quinta-feira, 25 de outubro de 2018




Como avaliar e identificar os espíritos comunicantes

Este é o módulo 103 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Identificar os espíritos que se comunicam é uma questão importante na prática espírita?
2. Quando a identidade do espírito comunicante se torna mais fácil?
3. Que critério devemos utilizar para julgarmos a qualidade dos espíritos comunicantes?
4. Que conselho nos dá Kardec a respeito da análise das comunicações espíritas?
5. É possível distinguir os bons e os maus espíritos pelas impressões que nos causam?

Texto para leitura

A identidade mais difícil de conseguir é a dos espíritos de personalidades antigas
1. A questão da identidade dos espíritos é uma das mais controvertidas, porque os espíritos não nos podem apresentar documento de identidade e alguns deles tomam nomes que nunca lhes pertenceram. Por essa razão, esta é, depois da obsessão, uma das maiores dificuldades do Espiritismo prático, embora constitua, em muitos casos, uma questão secundária e sem real importância. 
2. Coisa bem diferente é aquilatar o valor dos espíritos que se comunicam conosco e, para isso, não há outro critério, senão o bom senso. Os espíritos superiores usam constantemente uma linguagem nobre, digna, repassada da mais alta moralidade, enquanto que a linguagem dos espíritos inferiores é inconsequente, amiúde trivial e até grosseira. O Espiritismo ensina que os espíritos comunicantes devem ser identificados por suas ideias e pela essência espiritual de suas palavras, tanto quanto pelos sentimentos que inspiram e pelos conselhos que dão.
3. Quando se manifesta o espírito de alguém que conhecemos pessoalmente, de um parente ou de um amigo, sucede geralmente que sua linguagem se revele de acordo com o caráter que ele tinha aos nossos olhos, quando encarnado, o que constitui indício importante de identificação.
4. A identidade dos espíritos de personalidades antigas é mais difícil de conseguir, e às vezes torna-se impossível, pelo que ficamos adstritos a uma apreciação puramente moral, contrariamente ao que se dá quando se trata de espíritos contemporâneos, cujos caracteres e hábitos são conhecidos.

Devemos submeter as comunicações a uma análise escrupulosa
5. As provas mais completas de identidade são muitas vezes fornecidas por espíritos desconhecidos do médium e dos assistentes, os quais indicam elementos de identificação que um exame posterior comprova serem exatos.
6. O codificador do Espiritismo dedicou o cap. XXIV, 2ª parte, itens 255 a 268, d' O Livro dos Médiuns, ao trato da identidade dos espíritos. Eis um resumo do que ele escreveu sobre o assunto:
a) depois da obsessão, a questão da identidade dos espíritos é uma das maiores dificuldades do Espiritismo prático;
b) muitos espíritos superiores que se podem comunicar não possuem um nome para nós;
c) a identidade se torna mais fácil quando se trata de espíritos contemporâneos;
d) as provas da identidade surgem naturalmente;
e) a semelhança da caligrafia e da assinatura é uma prova relativa;
f) a melhor prova de identidade está na linguagem e nas circunstâncias, mas não na forma da linguagem e sim no seu conteúdo, pois jamais a ignorância imitará o verdadeiro saber e jamais o vício imitará a verdadeira virtude: sempre em algum lugar aparecerá o sinal da impostura;
g) a identidade dos espíritos pode ser considerada uma questão acessória, mas a distinção entre bons e maus espíritos não o é;
h) julgamos os espíritos pelo conteúdo de sua linguagem: tudo o que, na sua linguagem, revela falta de bondade ou benevolência não pode vir de um bom espírito;
i) inteligência não é sinal certo de superioridade, porque a inteligência e o moral nem sempre caminham juntas;
j) os sinais dos espíritos elevados são a superioridade de suas ideias e de sua linguagem.
7. Kardec recomenda-nos que devemos submeter todas as comunicações a uma análise escrupulosa, examinando atentamente o pensamento e as expressões e rejeitando, sem hesitar, tudo o que peca contra a lógica e o bom senso, tudo o que desminta o caráter do espírito que se pretende passar por uma entidade elevada. Afirma o codificador: "Repetimos que este meio é o único, porém é infalível, porque não existe uma comunicação má que possa resistir a uma crítica rigorosa" (O Livro dos Médiuns, cap. XXIV, item 266). 
8. No cap. XXIV, item 267, da mesma obra, Kardec arrola 26 princípios fundamentais para se reconhecer a qualidade dos espíritos comunicantes, princípios esses que médiuns e dirigentes de grupos mediúnicos deveriam ter sempre presentes em seus estudos. 

É possível reconhecer os bons espíritos pela impressão que nos causam
9. É preciso entender que nem sempre é importante identificar os espíritos que se comunicam nas sessões. Quando estamos em uma reunião de desobsessão ou de esclarecimento aos desencarnados, não há, quase sempre, necessidade de levantar-se a identidade do espírito sofredor, que, na maioria das vezes, encontra-se em estado de grande perturbação espiritual, sendo por isso reprovável em tais casos a prática de se pedir a eles o nome, tanto quanto outros pormenores para a sua identificação.
10. As entidades espirituais que habitualmente se comunicam conosco acabam por tornar-se conhecidas e queridas, a ponto de serem consideradas membros da equipe. Quando se manifestam, são reconhecidas pelo seu modo de falar, pelo estilo e pelo conteúdo da mensagem. 
11. Se se comunicam por outros médiuns, podem sofrer a influência do clima mental do intermediário. A interferência do médium na comunicação é muito grande. A filtragem mediúnica pode processar-se, dependendo do médium, com maior ou menor autenticidade, tendo em vista a diversidade de aptidões e recursos que os médiuns apresentam.
12. De um modo geral podemos distinguir, através da sensibilidade mediúnica, o grau de evolução das entidades desencarnadas, que nos passam sensações agradáveis ou desagradáveis. Ensina Kardec: "Muitos médiuns reconhecem os bons e os maus espíritos pela impressão agradável ou penosa que experimentam à sua aproximação". Quando o espírito é feliz, seu estado é tranquilo, leve, calmo; quando é infeliz, é agitado, febril, e esta agitação passa naturalmente para o sistema nervoso do médium. Se a visita do espírito ao grupo se repete, isso nos dá condições de, com o tempo e a prática, identificá-lo pelas sensações que causa à sua aproximação.

Respostas às questões propostas

1. Identificar os espíritos que se comunicam é uma questão importante na prática espírita?
Não. Embora constitua, depois da obsessão, uma das maiores dificuldades do Espiritismo prático, identificar os espíritos comunicantes é, em muitos casos, uma questão secundária e sem real importância. 
2. Quando a identidade do espírito comunicante se torna mais fácil?
A identidade dos espíritos de personalidades antigas é mais difícil de conseguir, e às vezes torna-se impossível, contrariamente ao que se dá quando se trata de espíritos contemporâneos, cujos caracteres e hábitos são conhecidos, o que torna sua identificação mais fácil. 
3. Que critério devemos utilizar para julgamos a qualidade dos espíritos comunicantes?
Para aquilatar o valor dos espíritos não há outro critério, senão o bom senso. Os espíritos superiores usam constantemente uma linguagem nobre, digna, repassada da mais alta moralidade, enquanto que a linguagem dos espíritos inferiores é inconsequente, amiúde trivial e até grosseira. Os espíritos comunicantes devem, pois, ser identificados por suas ideias e pela essência espiritual de suas palavras, tanto quanto pelos sentimentos que inspiram e pelos conselhos que dão.
4. Que conselho nos dá Kardec a respeito da análise das comunicações espíritas?
Kardec recomenda-nos que devemos submeter todas as comunicações a uma análise escrupulosa, examinando atentamente o pensamento e as expressões e rejeitando, sem hesitar, tudo o que peca contra a lógica e o bom senso, tudo o que desminta o caráter do espírito que se pretende passar por uma entidade elevada. 
5. É possível distinguir os bons e os maus espíritos pelas impressões que nos causam?
Sim. De um modo geral podemos distinguir, através da sensibilidade mediúnica, o grau de evolução das entidades desencarnadas, que nos passam sensações agradáveis ou desagradáveis. Quando o espírito é feliz, seu estado é tranquilo, leve, calmo; quando é infeliz, é agitado, febril, e esta agitação passa naturalmente para o sistema nervoso do médium. 

Bibliografia:
O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, itens 255, 257, 262, 263, 265, 267 e 268.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, Introdução, itens VI e XII.
Como desenvolver a mediunidade, de Paul Bodier, item 8.
No Invisível, de Léon Denis, p. 314.
O Consolador, de Emmanuel, obra psicografada por Chico Xavier, questão 379.


Observação:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:



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