A Bíblia é a palavra de Deus?
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
— Amigo Machado, que dizem os espíritos
celestes em relação à Bíblia?
— Ah, meu caro Jó, esse é um tema da
mais alta transcendência. Embora o Antigo Testamento (AT) seja considerado a
palavra de Deus ao povo hebreu e, por extensão, a toda a humanidade, o Senhor
jamais se comunica diretamente com os seres humanos. Isso, entretanto, não tira
a importância dessa obra, desde que observado seu aspecto de legislação
temporal.
Deus é Espírito, já dissera Jesus à
samaritana. E, como Inteligência Suprema que nos criou simples e ignorantes,
mas fadados à perfeição, ao longo dos milênios, à medida que algum de nós
atinge elevada condição espiritual e se identifica com Ele, tal entidade recebe
sua incumbência de representá-lo em cada um dos inumeráveis orbes do Universo.
São os chamados profetas, messias ou cristos, como é o caso de Jesus.
Na Terra, dentre muitos profetas que
nos trouxeram revelações transcendentes, temos, na Índia, Sidarta Gautama, o
Buda; na China, Confúcio e Lao-Tsé; na Pérsia, Zoroastro; na Grécia, Sócrates e
Platão... Entretanto, num período bastante obscuro, há cerca de 1.600 anos
a.C., Moisés recebeu mediunicamente os Dez
Mandamentos, cuja síntese maravilhosa foi proposta pelo fundador,
governador e protetor desde planeta azul: Jesus Cristo, a serviço de quem estão
todos os chamados profetas.
— Então, a Bíblia não é o único livro
sagrado, Machado?
— Não, Jó, pois embora esses profetas,
em sua época, tenham trazido ao mundo mensagens de cunho elevado, todos eles
foram intérpretes humanos que, ao lado de grandes verdades, impuseram suas
ideias pessoais. Daí terem surgido as leis genéricas que contradizem a Lei única
de Deus: a Lei do Amor. Esta, ninguém, como o Cristo, pregou e exemplificou de
modo mais perfeito.
Estas palavras de Jesus confirmam sua
identificação apenas com a Lei de Deus: “Não vim modificar a Lei e os profetas”
(Mateus, 5: 17); mas também disse: “Ouvistes o que foi dito: olho por olho,
dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao mal; mas, se alguém vos
bater na face direita, oferecei-lhe também a outra” (id., 5: 38- 39).
Mesmo nessas últimas palavras, devemos
entender o sentido simbólico. Caso contrário, seríamos massacrados pelas
criaturas ainda embrutecidas da Terra. E o esclarecimento do sentido do oferecimento da outra face, proposto por
Ele, nós tivemos na passagem evangélica em que um dos criados do sumo sacerdote
o esbofeteia e, ruborizado de vergonha, ouve do Cristo esta repreensão: “Se
falei mal, testemunha sobre o mal; mas, se falei bem, por que me bates?” (João,
18: 23).
O Antigo Testamento é o clamor humano
aos céus; e o Novo Testamento é a resposta de Deus, por seu Filho e nosso irmão
maior: Nosso Senhor Jesus Cristo! No primeiro caso, a lei estava enfocada na
justiça; no segundo, no amor. E, sendo Deus Amor, não são d’Ele decisões e
palavras como estas:
Então, arrependeu-se o Senhor de haver
feito o homem sobre a Terra, e pesou-lhe em seu coração. E disse Deus:
Destruirei, de sobre a face da Terra, o homem que criei e, com ele, o animal,
até o réptil e até a ave do céu; porque me arrependo de os haver feito
(Gênesis, 6: 6- 7).
Falando sobre a perfeição de Deus,
nosso Pai, esclarece Jesus que Aquele “[...] faz que o seu Sol se levante sobre
maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mateus, 5: 45 e 48). Por
fim, recomenda: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que
está nos céus” (id.). Desse modo, mais uma vez, deduzimos que somos filhos da
Perfeição Suprema, e jamais nosso Pai se arrependeria de nos ter criado.
Em suma, Jó, precisamos ler o AT, assim
como outras obras sagradas, atentos ao que no AT Jesus preservou como Lei
intemporal: o amor a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a nós mesmos. É nisso que estão toda a Lei e os
profetas.
Quanto ao exame dos textos sagrados,
atentemos para o que diz Paulo em I Tessalonicenses, 5: 21: “Examinai tudo,
retende o bem”. Mas é em O Evangelho
segundo o Espiritismo que você encontrará a essência da Mensagem Divina: o
ensino moral, única parte incontroversa da Boa-Nova em todas as épocas da humanidade,
por representar a palavra do único ser identificado plenamente com Deus: Jesus
Cristo.
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