Palavras faladas e palavras
escritas
CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR
Era uma
tarde de início de primavera. As flores já eram vistas entre o vento fresco,
resquício do fim do inverno. Mas a vida de Nancy não era a mesma que há alguns
meses.
Como na
maioria dos fins de tarde, a jovem Nancy, moradora de uma calma cidadezinha no
interior da Inglaterra, pegava um de seus tantos livros e sentava-se numa
cadeira, presente de sua avó, na varanda lateral de sua casa. Embora fosse uma
pequena cidade, havia uma boa quantidade de pessoas que lá moravam, pessoas
amigas que se preocupavam umas com as outras. Porém, Nancy preferia ficar mais
só para poder ler e vivenciar as narrativas.
E nesta
tarde também fizera como de costume e iniciaria a leitura de um novo livro.
Parecia buscar alguma resposta. Sentou-se na cadeira, acomodou-se, ainda dois
passarinhos vieram bem pertinho de seus pés e logo alçaram voo. Nancy
distraiu-se um pouco e sorriu, mas o livro estava em suas mãos e voltou-se a
ele. Analisou a capa, abriu-o e observou as informações sobre a autora e leu o
prefácio, este, aliás, escrito por alguém com profunda delicadeza e respeito
pela autora e sua obra.
Após a
leitura inicial, Nancy começou a ler a narrativa. A jovem soube do livro por
meio de uma nota muito elogiosa do jornal local. Os olhos de Nancy começaram a
ficar extremamente interessados por aquelas palavras, construções linguísticas
e sintáticas – algo que muito lhe interessava – e o enredo começou a
despertar-lhe certo encantamento e sede por mais e mais aprender.
O sol
dava sinal de querer descansar e, assim, foi. A varanda estava um pouco cinza
mesmo com a luz que a jovem acendera sem dar-se conta e logo voltou a
sentar-se.
Sua mãe
a chamou para entrar. O caldo de legumes seria servido com fatias de pão
caseiro. O pai já havia tomado banho e esta era a hora do jantar não havia o
que discutir muito menos atrasar. A jovem deixou a página marcada e logo após
retornaria.
Os três
sentaram-se à mesa. Todas as noites eram assim, o jantar era a ocasião para
reunir a família, pois o pai almoçava na fábrica onde trabalhava. Uma ou outra
vez acontecia certa descontração, porém, na maior parte do tempo, permanecia
alguma discrição entre os três, mas isso não era indício de falta de amor, eles
muito se amavam, cada um a seu modo.
Terminaram,
embora não houvesse muita conversa, o ambiente era feliz e aconchegante. Nancy
recolheu a louça e levou-a à pia enquanto seus pais ficavam um pouco mais. O
pai sempre pegava na mão da mãe e a olhava nos olhos com ternura. Como a filha
tinha o objetivo da leitura, enquanto ainda estavam sentados, Nancy lavou,
enxugou e guardou a louça. A cozinha estava ajeitada novamente e os pais
estavam lá. Sempre relembravam algum acontecimento da juventude.
Nancy
foi à varanda, pegou o livro e dirigiu-se rapidamente a seu quarto. Estava
muito interessada na narrativa. Acomodou-se na cama e logo retomou a leitura. O
encantamento pela história só aumentava. A jovem conhecia muito pouco sobre
outras vidas, mas o assunto despertava-lhe total curiosidade, mais ainda,
parecia querer saber como começar a compreender o que há um tempo vinha lhe
acontecendo.
Quando
chegou a parte do encontro entre pessoas muito afins ou com algum propósito,
porém, em formas de corpos diferentes, Nancy suspirou e seus olhos se encheram,
olhou para o lado, e Marcus, mais uma vez, sorriu e disse-lhe:
−
Compreenderás o teu nobre trabalho. Estarei com você.
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