O Grande Enigma
Léon Denis
1ª Parte
Damos início hoje ao estudo do clássico O Grande Enigma, de Léon Denis, conforme
o texto da 7ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira. O estudo ora
iniciado será aqui apresentado em 10 partes.
Nossa expectativa é que este estudo sirva para o leitor
como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto abaixo.
Questões preliminares
A. Como Léon Denis define a matéria?
B. Quem imprimiu o movimento à nebulosa primitiva, ao Sol e
aos planetas?
C. Onde devemos procurar Deus?
Texto para
leitura
1. A vida não é uma coisa vã de que se possa fazer uso
leviano, mas uma luta pela conquista do Céu, uma obra elevada e grave de
edificação, de aperfeiçoamento, regida por leis augustas e equitativas, acima
das quais paira a eterna Justiça, amenizada pelo Amor. (P. 12)
2. As religiões e as filosofias passaram, mas, apesar do
manto rico de suas concepções e de suas esperanças, a dúvida subsistiu no fundo
das consciências. Nasceu, então, uma nova ciência, baseada nas experiências,
nas pesquisas e nos testemunhos de sábios eminentes. Uma comunicação se
estabeleceu com o mundo invisível que nos cerca e uma revelação poderosa banhou
a Humanidade qual uma onda pura e regeneradora. (PP. 12 e 13)
3. Duas coisas aparecem-nos à primeira vista no Universo: a
matéria e o movimento, a substância e a força. Os mundos são formados de
matéria, e essa matéria, inerte por si mesma, se move. Mas, quem a faz
mover-se? Que força a anima? (P. 18)
4. A matéria nada mais é que a vestimenta, a forma sensível
e mutável, revestida pela vida; um cadáver não pensa, nem se move. A força é
simples agente destinado a entreter as forças vitais. É, pois, a inteligência
que governa os mundos, inteligência essa que se manifesta por leis sábias e
profundas, ordenadoras e conservadoras do Universo. (PP. 18 e 19)
5. A força gera o movimento, mas a força não é a lei. Cega
e sem guia, não poderia ela produzir a ordem e a harmonia que são manifestas no
Universo. Acima da escala das forças, aparece a energia mental, a vontade, que
constrói as fórmulas e fixa as leis. (P. 20)
6. De Pitágoras a Claude Bernard, todos os pensadores
afirmam que a matéria é desprovida de espontaneidade, e toda tentativa de
emprestar à substância inerte uma espontaneidade, capaz de organizar e de
explicar a força, tem sido em vão. É preciso, pois, admitir a necessidade de um
primeiro motor transcendente para explicar o sistema do mundo. (P. 21)
7. A mecânica celeste não se explica por si mesma; a
existência de um motor inicial se impõe. A nebulosa primitiva, mãe do Sol e dos
planetas, era animada de um movimento giratório. Quem lhe imprimiu esse
movimento? Respondemos sem hesitar: Deus. (P. 21)
8. A linguagem humana é, entretanto, impotente para
exprimir a ideia do Ser infinito. Aliás, todas as definições são insuficientes
e, de certo modo, induzem a erro; contudo, o pensamento para se exprimir
precisa de termo. O menos afastado da realidade é aquele pelo qual os padres do
Egito designavam Deus: “Eu sou”, isto é, eu sou o Ser por excelência, absoluto,
eterno, e do qual emanam todos os seres. (P. 23)
9. Um mal-entendido secular divide as escolas filosóficas,
quanto a estas questões. O materialismo via no Universo somente a substância e
a força. O espiritualismo vê em Deus só o princípio espiritual. Ambos se
enganam. O mal-entendido cessará quando os materialistas virem em seu princípio
e os espiritualistas em seu Deus a fonte dos três elementos: substância, força
e inteligência, cuja união constitui a vida universal. (P. 23)
10. Deus, tal qual o concebemos, não é o Deus do panteísmo
oriental, que se confunde com o Universo, nem o Deus antropomorfo, monarca do
céu, exterior ao mundo, de que falam as religiões do Ocidente. Deus é
manifestado pelo Universo, mas não se confunde com este. (P. 25)
11. Esse grande Ser, absoluto, eterno, que conhece as
nossas necessidades, ouve o nosso apelo, nossas preces, e é sensível às nossas
dores, é qual o imenso foco em que todos os seres, pela comunhão do pensamento
e do sentimento, vêm haurir forças, socorro, inspiração para se guiarem na
senda do destino. (P. 25)
12. Ninguém deve procurar Deus nos templos de pedra e de
mármore, mas no templo eterno da Natureza, no espetáculo dos mundos que
percorrem o infinito, nos esplendores da vida que se expande em sua superfície.
(P. 26)
13. A Terra voga sem ruído na extensão. Essa massa de dez
mil léguas de circuito desliza sobre as ondas do éter qual pássaro no Espaço,
qual mosquito na luz. Nada denuncia sua marcha imponente. Nenhum ranger de
rodas, nem murmúrio de vagas. Silenciosa, ela passa entre suas irmãs do céu,
onde sóis e mundos se deslocam, com velocidades aterradoras, sem que som algum
ou qualquer choque venha trair a ação desse gigantesco aparelho que é o
Universo. (P. 26)
14. A vontade que dirige o Universo se disfarça a todos os
olhares. As coisas estão dispostas de maneira que ninguém é obrigado a lhes dar
crédito. Se a ordem e a harmonia do Cosmos não bastam para convencer o homem,
este é livre no conjeturar, pois nada constrange o cético a ir a Deus. O mesmo
acontece às coisas morais. Nossas existências se desenrolam e os acontecimentos
se sucedem sem ligação aparente, mas a imanente justiça domina ao alto e regula
nossos destinos segundo um princípio imutável, pelo qual tudo se encadeia em
uma série de causas e de efeitos. (P. 27)
15. A Natureza limitou nossas percepções e sensações. É
degrau a degrau que ela nos conduz no caminho do saber. É lentamente, trecho a
trecho, vidas após vidas, que ela nos leva ao conhecimento do Universo, seja
visível, seja oculto. O ser sobe, um a um, os degraus da escadaria que conduz a
Deus, mas cada um desses degraus representa para o ser uma longa série de
séculos. (P. 28)
16. Se os mundos celestes nos aparecessem de repente, sem
véus, em toda a sua glória, ficaríamos cegos. Mas, nossos sentidos exteriores
foram medidos e limitados, e avultam, se apuram, à medida que o ser se eleva na
escala da existência. O mesmo se dá com o conhecimento e a posse das leis
morais. (PP. 28 e 29)
17. Quantas almas acreditaram que bastaria, para encontrar
o Pai celestial, deixar a Terra. Mas Deus se conserva invisível no mundo
espiritual, quanto no mundo terrestre, para aqueles que não adquiriram ainda a
pureza suficiente para refletir os seus divinos raios. (P. 29)
Respostas às
questões preliminares
A. Como Léon
Denis define a matéria?
A matéria – diz Denis – nada mais é que a vestimenta, a
forma sensível e mutável, revestida pela vida; um cadáver não pensa, nem se
move. A força é simples agente destinado a entreter as forças vitais. É a
inteligência que governa os mundos, inteligência essa que se manifesta por leis
sábias e profundas, ordenadoras e conservadoras do Universo. (O Grande Enigma, págs. 18 e 19.)
B. Quem
imprimiu o movimento à nebulosa primitiva, ao Sol e aos planetas?
A mecânica celeste não se explica por si mesma; a
existência de um motor inicial se impõe. A nebulosa primitiva, mãe do Sol e dos
planetas, era animada de um movimento giratório. Quem lhe imprimiu esse movimento?
Respondemos sem hesitar: Deus. (Obra citada, pág. 21.)
C. Onde devemos
procurar Deus?
Deus, tal qual o concebemos, não é o Deus do panteísmo
oriental, que se confunde com o Universo, nem o Deus antropomorfo, monarca do
céu, exterior ao mundo, de que falam as religiões do Ocidente. Deus é
manifestado pelo Universo, mas não se confunde com este. Ninguém deve procurar
Deus nos templos de pedra e de mármore, mas no templo eterno da Natureza, no
espetáculo dos mundos que percorrem o infinito, nos esplendores da vida que se
expande em sua superfície. (Obra citada, págs. 25 e 26.)
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