quinta-feira, 8 de novembro de 2018




Mistificação e animismo

Este é o módulo 105 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Em que consistem as mistificações?
2. É possível evitar as mistificações na prática espírita?
3. Que é animismo?
4. Podemos enquadrar o animismo no quadro da mistificação inconsciente?
5. Que deve fazer o dirigente espírita no caso em que ocorram no seu grupo manifestações anímicas?

Texto para leitura

A mistificação pode ser provocada por encarnados e desencarnados
1. O verbo mistificar significa “abusar da credulidade de; enganar, iludir, burlar, lograr, embair, embaçar”. Quem quer que se dedique à prática da mediunidade deve estar atento a essa ocorrência. A mistificação pode ser provocada pelo encarnado e também pelos desencarnados. Em ambos os casos, é preciso cautela para não se deixar ludibriar. 
2. As mistificações constituem, segundo Kardec, os escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático. É simples, porém, o meio de evitá-las: basta não pedir ao Espiritismo senão o que ele possa dar. Ora, sabendo que a finalidade maior do Espiritismo é o melhoramento moral da Humanidade, dificilmente seremos enganados se não nos afastarmos desse objetivo, visto que não existem duas maneiras diferentes de se compreender a verdadeira moral. 
3. Dessa forma, cientes de que os Espíritos superiores procuram sempre nos instruir e nos guiar no caminho do bem, saberemos rejeitar qualquer instrução que objetive apenas proporcionar-nos vantagens materiais ou favorecer nossas paixões mesquinhas, visto que instrução desse quilate não pode provir dos Benfeitores Espirituais comprometidos com a causa do bem e do progresso.
4. Os Espíritos levianos, no entanto, gostam de imiscuir-se em nossa vida e causar pequenos desgostos e induzir-nos maldosamente em erro, por meio de intrigas, mistificações e espertezas. A astúcia dos Espíritos mistificadores ultrapassa às vezes tudo o que se possa imaginar. A arte com que dispõem as suas baterias e combinam os meios de persuadir seria algo bastante curioso se nunca passassem dos simples gracejos; contudo, as mistificações podem ter consequências bem desagradáveis e prejudicar muita gente.
5. Entre os meios que tais Espíritos empregam podem ser colocados na primeira linha, como sendo os mais frequentes, os que têm por fim testar a cobiça, como a revelação de supostos tesouros, o anúncio de heranças inesperadas ou outras fontes de riqueza. Devem ser consideradas igualmente suspeitas as predições com época determinada e todas as indicações precisas relativas a interesses materiais.
6. É preciso que não se deem os passos prescritos ou aconselhados pelos Espíritos quando o fim não seja eminentemente racional. Importante também não se deixar deslumbrar pelos nomes que certos Espíritos tomam para dar aparência de veracidade às suas palavras. Cumpre, por fim, desconfiar de teorias e sistemas ousados e de tudo o que se afastar do objetivo moral das manifestações. Estes são, em tese, os meios de se evitar a mistificação na prática espírita.

No animismo quem opera o fenômeno é o próprio médium
7. Diferentemente da mistificação, que não passa de um logro, de uma burla, de uma farsa, o animismo é o estado ou fenômeno em que a própria alma do médium opera, em vez de um Espírito a ele estranho. Não se trata, portanto, de um fenômeno mediúnico, mas de um fenômeno anímico – vocábulo que tem sua origem em “anima”, que significa alma.
8. A cristalização da nossa mente em determinadas situações pode motivar, no futuro, a manifestação de fenômenos anímicos, do mesmo modo que tal cristalização ou fixação, se realizada no passado, pode exteriorizar-se no presente. 
9. Muitas vezes, aquilo que se assemelha a um transe mediúnico, com todas as aparências de que existe a interferência de um desencarnado, nada mais é do que o médium revivendo cenas e acontecimentos recolhidos do seu próprio mundo subconsciencial, fenômeno esse motivado pelo contato magnético, pela aproximação de entidades que lhe partilham as experiências pretéritas. 
10. Não se deve, pois, confundir mistificação com animismo. Na primeira, temos a mentira; no segundo, o desajuste psíquico. Poderíamos enquadrar tal fenômeno no quadro da mistificação inconsciente? Respondendo a essa indagação, ensina o Instrutor Aulus: “Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da Nova Era, sob a égide do Espiritismo, vêm convertendo a teoria animista num travão injustificável a lhes congelarem preciosas oportunidades de realização do bem; portanto, não nos cabe adotar como justas as palavras mistificação inconsciente ou subconsciente para batizar o fenômeno”. (Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz, cap. 22, p. 212.)
11. A pessoa passível de animismo, esclarece Aulus, é um “doente mental, requisitando-nos o maior carinho para que se recupere”. “Para sanar-lhe a inquietação, todavia, não nos bastam diagnósticos complicados ou meras definições técnicas no campo verbalista, se não houver o calor da assistência amiga.” (Obra citada, p. 213.) 
12. No fenômeno anímico o médium se expressa como se ali estivesse, realmente, um Espírito a se comunicar. O médium deve, pois, nessas condições, ser tratado com a mesma atenção que ministramos aos sofredores que se comunicam. O médium inclinado ao animismo é um vaso defeituoso, que pode ser consertado e restituído ao serviço se houver compreensão do dirigente. Se incompreendido, pode ser vitimado pela obsessão, o que mostra a importância da atenção que devemos dedicar ao assunto.

Respostas às questões propostas

1. Em que consistem as mistificações?
Vocábulo derivado do verbo mistificar, que significa “abusar da credulidade de; enganar, iludir, burlar, lograr, embair, embaçar”, as mistificações podem ser provocadas pelos encarnados e também pelos desencarnados e constituem, segundo Kardec, os escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático. 
2. É possível evitar as mistificações na prática espírita?
Sim, e é simples o meio de evitá-las: basta não pedir ao Espiritismo senão o que ele possa dar. Ora, sabendo que a finalidade maior do Espiritismo é o melhoramento moral da Humanidade, dificilmente seremos enganados se não nos afastarmos desse objetivo, visto que não existem duas maneiras diferentes de se compreender a verdadeira moral. 
3. Que é animismo?
O animismo é o estado ou fenômeno em que a própria alma do médium opera, em vez de um Espírito a ele estranho. Não se trata, portanto, de um fenômeno mediúnico, mas de um fenômeno anímico – vocábulo que tem sua origem em “anima”, que significa alma.
4. Podemos enquadrar o animismo no quadro da mistificação inconsciente?
Não. Respondendo a esta indagação, disse o Instrutor Aulus: “Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da Nova Era, sob a égide do Espiritismo, vêm convertendo a teoria animista num travão injustificável a lhes congelarem preciosas oportunidades de realização do bem; portanto, não nos cabe adotar como justas as palavras mistificação inconsciente ou subconsciente para batizar o fenômeno”. 
5. Que deve fazer o dirigente espírita no caso em que ocorram no seu grupo manifestações anímicas?
No fenômeno anímico o médium se expressa como se ali estivesse, realmente, um Espírito a se comunicar. Deve, portanto, nessas condições, ser tratado com a mesma atenção que ministramos aos sofredores que se comunicam. O médium inclinado ao animismo é um vaso defeituoso, que pode ser consertado e restituído ao serviço se houver compreensão do dirigente. Se incompreendido, pode ser vitimado pela obsessão, o que mostra a importância da atenção que é preciso dedicar ao assunto.

Bibliografia:
O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, item 303.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questão 103.
Animismo e Espiritismo, de Alexandre Aksakof.
Animismo ou Espiritismo?, de Ernesto Bozzano.
Mecanismos da Mediunidade, de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, pp. 163 a 169.
Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, pp. 212 e 213.
Estudando a Mediunidade, de Martins Peralva, pp. 186 e 187.
Mediunidade e Evolução, de Martins Peralva, p. 56.
Médium, quem é, quem não é, de Demétrio Pável Bastos, 2ª  parte, cap. XX a XXIII.

Observação:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:




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