sábado, 30 de dezembro de 2017

Contos e crônicas




A Bíblia é a palavra de Deus?


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Amigo Machado, que dizem os espíritos celestes em relação à Bíblia?
— Ah, meu caro Jó, esse é um tema da mais alta transcendência. Embora o Antigo Testamento (AT) seja considerado a palavra de Deus ao povo hebreu e, por extensão, a toda a humanidade, o Senhor jamais se comunica diretamente com os seres humanos. Isso, entretanto, não tira a importância dessa obra, desde que observado seu aspecto de legislação temporal.
Deus é Espírito, já dissera Jesus à samaritana. E, como Inteligência Suprema que nos criou simples e ignorantes, mas fadados à perfeição, ao longo dos milênios, à medida que algum de nós atinge elevada condição espiritual e se identifica com Ele, tal entidade recebe sua incumbência de representá-lo em cada um dos inumeráveis orbes do Universo. São os chamados profetas, messias ou cristos, como é o caso de Jesus.
Na Terra, dentre muitos profetas que nos trouxeram revelações transcendentes, temos, na Índia, Sidarta Gautama, o Buda; na China, Confúcio e Lao-Tsé; na Pérsia, Zoroastro; na Grécia, Sócrates e Platão... Entretanto, num período bastante obscuro, há cerca de 1.600 anos a.C., Moisés recebeu mediunicamente os Dez Mandamentos, cuja síntese maravilhosa foi proposta pelo fundador, governador e protetor desde planeta azul: Jesus Cristo, a serviço de quem estão todos os chamados profetas.
— Então, a Bíblia não é o único livro sagrado, Machado?
— Não, Jó, pois embora esses profetas, em sua época, tenham trazido ao mundo mensagens de cunho elevado, todos eles foram intérpretes humanos que, ao lado de grandes verdades, impuseram suas ideias pessoais. Daí terem surgido as leis genéricas que contradizem a Lei única de Deus: a Lei do Amor. Esta, ninguém, como o Cristo, pregou e exemplificou de modo mais perfeito.
Estas palavras de Jesus confirmam sua identificação apenas com a Lei de Deus: “Não vim modificar a Lei e os profetas” (Mateus, 5: 17); mas também disse: “Ouvistes o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao mal; mas, se alguém vos bater na face direita, oferecei-lhe também a outra” (id., 5: 38- 39).
Mesmo nessas últimas palavras, devemos entender o sentido simbólico. Caso contrário, seríamos massacrados pelas criaturas ainda embrutecidas da Terra. E o esclarecimento do sentido do oferecimento da outra face, proposto por Ele, nós tivemos na passagem evangélica em que um dos criados do sumo sacerdote o esbofeteia e, ruborizado de vergonha, ouve do Cristo esta repreensão: “Se falei mal, testemunha sobre o mal; mas, se falei bem, por que me bates?” (João, 18: 23).
O Antigo Testamento é o clamor humano aos céus; e o Novo Testamento é a resposta de Deus, por seu Filho e nosso irmão maior: Nosso Senhor Jesus Cristo! No primeiro caso, a lei estava enfocada na justiça; no segundo, no amor. E, sendo Deus Amor, não são d’Ele decisões e palavras como estas:
Então, arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a Terra, e pesou-lhe em seu coração. E disse Deus: Destruirei, de sobre a face da Terra, o homem que criei e, com ele, o animal, até o réptil e até a ave do céu; porque me arrependo de os haver feito (Gênesis, 6: 6- 7).
Falando sobre a perfeição de Deus, nosso Pai, esclarece Jesus que Aquele “[...] faz que o seu Sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mateus, 5: 45 e 48). Por fim, recomenda: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus” (id.). Desse modo, mais uma vez, deduzimos que somos filhos da Perfeição Suprema, e jamais nosso Pai se arrependeria de nos ter criado.
Em suma, Jó, precisamos ler o AT, assim como outras obras sagradas, atentos ao que no AT Jesus preservou como Lei intemporal: o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. É nisso que estão toda a Lei e os profetas.
Quanto ao exame dos textos sagrados, atentemos para o que diz Paulo em I Tessalonicenses, 5: 21: “Examinai tudo, retende o bem”. Mas é em O Evangelho segundo o Espiritismo que você encontrará a essência da Mensagem Divina: o ensino moral, única parte incontroversa da Boa-Nova em todas as épocas da humanidade, por representar a palavra do único ser identificado plenamente com Deus: Jesus Cristo.






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