domingo, 10 de dezembro de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo





Medo e preocupação numa perspectiva espírita

Medo e preocupação são termos que podem ser aplicados a um número grande de situações e, em muitos casos, se confundem, sendo então possível – conforme pensamos – enquadrá-los em uma mesma ordem de ideias.
Depois dos graves atos terroristas que ocorreram nos Estados Unidos por ocasião da derrubada das torres de Nova York, os norte-americanos passaram a ficar cada vez mais enclausurados em casa e com os hábitos bastante alterados, em resposta à ansiedade advinda da violência, da situação social e do próprio meio em que vivem, numa situação que não é peculiar apenas à sociedade norte-americana. No Brasil, o sentimento de medo nas grandes cidades, como Rio e São Paulo, tem sido mostrado com insistência nos meios de comunicação do país, onde muitas pessoas perderam até mesmo a vontade de sair à noite, pelo receio do que lhes pode acontecer, um fato que está a merecer um exame mais aprofundado de nossa sociedade.
Os efeitos decorrentes do medo foram mencionados por Allan Kardec quando, aludindo às histórias que amedrontam as crianças, um recurso largamente usado na catequese em épocas passadas, disse que o medo pode matar e, se a tanto não chega, é capaz de desequilibrar as mentes frágeis que se impressionam facilmente com a morbidez de determinados relatos.
Segundo informações do plano espiritual, esse efeito não se verifica apenas aqui, entre os encarnados, mas ocorre também no mundo espiritual, como André Luiz mostrou no livro Nosso Lar, psicografado por Chico Xavier.
A história central dessa obra se passa na época dos conflitos da 2ª Guerra Mundial. Segundo André Luiz, as notícias dos combates travados na Europa produziram na colônia espiritual “Nosso Lar” situações de grande medo e, por vezes, de pânico, a ponto de exigir, em dado momento, a intervenção do próprio Governador da colônia.
Num certo domingo, pela manhã, grande multidão reuniu-se para ouvir a palavra do dirigente. Ele abriu um livro, folheou-o atentamente e depois leu em voz pausada: “E ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim”. Em seguida, depois de dizer ao público palavras de encorajamento, apelou para que 30 mil servidores se alistassem no trabalho de defesa da cidade, em face da guerra europeia. “Irmãos de Nosso Lar, não vos entregueis a distúrbios do pensamento ou da palavra”, rogou-lhes o dirigente.  “A aflição não constrói, a ansiedade não edifica. Saibamos ser dignos do clarim do Senhor, atendendo-lhe a Vontade Divina no trabalho silencioso, em nossos postos.”
Aos olhos de André Luiz, aquela preocupação parecia excessiva, mas Narcisa prontamente informou: “É elevada a porcentagem de existências humanas estranguladas simplesmente pelas vibrações destrutivas do terror, que é tão contagioso como qualquer moléstia de perigosa propagação. O medo é um dos piores inimigos da criatura, por alojar-se na cidadela da alma, atacando as forças mais profundas”. (Cf. Nosso Lar, cap. 42, pág. 231.)
A seguir, completando a sucessão de surpresas registradas pelo autor da obra, Narcisa acrescentou: “A Governadoria coloca o treinamento contra o medo muito acima das próprias lições de enfermagem”. “A calma é a garantia do êxito.” (Obra citada, pág. 232.)
No livro Temas da Vida e da Morte, psicografado por Divaldo Franco, no capítulo “Medo e responsabilidade”, Manoel Philomeno de Miranda diz-nos que, tendo origem no Espírito enfermo, o medo decorreria de três causas fundamentais:
•  Conflitos herdados da existência passada, quando os atos reprováveis e criminosos desencadearam sentimentos de culpa e arrependimento que não se consubstanciaram em ações reparadoras.
•  Sofrimentos vigorosos que foram vivenciados no além-túmulo, quando as vítimas que ressurgiram da morte açodaram as consciências culpadas, levando-as a martírios inomináveis, ou quando se arrojaram contra quem as infelicitou, em cobranças implacáveis.
•  Desequilíbrio da educação na infância atual, com o desrespeito dos genitores e familiares pela personalidade em formação, criando fantasmas e fomentando o temor, em virtude da indiferença pessoal no trato doméstico ou da agressividade adotada. (Temas da Vida e da Morte, Medo e responsabilidade, pp. 57 e 58.)
Segundo o citado autor, o medo está presente na raiz de muitos males e pode ser tão cruel que, diante de enfermidades irreversíveis e problemas graves de alto porte, é capaz de induzir sua vítima à morte pelo suicídio, numa forma extravagante de expressar o medo de morrer sob sofrimento demorado, gerando desse modo mais rudes aflições a se estenderem por tempo indeterminado.
É possível combater o medo?
Sim, é possível. De acordo com Manoel Philomeno de Miranda, o medo se combate orando e agindo. O hábito de desincumbir-se das tarefas nobres cria condicionamentos positivos que se vão incorporando ao modus operandi até fazer-se automatismo na área das realizações. O medo recua, na razão direta em que a disposição de atuar se faz mais forte, da mesma maneira que o inverso é verdadeiro. A consciência da responsabilidade é o antídoto para o medo, do que se deduz que o desejo de agir, para recuperar-se, comanda a vontade e desarticula as engrenagens maléficas que o desequilíbrio fomentou. O medo deve, pois, ser combatido com todos os valiosos recursos ao nosso alcance, desde a oração à ação feliz. (Cf. Temas da Vida e da Morte, Medo e responsabilidade, pp. 59 e 60.) 

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O tema medo foi examinado por autores diversos em diferentes edições da revista “O Consolador”.
Eis alguns desse textos, que sugerimos sejam consultados por quem se interesse pelo tema:
Entrevista com Kennedy Gomes Martins, psicólogo clínico radicado em Sertãozinho (SP):
“O medo e um solilóquio emocional”, artigo de Eugênia Pickina:
“Vencendo nossos medos” – parte 1, artigo de Eurípedes Kühl:
“Vencendo nossos medos” – parte 2 e final, artigo de Eurípedes Kühl:
“O medo e seus disfarces”, artigo de Eugênia Pickina:
 “Vacina espiritual contra o medo”, artigo de Gerson Simões Monteiro:
 “O medo”, mensagem de Joanna de Ângelis:


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Um comentário:

  1. Muito bom o texto, esclarecedor! Não podemos deixar o medo nos engessar! Parabéns Astolfo

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