sexta-feira, 26 de outubro de 2018




O Grande Enigma

Léon Denis

Parte 4

Damos continuidade ao estudo do clássico O Grande Enigma, de Léon Denis, conforme o texto da 7ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira. O estudo ora iniciado será aqui apresentado em 10 partes.
Nossa expectativa é que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. Existe o mal?
B. Que disse Léon Denis sobre a ideia de fazermos do Espiritismo somente uma ciência positiva, experimental?
C. Qual é o poder da prece?

Texto para leitura

54. Aprendemos que nenhum esforço é perdido e que nenhum sofrimento é inútil. O dever não é palavra vã e o Bem reina sem partilha acima de tudo. Cada um constrói dia por dia, hora por hora, muitas vezes sem o saber, seu próprio futuro. A sorte que nos cabe na vida atual foi preparada por nossas ações anteriores, e do mesmo modo edificamos no presente as condições da existência futura. (P. 79)
55. Quando tais ideias houverem penetrado no ensino e, daí, nos espíritos e nas consciências, compreender-se-á que o espírito de justiça não é mais do que o instrumento admirável pelo qual o Criador leva tudo à ordem e à harmonia. Sentir-se-á, então, que a ideia de Deus é indispensável às sociedades modernas, que se abatem e perecem moralmente, porque, não compreendendo Deus, não se podem regenerar. (P. 80)
56. Deus nos fala por todas as vozes do Infinito, e fala, não em uma Bíblia escrita há séculos, mas em uma bíblia que se escreve todos os dias, com esses característicos majestosos que designamos por oceanos, montanhas e astros. (P. 82)
57. Não existem dois princípios no mundo – o Bem e o Mal. O Mal é feito de contraste, qual a noite o é do dia. Não tem existência própria. O Mal é o estado de inferioridade e de ignorância do ser a caminho da evolução. (P. 83)
58. O Mal é a ausência do Bem. O Bem é indefinível por si mesmo. Defini-lo seria minorá-lo. É preciso considerá-lo, não em sua natureza, mas em suas manifestações. (P. 84)
59. A missão real do Espiritismo não é somente esclarecer as inteligências por um conhecimento mais preciso e mais completo das leis físicas do mundo. Levantar os caracteres e fortificar as consciências, tal é o papel do Espiritismo. (P. 88)
60. Eis a nossa convicção: não é fazendo do Espiritismo somente uma ciência positiva, experimental; não é eliminando nele o que há de elevado, o que atrai o pensamento acima dos horizontes estreitos, a ideia de Deus, o uso da prece, que se facilitará sua missão. Isso, ao contrário, concorreria para torná-lo estéril, sem ação sobre o progresso das massas. (P. 88)
61. Ninguém mais do que nós admira as conquistas da Ciência, mas a Ciência não é tudo. Sem dúvida, ela tem contribuído para esclarecer a Humanidade; entretanto, tem-se mostrado impotente para a tornar mais feliz e melhor. A grandeza do espírito humano não consiste somente no conhecimento; está também no ideal elevado. (PP. 88 e 89)
62. Os que lidam com a experimentação espírita devem lembrar que em torno de nosso planeta flutua uma vida poderosa, invisível, onde dominam os Espíritos levianos e motejadores, com os quais se misturam Espíritos perversos e malfazejos. Existem ali muitos apaixonados, cheios de vícios, criminosos, que deixaram a Terra com a alma repleta de ódio. É desse meio que nos vêm as mistificações, os embustes e as manobras pérfidas que podem conduzir os médiuns à obsessão, à possessão e à perda das mais belas faculdades. (P. 90)
63. Felizmente, ao lado do mal está o remédio: a prece. (P. 91)
64. A prece, quando é ardente, improvisada, e não recitação monótona, tem um poder dinâmico e magnético considerável. Ela atrai os Espíritos elevados e nos assegura a sua proteção. Quando em uma reunião espírita todos os pensamentos e vontades se unem em um transporte poderoso, em uma convicção profunda; quando sobem para Deus pela prece, jamais falha o socorro. (PP. 91 e 92)
65. Para entrar em relação com as Potências superiores, com os Espíritos esclarecidos, é preciso a vontade e a fé, o desinteresse absoluto e a elevação dos pensamentos. Fora destas condições, o experimentador torna-se joguete dos Espíritos levianos. (PP. 92 e 93)
66. O Espiritismo foi dado ao homem como meio de se esclarecer, de se melhorar, de adquirir qualidades indispensáveis à sua evolução. Se se destruíssem nas almas ou apenas se desprezassem a ideia de Deus e as aspirações elevadas, o Espiritismo poderia tornar-se coisa perigosa. Eis por que não hesitamos em dizer que entregar-se às práticas espíritas, sem purificar os pensamentos e sem se fortificar pela fé, seria executar obra funesta. (P. 93)
67. O Espiritismo exclusivamente experimental não teria mais autoridade nem força moral necessárias para ligar as almas. Há quem suponha ver no afastamento da ideia de Deus uma medida aproveitável ao Espiritismo. Eis aí um equívoco. A ideia de Deus liga-se estreitamente à ideia de Lei, e assim à de dever, de sacrifício, de ordem, de harmonia, de elevação dos seres e das sociedades. É por isso que, logo que a ideia de Deus se enfraquece, essas noções se debilitam e dão lugar ao personalismo, à presunção, ao ódio por toda autoridade, por toda direção, por toda lei superior. (PP. 94 e 95)
68. Deus, foco de inteligência e de amor, é tão indispensável à vida interior, quanto o Sol à vida física! Deus é o sol das almas. É dele que emana essa força, às vezes energia, pensamento, luz, que anima e vivifica todos os seres. (P. 97)
69. A prece nos põe em contato com o Criador. Ela é a forma, a expressão mais potente da comunhão universal, mas não é o que tantas pessoas supõem: uma recitação frívola, exercício monótono e muitas vezes repetido. Não! Pela verdadeira prece, a prece improvisada, aquela que não comporta fórmulas, a alma se transporta às regiões superiores e aí haure forças, luzes, e encontra apoio que não podem conhecer nem compreender os que desconhecem Deus. (PP. 97 e 98)
70. O homem que desconhece Deus e não quer saber que forças, que recursos, que socorros dele promanam, esse é comparável a um indigente que habita ao lado de palácios, cheios de tesouros, e se arrisca a morrer de miséria diante da porta que lhe está aberta e pela qual tudo o convida a entrar. (P. 98)
71. Quanto mais nos desenvolvemos em inteligência e em moral, mais a nossa personalidade se afirma. Podemos estender-nos e irradiar, crescer em percepções, em sensações, em sabedoria, em amor, sem deixarmos de ser nós próprios. (P. 100)

Respostas às questões preliminares

A. Existe o mal?
Não. O mal é feito de contraste, qual a noite o é do dia; não tem existência própria. O mal é o estado de inferioridade e de ignorância do ser a caminho da evolução; o mal é a ausência do bem e este é indefinível por si mesmo. Defini-lo seria minorá-lo. (O Grande Enigma, pp. 83 e 84.)
B. Que disse Léon Denis sobre a ideia de fazermos do Espiritismo somente uma ciência positiva, experimental?
Léon Denis entendia que eliminar no Espiritismo o que há de elevado, a ideia de Deus, o uso da prece, em vez de facilitar sua missão, concorrerá para torná-lo estéril, sem ação sobre o progresso das massas. O Espiritismo exclusivamente experimental não terá mais autoridade nem força moral necessárias para ligar as almas. É, segundo ele, um equívoco ver no afastamento da ideia de Deus uma medida aproveitável ao Espiritismo. A ideia de Deus liga-se estreitamente à ideia de Lei, e assim à de dever, de sacrifício, de ordem, de harmonia, de elevação dos seres e das sociedades. Quando a ideia de Deus se enfraquece, essas noções se debilitam e dão lugar ao personalismo, à presunção, ao ódio por toda autoridade, por toda direção, por toda lei superior. (Obra citada, pp. 88, 94 e 95.)
C. Qual é o poder da prece?
A prece, quando é ardente, improvisada, e não recitação monótona, tem um poder dinâmico e magnético considerável. Ela atrai os Espíritos elevados e nos assegura a sua proteção. Quando em uma reunião espírita, todos os pensamentos e vontades se unem em um transporte poderoso, em uma convicção profunda e sobem para Deus pela prece, jamais falha o socorro. (Obra citada, pp. 91 e 92.)


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