domingo, 31 de dezembro de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo







Obras mediúnicas duvidosas: que fazer?

Uma leitora perguntou-nos qual é a maneira mais racional de identificarmos um autor de "obra mediúnica" inadequada à formação espírita?
Diante dessa indagação, não nos é possível deixar de mencionar o conselho que o saudoso médium Chico Xavier recebeu de Emmanuel, logo no início de suas tarefas no campo da mediunidade:
"Lembro-me de que, em um dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo”. 
Segundo Chico Xavier, o fato se deu em 1931, antes pois da publicação de Parnaso de Além-Túmulo, que veio a lume em 1932.
O primeiro critério que deve guiar o leitor é, pois, examinar se a obra, mediúnica ou não mediúnica, é compatível com a doutrina contida no Evangelho e com o Espiritismo.
Outra medida relevante, recomendada por Allan Kardec no cap. XXVII, item 303, d´O Livro dos Médiuns, em uma “Observação” inserida após a 2ª pergunta, é não nos deixarmos – médiuns, comentaristas e leitores – deslumbrar pelos nomes que os Espíritos tomam com o objetivo de dar uma aparência de verdade a suas palavras, e desconfiar sempre "de teorias e sistemas científicos arriscados" e “de tudo o que se afastar do objetivo moral das manifestações".
Nada, absolutamente nada, ocorre por acaso. Toda pessoa que se dedicar à mediunidade deve, portanto, manter-se vigilante e não ignorar nem desprezar jamais a advertência de Erasto contida no cap. XX, item 230, d´O Livro dos Médiuns: “Melhor será repelir dez verdades do que admitir uma única mentira, uma só teoria falsa”.
O motivo dessa recomendação advém do fato de que nenhum médium está imune à mistificação. Assim, todo cuidado é pouco quando lidamos com o que nos vem do chamado plano espiritual. Em uma referência direta ao assunto, Divaldo Franco declarou certa vez: “As falsas comunicações, que de tempos a tempos o médium recebe, são avisos para que não se considere infalível e não se ensoberbeça”. (Cf. Moldando o Terceiro Milênio, de Fernando Worm, cap. 7, pág. 62.)
No texto de abertura do seu livro A Pedra e o Joio (edições Cairbar, 1975), escreveu Herculano Pires: “No Espiritismo a pedra de toque é a obra de Kardec”, frase de efeito que ele justificou em seguida, aditando ali algumas medidas que concorreriam para evitar – ou pelo menos minimizar – o surgimento de “obras mediúnicas” inadequadas, que constituem a preocupação da leitora que nos escreveu.
Disse Herculano na obra mencionada:
“Usar do bom senso é o primeiro preceito da normativa de Kardec.
Examinar com rigor a linguagem dos Espíritos comunicantes, submetê-los a testes de bom senso e conhecimento, verificar a relação de realidade dos conceitos por eles enunciados (relação do seu pensamento com os fatos, as coisas e os seres), enquadrar os seus ensinos e revelações no contexto cultural da época, verificando o alcance abusivo ou não das afirmações mais audaciosas — eis os elementos que temos de observar no trato da mediunidade, se não quisermos cair em situações difíceis, a que fatalmente nos levariam Espíritos imaginosos ou pseudossábios. E ao lado disso submeter tudo quanto possível à comprovação experimental, à pesquisa.
Bem sabemos que tudo isso requer espírito metódico, um fundo básico de conhecimentos gerais, capacidade normal de discernimento, superação da curiosidade doentia, controle rigoroso da ambição e da vaidade, equilíbrio do raciocínio, maturidade intelectual, critério científico de observação e pesquisa e firme decisão de não se deixar levar pelas aparências, aprofundando sempre o exame de todos os aspectos dos problemas e das circunstâncias.” (A Pedra e o Joio, edições Cairbar, 1975.)
No prefácio que escreveu para a edição de 1911 do seu livro No Invisível, Léon Denis disse que a credulidade, no plano terrestre, atrai os charlatães, os exploradores de toda espécie, a chusma dos cavalheiros de indústria que só procuram ludibriar. E advertiu: “Eis aí um perigo para o Espiritismo. Cumpre-nos, pois, a todos os que em nosso coração zelamos a verdade e nobreza dessa coisa, conjurá-lo. De sobra se tem repetido: o Espiritismo ou será científico, ou não subsistirá. Ao que acrescentaremos: o Espiritismo deve, antes de tudo, ser honesto!”




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sábado, 30 de dezembro de 2017

Contos e crônicas




A Bíblia é a palavra de Deus?


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Amigo Machado, que dizem os espíritos celestes em relação à Bíblia?
— Ah, meu caro Jó, esse é um tema da mais alta transcendência. Embora o Antigo Testamento (AT) seja considerado a palavra de Deus ao povo hebreu e, por extensão, a toda a humanidade, o Senhor jamais se comunica diretamente com os seres humanos. Isso, entretanto, não tira a importância dessa obra, desde que observado seu aspecto de legislação temporal.
Deus é Espírito, já dissera Jesus à samaritana. E, como Inteligência Suprema que nos criou simples e ignorantes, mas fadados à perfeição, ao longo dos milênios, à medida que algum de nós atinge elevada condição espiritual e se identifica com Ele, tal entidade recebe sua incumbência de representá-lo em cada um dos inumeráveis orbes do Universo. São os chamados profetas, messias ou cristos, como é o caso de Jesus.
Na Terra, dentre muitos profetas que nos trouxeram revelações transcendentes, temos, na Índia, Sidarta Gautama, o Buda; na China, Confúcio e Lao-Tsé; na Pérsia, Zoroastro; na Grécia, Sócrates e Platão... Entretanto, num período bastante obscuro, há cerca de 1.600 anos a.C., Moisés recebeu mediunicamente os Dez Mandamentos, cuja síntese maravilhosa foi proposta pelo fundador, governador e protetor desde planeta azul: Jesus Cristo, a serviço de quem estão todos os chamados profetas.
— Então, a Bíblia não é o único livro sagrado, Machado?
— Não, Jó, pois embora esses profetas, em sua época, tenham trazido ao mundo mensagens de cunho elevado, todos eles foram intérpretes humanos que, ao lado de grandes verdades, impuseram suas ideias pessoais. Daí terem surgido as leis genéricas que contradizem a Lei única de Deus: a Lei do Amor. Esta, ninguém, como o Cristo, pregou e exemplificou de modo mais perfeito.
Estas palavras de Jesus confirmam sua identificação apenas com a Lei de Deus: “Não vim modificar a Lei e os profetas” (Mateus, 5: 17); mas também disse: “Ouvistes o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao mal; mas, se alguém vos bater na face direita, oferecei-lhe também a outra” (id., 5: 38- 39).
Mesmo nessas últimas palavras, devemos entender o sentido simbólico. Caso contrário, seríamos massacrados pelas criaturas ainda embrutecidas da Terra. E o esclarecimento do sentido do oferecimento da outra face, proposto por Ele, nós tivemos na passagem evangélica em que um dos criados do sumo sacerdote o esbofeteia e, ruborizado de vergonha, ouve do Cristo esta repreensão: “Se falei mal, testemunha sobre o mal; mas, se falei bem, por que me bates?” (João, 18: 23).
O Antigo Testamento é o clamor humano aos céus; e o Novo Testamento é a resposta de Deus, por seu Filho e nosso irmão maior: Nosso Senhor Jesus Cristo! No primeiro caso, a lei estava enfocada na justiça; no segundo, no amor. E, sendo Deus Amor, não são d’Ele decisões e palavras como estas:
Então, arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a Terra, e pesou-lhe em seu coração. E disse Deus: Destruirei, de sobre a face da Terra, o homem que criei e, com ele, o animal, até o réptil e até a ave do céu; porque me arrependo de os haver feito (Gênesis, 6: 6- 7).
Falando sobre a perfeição de Deus, nosso Pai, esclarece Jesus que Aquele “[...] faz que o seu Sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mateus, 5: 45 e 48). Por fim, recomenda: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus” (id.). Desse modo, mais uma vez, deduzimos que somos filhos da Perfeição Suprema, e jamais nosso Pai se arrependeria de nos ter criado.
Em suma, Jó, precisamos ler o AT, assim como outras obras sagradas, atentos ao que no AT Jesus preservou como Lei intemporal: o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. É nisso que estão toda a Lei e os profetas.
Quanto ao exame dos textos sagrados, atentemos para o que diz Paulo em I Tessalonicenses, 5: 21: “Examinai tudo, retende o bem”. Mas é em O Evangelho segundo o Espiritismo que você encontrará a essência da Mensagem Divina: o ensino moral, única parte incontroversa da Boa-Nova em todas as épocas da humanidade, por representar a palavra do único ser identificado plenamente com Deus: Jesus Cristo.






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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas





Cristianismo e Espiritismo

Léon Denis

Parte 6

Continuamos o estudo do livro Cristianismo e Espiritismo, que vimos realizando conforme a 6ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, baseada em tradução de Leopoldo Cirne.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Como devemos entender o dogma da ressurreição da carne?
B. Que diz Léon Denis sobre o batismo?
C. Quem instituiu a confissão auricular?

Texto para leitura

68. Quando a Igreja afirma que Jesus se ofereceu a Deus em holocausto, para a redenção da Humanidade, de que terá ele resgatado os homens? Certamente, não é das penas do inferno, porque ela continua a ensinar que os indivíduos que morrem em estado de pecado mortal são condenados às penas eternas. (P. 84)
69. Ora, se ele resgatou os homens do pecado, por que ainda os batizam? A missão de Jesus não era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade, pois o sangue, mesmo de Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. O Cristo desceu das esferas de luz, onde tudo é serenidade e paz, para mostrar-nos o caminho que conduz a Deus: esse o seu sacrifício. (P. 85)
70. A doutrina católica prega também a existência do demônio, que, segundo a Igreja, é um ser perfeitamente real, uma personalidade distinta do resto da Natureza, com vida, ação e domínio próprios. (P. 87)
71. Não pode haver sofrimentos eternos, mas unicamente sofrimentos temporários, apropriados às necessidades da lei de evolução e progresso. O princípio das reencarnações é mais justo que a noção do inferno eterno. (P. 89)
72. O vocábulo eterno, que aparece com frequência nas Escrituras, não deve ser tomado ao pé da letra. Em numerosos casos o vocábulo parece simplesmente significar: longa duração, um fim que não se conhece. O termo hebraico ôlam, traduzido por eterno, tem como raiz o verbo âlam, ocultar. Exprime um período cujo fim se ignora. (P. 91)
73. A questão do purgatório é importante, porque pode constituir um vínculo entre as doutrinas católica e espírita. Segundo a Igreja romana, o purgatório é um lugar não definido. Os protestantes ortodoxos rejeitam-no. (PP. 92 e 93)
74. Quase sempre o que chamamos o mal é apenas o sofrimento, mas este é necessário, porque só ele conduz à compreensão. É pelo sofrimento que a alma atinge a plenitude do seu brilho, a plena consciência de si mesma. (P. 93)
75. Sob o látego da necessidade, sob o aguilhão da dor, o homem caminha, avança, eleva-se e, de existência em existência, de progresso em progresso, chega a imprimir ao mundo o cunho do seu domínio e inteligência. (P. 94)
76. A maior parte dos padres da Igreja entendiam a ressurreição da carne doutro modo. Conheciam eles a existência do perispírito, desse corpo fluídico, sutil, imponderável, que é o invólucro permanente da alma. (P. 97)
77. Assim é que atribuíam a ressurreição senão a esse corpo espiritual, que resume, em sua substância quintessenciada, todos os invólucros grosseiros que a alma tomou e depois abandonou ao longo dos séculos. (P. 97)
78. Tertuliano diz que os anjos têm um corpo que lhes é próprio e que se pode transfigurar em carne humana. Paulo ensinava: “Semeia-se corpo animal, ressuscitará o corpo espiritual” (I Coríntios,  XV, 4 a 50). (P. 98)
79. Examinada com atenção a Bíblia, vê-se que nela não existe a expressão “ressurreição da carne”, mas sim “ressurreição dos mortos” ou “dentre os mortos”. [1] (P. 98)
80. O que foi dito do pecado original nos conduz a considerar o batismo simples cerimônia iniciática ou de consagração, porque a água é impotente para limpar de suas máculas a alma. (P. 101)
81. Se consultarmos todos os textos em que se funda a instituição da confissão, neles só encontraremos uma coisa: que o homem deve reconhecer as ofensas cometidas contra o próximo e confessá-las diante de Deus. Aliás, a confissão auricular nunca foi praticada nos primeiros tempos do Cristianismo; não foi Jesus quem a instituiu; foram os homens. (PP. 101 e 102) (Continua na próxima edição.)

[1] O confrade e filólogo general Milton O’ Reilly afirma que a tradução correta da expressão original é “ressurreição na carne”, e não “da carne”, o que significa coisa inteiramente diversa.

Respostas às questões preliminares

A. Como devemos entender o dogma da ressurreição da carne?
Devemos entendê-la como a entendia a maior parte dos padres da Igreja, que conheciam a existência do perispírito, o corpo espiritual, sutil, imponderável, invólucro permanente da alma, o qual pode assumir todos os invólucros grosseiros que a alma tomou e depois abandonou ao longo dos séculos. A esse corpo espiritual Paulo se refere na 1ª Epístola aos Coríntios. Com efeito, se examinarmos com atenção a Bíblia, veremos que nela não existe a expressão “ressurreição da carne”, mas sim “ressurreição dos mortos” ou “dentre os mortos”. (Cristianismo e Espiritismo, cap. VII, pp. 97 e 98.)
B. Que diz Léon Denis sobre o batismo?
Em face da concepção espírita do pecado original, o batismo deve ser encarado como simples cerimônia iniciática ou de consagração, visto que a água é impotente para limpar de suas máculas a alma. (Obra citada, cap. VII, p. 101.)
C. Quem instituiu a confissão auricular?
A confissão auricular, que jamais foi praticada nos primeiros tempos do Cristianismo, foi instituída pelos homens. (Obra citada, cap. VII, pp. 101 e 102.)

Nota:
Para ver os três últimos textos, clique nos links abaixo:





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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Iniciação ao estudo da doutrina espírita







Pluralidade dos mundos
habitados

Este é o módulo 60 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Existem no Universo muitos planetas habitados como a Terra?
2. As emigrações e imigrações de Espíritos podem ocorrer em que situações?
3. Os ascendentes da etnia branca existente na Terra vieram de onde?
4. Que significa a expressão raça adâmica?
5. Em que época, segundo o Gênesis e o Espiritismo, viveu Adão? 

Texto para leitura

As migrações de Espíritos podem dar-se entre os diversos mundos
1. Um dos princípios fundamentais do Espiritismo é o da pluralidade dos mundos habitados. Na obra da criação divina, entre os mundos destinados à encarnação de Espíritos em estágio probatório ou expiatório, encontra-se a Terra, uma das inumeráveis habitações do ser humano. Evidentemente, existem muitos outros mundos que abrigam humanidades semelhantes à nossa, não sendo o homem terreno o único ser corpóreo dotado de inteligência, racionalidade e senso moral no Universo imenso.
2. Criado simples e ignorante, dotado de liberdade e livre-arbítrio, inclinado tanto para o bem quanto para o mal, falível portanto, o Espírito sujeita-se a encarnar e reencarnar, experimentando múltiplas existências corporais na Terra ou em outros planetas, tantas quantas forem necessárias para ultimar sua depuração e seu progresso. Esse processo admirável realiza-se através das emigrações e imigrações de Espíritos, ou seja, da alternância sucessiva e múltipla das existências humanas nos dois planos da vida: o corpóreo e o espiritual. Todo Espírito encarnado, enquanto seu corpo vive, está fixado no mundo em que encarnou.
3. Desencarnado, passa ele à condição de Espírito errante, que é exatamente o indivíduo que ainda necessita de reencarnar para depurar-se e progredir. No estado de erraticidade o Espírito continua a pertencer ao mundo onde tem de encarnar, mas, não estando a ele fixado pelo corpo, é mais livre e pode até mesmo visitar outros mundos, com a finalidade de instruir-se.
4. As emigrações e imigrações de Espíritos podem ocorrer também entre mundos diferentes, isto é, podem os Espíritos emigrar de uns para outros planetas. Uns emigram por força do progresso realizado, que os habilita a ingressar em um mundo mais adiantado, o que é um prêmio para eles; outros, ao contrário, são banidos do mundo a que pertencem, por não haverem acompanhado o progresso moral atingido pela humanidade desse mundo. O exílio que lhes é imposto constitui verdadeiro castigo, que a lei de justiça impõe aos recalcitrantes no mal, escravizados ao orgulho e ao egoísmo.  

A raça adâmica teve sua origem na imigração de Espíritos
5. Os ensinamentos espíritas aqui resumidos ajudam-nos a compreender e a melhor explicar as diversidades raciais humanas. A etnia branca existente na Terra, chamada outrora de “raça branca” (1), foi constituída, inicialmente, de Espíritos emigrados de um planeta pertencente ao sistema de Capela, uma estrela milhares de vezes maior que o Sol. 
6. Havendo o mencionado planeta atingido um estágio de progresso condizente com o de um mundo regenerado e mais feliz, mas permanecendo nele uma legião de Espíritos ainda recalcitrantes no orgulho e em outros sérios defeitos morais, tiveram eles de ser banidos e, por causa disso, muitos acabaram sendo encaminhados para o planeta Terra, onde foram recebidos por Jesus.
7. Em nosso mundo, sendo muito mais adiantados que os habitantes pertencentes aos povos autóctones ou indígenas, sobretudo no tocante à inteligência, vieram impulsionar o progresso daqueles, mesclando-se a eles e expandindo sua cultura por todos os cantos da Terra. Os homens que resultaram da reencarnação dos exilados de Capela em nosso mundo formaram a chamada raça adâmica, que deu origem a quatro grupos: os arianos ou indo-europeus, os egípcios, os israelitas e os indianos. 
8. A história dos exilados de Capela permite-nos compreender melhor as narrativas bíblicas acerca de Adão e Eva e sua expulsão do Paraíso. A lenda do Paraíso perdido funda-se, em verdade, no banimento daquela legião de Espíritos do planeta capelino, que, se comparado com a Terra, podia considerar-se efetivamente um paraíso.
9. Emmanuel, em seu livro A Caminho da Luz, nos dá informações valiosas a respeito da chamada raça adâmica, assunto que foi tratado igualmente por Kardec em A Gênese. Nesta obra, o Codificador, depois de aludir à questão das emigrações e imigrações coletivas de Espíritos de um mundo para outro, faz clara referência à raça adâmica no cap. XI, item 38: “De acordo com o ensino dos Espíritos, foi uma dessas grandes imigrações, ou se quiserem, uma dessas Colônias de Espíritos, vinda de outra esfera, que deu origem à raça simbolizada na pessoa de Adão e, por essa razão mesma, chamada raça adâmica. Quando ela aqui chegou, a Terra já estava povoada desde tempos imemoriais, como a América, quando aí chegaram os europeus”.

Adão e Eva viveram na Terra no período neolítico
10. Mais adiantada do que as que a tinham precedido neste planeta, a raça adâmica foi, com efeito, a mais inteligente e a que impeliu ao progresso todas as outras. O Gênesis no-la mostra, desde os seus primórdios, industriosa, apta às artes e às ciências, o que mostra que ela não passou na Terra pela infância espiritual, diferentemente do que ocorreu com os demais povos que habitavam, então, o planeta.
11. Tudo leva a crer que a chamada raça adâmica não é antiga na Terra e nada se opõe a que seja considerada como habitando este globo desde apenas alguns milhares de anos, o que não estaria em contradição com os fatos geológicos, nem com as observações antropológicas, antes tenderia a confirmá-las. Caim e Abel tinham habilidades desconhecidas dos homens primitivos, como o uso da terra para plantio e o pastoreio. Caim conhecia também a arte da construção de casas e cidades, uma conquista do período neolítico, porque antes dele os homens da Terra viviam em cavernas.
12. Chama-se período neolítico ao período da época holocena em que os vestígios culturais do homem pré-histórico se caracterizavam pela presença de artefatos de pedra polida (ainda não era utilizado o bronze) e pelo aparecimento da agricultura. A época holocena, iniciada há cerca de 12.000 anos, é aquela em que as geleiras se restringiram às regiões polares e ocorreram o desenvolvimento e a expansão da civilização humana. 
13. O Espiritismo nos ensina que a espécie humana não começou por um único homem e que aquele a quem chamamos Adão não foi o primeiro nem o único a povoar a Terra. Kardec indagou aos Espíritos Superiores: “Em que época viveu Adão?” Eles responderam: “Mais ou menos na que lhe assinais: cerca de 4.000 anos antes do Cristo” (L.E., item 51). De fato, a narrativa contida no cap. 4 do Gênesis nos leva ao mesmo entendimento, porque somente no período neolítico – entre os anos 5.000 a.C. e 2.500 a.C. – é que surgiu na Terra o pastoreio, seguido do cultivo da terra, e o homem passou de caçador a pastor. Ora, Caim cultivava o solo e seu irmão Abel era pastor, o que prova que a data indicada pelos Espíritos a respeito da época em que viveu Adão é perfeitamente compatível com os registros históricos. Como o povoamento da Terra se iniciou em épocas bem mais recuadas, é evidente que não descendemos dos pais de Abel e Caim, mas de outros ancestrais que teriam vivido muito antes.

(1) Diversos autores, seguindo critérios distintos de classificação, propuseram diferentes classificações da humanidade em termos raciais. A mais básica e difundida é a das três grandes subdivisões: caucasoide (raça "branca"), negroide (raça "negra") e mongoloide (raça "amarela"). Como conceito antropológico, essa classificação sofreu numerosas e fortes críticas, pois a diversidade genética da humanidade parece apresentar-se num contínuo, e não com uma distribuição em grupos isoláveis, e as explicações que recorrem à noção de raça não respondem satisfatoriamente às questões colocadas pelas variações culturais. É, pois, somente pela falta de um termo mais adequado que utilizamos no texto acima o vocábulo “raça”, certo de que existe uma única raça no mundo em que vivemos: a raça humana.

Respostas às questões propostas

1. Existem no Universo muitos planetas habitados como a Terra?
Sim. Segundo o Espiritismo, existem muitos outros mundos que abrigam humanidades semelhantes à nossa, não sendo o homem terreno o único ser corpóreo dotado de inteligência, racionalidade e senso moral no Universo imenso.
2. As emigrações e imigrações de Espíritos podem ocorrer em que situações?
Há Espíritos que emigram por força do progresso realizado, que os habilita a ingressar em um mundo mais adiantado, o que é um prêmio para eles; outros, ao contrário, são banidos do mundo a que pertencem, por não haverem acompanhado o progresso moral atingido pela humanidade desse mundo. O exílio que lhes é imposto constitui, então, um verdadeiro castigo, que a lei de justiça impõe aos recalcitrantes no mal, escravizados ao orgulho e ao egoísmo.
3. Os ascendentes da etnia branca existente na Terra vieram de onde?
Ela foi constituída, inicialmente, de Espíritos emigrados de um planeta pertencente ao sistema de Capela, uma estrela milhares de vezes maior que o Sol. 
4. Que significa a expressão raça adâmica?
De acordo com o ensino dos Espíritos, foi uma dessas grandes imigrações de Espíritos, vindos de outra esfera, que deu origem à raça simbolizada na pessoa de Adão e, por essa razão mesma, chamada raça adâmica. Quando ela aqui chegou, a Terra já estava povoada desde tempos imemoriais, como a América, quando aí chegaram os europeus. Mais adiantada do que os povos que a tinham precedido neste planeta, a raça adâmica foi, com efeito, a mais inteligente e a que impeliu ao progresso todas as outras. O Gênesis no-la mostra, desde os seus primórdios, industriosa, apta às artes e às ciências, o que mostra que ela não passou na Terra pela infância espiritual, diferentemente do que ocorreu com os demais povos que habitavam, então, o planeta.
5. Em que época, segundo o Gênesis e o Espiritismo, viveu Adão?
Segundo os ensinos espíritas, Adão viveu cerca de 4.000 anos antes do Cristo, um dado que é compatível com a narrativa contida no cap. 4 do Gênesis, porque somente no período neolítico – entre os anos 5.000 a.C. e 2.500 a.C. – é que surgiu na Terra o pastoreio, seguido do cultivo da terra, e o homem passou de caçador a pastor. Ora, conforme o relato bíblico, Caim cultivava o solo e seu irmão Abel era pastor, o que prova que a data indicada pelos Espíritos a respeito da época em que viveu Adão está de acordo com os registros históricos.


Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 50 e 53.   
A Gênese, de Allan Kardec, itens 37, 38, 39 e 56. 


Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:




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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Pílulas gramaticais (289)






Mesóclise ou tmese é, em estudos de linguagem, a intercalação de pronome átono em um verbo. Exemplos: dir-te-ei, amá-lo-ia, preenchê-lo-ei.
Em início de frase, a mesóclise é obrigatória com o futuro do presente e o futuro do pretérito, se o verbo não vier precedido de partícula atrativa.
Para recordar, vejamos, no caso do verbo amar, quais são as formas do futuro do presente e do futuro do pretérito:
· Futuro do presente: amarei, amarás, amará, amaremos, amareis, amarão.
· Futuro do pretérito: amaria, amarias, amaria, amaríamos, amaríeis, amariam.
Como já vimos, são partículas atrativas: 
1. expressões ou palavras negativas. (Não o nomearei, amigo.)
2. advérbios. (Agora lhe diríamos.)
3. pronomes relativos. (Ainda não chegou o homem que nos revelaria o caso.)
4. pronomes indefinidos. (Poucos nos fariam tal gentileza.)
5. pronomes demonstrativos. (Disso me acusariam, tenho certeza.)
6. conjunções subordinativas. (Saímos porque nos obrigariam a isso.)
Sem as partículas atrativas citadas, os exemplos, com utilização da mesóclise, ficariam assim:
- Nomeá-lo-ei, amigo...
- Dir-lhe-íamos...
- Revelar-nos-ia o caso...
- Far-nos-iam tal gentileza...
- Acusar-me-iam...
- Obrigar-nos-iam a isso.

*

Alguém nos pergunta qual o significado do termo startup. Apesar de usado nos Estados Unidos há várias décadas, só recentemente o termo chegou ao Brasil. Significava inicialmente um grupo de pessoas voltadas para uma ideia diferente que se supõe ser capaz de render dinheiro.
Há quem diga que qualquer pequena empresa em seu período inicial pode ser considerada uma startup. Outros entendem que uma startup é uma empresa com custos de manutenção muito baixos que consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores.
Em outra conceituação mais atual, uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.




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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Contos e crônicas







Um Natal todos os dias

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Acredito que se pensássemos um pouquinho todos os dias com o espírito de Natal que nos propomos ao fim do ano, decerto, seriam dias melhores, uma vida mais feliz, pois a sensibilidade desta data nos aflora os mais nobres sentimentos e atitudes, porém, isso teria de ser todos os dias. Quanta alegria seria vista nos olhos e quanta luz brilharia neste Planeta.
Momentos com respeito em todos os aspectos, independente do que seja, e com a compreensão de que cada pessoa possui suas características e estágio na evolução. Também basta a retomada de quanto necessitamos aprimorar e isso tomará nosso tempo e será bem mais especial objetivo. A vida adora ser tratada com o real valor que ela possui.
Primoroso também é deixarmos de fazer inúmeras coisas despropositadas que, infelizmente, de forma natural, ainda fazemos. Deixarmos, por exemplo, de ferir o próximo e extinguir a fauna e a flora tão necessárias para a vida do globo do qual somos habitantes e responsáveis. A lei é tão clara: receberá o que dará. Além de realizarmos o bem que deve ser genuíno receberemos em seu grau notável os bons fluidos da atitude positiva e bondosa.
E se esse espírito de Natal fosse um pouquinho vivido todos os dias, as dores abrandariam tanto que seria bem capaz de não mais persistirem, enfraquecendo e dissipando-se entre a harmonia grandiosa e tão adorável dominante na atmosfera física consequentemente espiritual. As pessoas se sentiriam amadas e respeitadas e a paz viria com pernas firmes para ficar... conosco para sempre. Ah! Que mundo feliz! Esse mundo aguarda agora mesmo para realizar-se. Depende de nós.
E os dias tão leves viriam. A mudança é para a simplicidade que traz consigo os mais nobres desenhos, cores tão aprazíveis, reconfortantes sentimentos, coração feliz. Com a renovação, os dias seriam simples assim e completos. Haveria bem menos preocupação, insatisfação. Haveria vontade de observação para a doçura, bondade, calma, o reconhecimento de que somos extensão num universo incomparável e perfeito. Se todos os dias vivêssemos um pouquinho com o espírito de Natal, tão felizes seríamos.
Porém, se agora é Natal, acredito que o desejo maior poderia ser que esta data continuasse, para início, por uma semana, depois um mês, um ano para, assim, tornar-se inteiro em nós.
Sinto que é imensamente possível.
Se nos lembrarmos um pouquinho só do brilho da estrela de Belém, o bálsamo nos abraçará e poderemos, dessa forma, abraçar com mais amor o nosso próximo, o nosso universo relembrando-nos do que o lindo Mestre nos ensina sempre. 

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