A reencarnação e o sentido da vida
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
— Amigo Joteli, parabenizo-o pela sua
seleção de doze crônicas minhas nas quais abordo o Espiritismo. Aprovo ipsis litteris sua crítica ao texto
dessas crônicas em sua tese aprovada pelo egrégio Departamento de Pós-Graduação
em Literatura da UnB no ano passado.
— É, Machado, já se vai um ano do
término de minha aventura maravilhosa ali. Comecei pela especialização, em
seguida, cursei o mestrado e, finalmente, o doutorado. Não digo isso por
vaidade, nem para me exaltar orgulhosamente, mas para incentivar quem deseja
conquistar um ideal a perseverar nesse propósito. Em todos esses cursos, você
esteve presente. Obrigado, Bruxo!
— Relate-me como se deu sua saga pelo
conhecimento literário, Jó.
— Comecei minha luta por esse objetivo
ainda jovem. Não fui aluno de graduação da UnB; mas, com perseverança, após
cerca de quinze anos de estudos, somente ali, sempre com muita humildade,
cheguei ao que queria, graças a Deus. Antes de ingressar na literatura, cursei todas
as matérias do curso de linguística aplicada da UnB. Fui aprovado, mas não
selecionado para o mestrado desse curso. Então, percebi que minha realização
estaria na literatura, em especial na divulgação do riquíssimo material
literário espírita, ainda tão pouco conhecido nos meios acadêmicos.
— Desconhecido e discriminado, Joteli;
quando somos jovens, e mesmo na idade madura, nem sempre respeitamos a opinião
alheia na defesa de nossos pontos de vista. Principalmente, se caímos no erro
de apenas analisar um dos lados da questão. Desse modo, o parecer de Eugênio
Gomes sobre meu uso da Bíblia, para fins literários, exclusivamente, pode ser
acrescido também do Espiritismo.
Entretanto, quando se analisam todas as
crônicas de minha abordagem à nova doutrina, percebe-se a passagem de uma
crítica acerba, e mesmo extremada, a outra, mais tolerante e até com o
reconhecimento de que “o Espiritismo se ocupa de altos problemas” (A semana, 29 dez. 1895).
Em texto anterior, defendo a liberdade
religiosa, principalmente após a extinção da religião do Estado.
Desde que a porta fica assim aberta a
todos, em que me hei de fundar para meter na cadeia o Espiritismo?
Responder-me-ás que é uma burla; mas onde está o critério para distinguir entre
o Evangelho lido pelo presidente Abalo, e o do meu vigário é mais velho, mas
uma religião não é obrigada a ter cabelos brancos. Há religiões moças e
robustas. Curar com água? Mas o já citado padre Kneipp não faz outra cousa, e o
Código, se ele cá vier, deixá-lo-á curar em paz (A semana, 27 out. 1895).
E, então, ainda confundia fenômenos,
por ela estudados, com a doutrina... A grande certeza proporcionada pelo
Espiritismo é a de que nosso retorno à vida física tem sempre o objetivo de
“expiação, melhoramento progressivo da humanidade” (questão 167 d’O Livro dos Espíritos – LE). Isso
explica haver no mundo tanta desigualdade social.
— Realmente, amigo Bruxo, se a
existência fosse única, inúmeros problemas decorrentes da sorte de pobres e
ricos, sãos e aleijados, ignorantes e sábios, bons e maus, enfim, jamais
encontrariam solução.
— Depois, a reencarnação não é para
sempre, não é mesmo, Joteli?
— Exatamente, Machado, na questão 168 do LE,
lemos que “[...] Desde que se ache limpo de todas as impurezas, não tem mais [o
espírito] necessidade das provas da vida material”. Na questão 170 dessa obra,
somos esclarecidos de que, após sua última encarnação, o espírito se torna
“[...] bem-aventurado; puro espírito”. É nisso que está o sentido da vida,
ainda tão incompreendido e questionado por muitas pessoas.
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