religião do Calvário para dominar os
povos e os reis, mas para libertar as almas do jugo da matéria e pregar, pela
palavra e pelo exemplo, o único dogma de redenção: o Amor. (P. 21)
13. Esqueçamos os despotismos solidários dos reis e da
Igreja, a Inquisição e suas vítimas, e voltemos aos tempos atuais, em que ela
cometeu um de seus maiores erros: a definição do dogma da infalibilidade papal.
(P. 21)
14. O vestuário do Papa, seus gestos e atitudes, o
cerimonial e o fausto de sua cúria, tudo recorda as pompas cesarianas, o que
levou o orador espanhol Emílio Castelar a exclamar, vendo Pio IX carregado na
sédia, a caminho de S. Pedro: “Aquele não é o pescador da Galileia, é um
sátrapa do Oriente!” (PP. 21 e 22)
15. Na Igreja a teologia aniquilou o Evangelho, como nas
Sinagogas o Talmude havia desnaturado a Lei. (P. 22)
16. A doutrina revelada pelos Espíritos é bem mais ampla
que os dogmas exclusivos das Igrejas agonizantes e, se o futuro pertence a
alguém, há de o ser indubitavelmente ao espiritualismo universal. (P. 23)
17. O Cristo nada escreveu. Suas palavras, disseminadas ao
longo dos caminhos, foram transmitidas de boca em boca e, posteriormente,
transcritas em diferentes épocas, muito tempo depois da sua morte. (P. 25)
18. Não é senão entre os anos 60 e 80 que aparecem as
primeiras narrações escritas, a de Marcos a princípio, que é a mais antiga,
depois as de Mateus e Lucas [1]. Foi entre os anos 80 e 98 que surgiram os
evangelhos de Lucas e de Mateus. Entre 98 e 110, apareceu em Éfeso o evangelho
de João. Embora a Igreja só reconheça esses quatro, são conhecidos cerca de
vinte evangelhos. (P. 26)
19. Os primeiros apóstolos limitavam-se a ensinar a
paternidade de Deus e a fraternidade humana, e demonstravam a necessidade da
penitência, isto é, da reparação das nossas faltas. (P. 27)
20. Com Paulo, e depois dele, surgem doutrinas confusas no
seio das comunidades cristãs. Sucessivamente, a predestinação e a graça, a
divindade do Cristo, a queda e a redenção, a crença em Satanás e no inferno
serão lançadas nos espíritos, alterando a pureza e a simplicidade dos
ensinamentos de Jesus. (P. 27)
21. Os evangelhos de Marcos, Lucas e Mateus, designados
sinóticos, acham-se fortemente impregnados do pensamento judeu-cristão dos
apóstolos; o evangelho de João se inspira, porém, em influência diferente.
Encontra-se nele um reflexo da filosofia grega, rejuvenescida pelas doutrinas
da escola de Alexandria. (P. 28) (Continua
na próxima edição.)
[1] Os historiadores e Léon Denis, se confiarmos nas
informações de Emmanuel, estão errados. Em Paulo
e Estêvão, livro psicografado por Francisco Cândido Xavier, Emmanuel diz
que as anotações de Levi, ou Mateus, já circulavam e eram copiadas quando
Marcos nem havia começado suas tarefas.
Respostas às
questões preliminares
A. Como será no
futuro a crença universal dos habitantes deste planeta?
O ideal religioso evolverá, como todas as manifestações do
pensamento. A futura fé não será nem católica nem protestante; será a crença
universal das almas, que reina em todas as sociedades adiantadas do espaço,
mediante a qual não há antagonismo entre a ciência e a religião. (Cristianismo e Espiritismo, Introdução,
p. 14.)
B. Que mudança
experimentou a Igreja a partir do seu reconhecimento pelo Império Romano?
No dia em que foi oficialmente reconhecida pelo Império, a
partir da conversão de Constantino, a Igreja tornou-se a amiga dos Césares e,
algumas vezes, a cúmplice dos grandes e dos poderosos. (Obra citada, prefácio,
p. 18.)
C. Em que época
surgiram, nas comunidades cristãs, as doutrinas da predestinação e da graça?
Foi a partir de Paulo que surgiram as doutrinas da graça e
da predestinação, seguidas depois pela divindade do Cristo, a queda e a
redenção, a crença em Satanás e no inferno, o que alterou a pureza e a
simplicidade dos ensinamentos de Jesus. (Obra citada, cap. I, p. 27.)
D. Existe alguma
diferença essencial entre os evangelhos de Marcos, Lucas e Mateus e o de João?
Sim. Os evangelhos de Marcos, Lucas e Mateus, designados
sinóticos, acham-se fortemente impregnados do pensamento judeu-cristão dos
apóstolos. O evangelho de João inspirou-se em influência diferente. Encontra-se
nele um reflexo da filosofia grega, rejuvenescida pelas doutrinas da escola de
Alexandria. (Obra citada, cap. I, p. 28.)
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