Livres,
mas responsáveis
Emmanuel
A quem nos pergunte se a
criatura humana é livre, responderemos afirmativamente.
Acrescentemos, porém,
que o homem é livre, mas responsável, e pode realizar o que deseje, mas estará
ligado inevitavelmente ao fruto de suas próprias ações.
Para esclarecer o
assunto, tanto quanto possível, examinemos, em resumo, alguns dos setores de
sementeira e colheita ou, melhor, de livre-arbítrio e destino em que o espírito
encarnado transita no mundo.
POSSE - O homem é livre
para reter quaisquer posses que as legislações terrestres lhe facultem, de
acordo com a sua diligência na ação ou seu direito transitório, e será
considerado mordomo respeitável pelas forças superiores da vida se as utiliza a
benefício de todos, mas, se abusa delas, criando a penúria dos semelhantes, de
modo a favorecer os próprios excessos, encontrará nas consequências disso a fieira
das provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz da abnegação.
NEGÓCIO - O homem é
livre para efetuar as transações que lhe apraza e granjeará o título de
benfeitor, se procura comerciar com real proveito de clientela que lhe é
própria, mas, se arrasa a economia dos outros com o fim de auferir lucros
desnecessários, com prejuízo evidente do próximo, encontrará nas consequências
disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz da
retidão.
ESTUDO - O homem é livre
para ler e escrever, ensinar ou estudar tudo o que quiser e conquistará a
posição de sábio se mobiliza os recursos culturais em auxílio daqueles que lhe
partilham a romagem terrestre; mas, se coloca os valores da inteligência em
apoio do mal, deteriorando a existência dos companheiros da Humanidade com o
objetivo de acentuar o próprio orgulho, encontrará nas consequências disso a
fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do
discernimento.
TRABALHO - O homem é
livre para abraçar as tarefas a que se afeiçoe e será honorificado por seareiro
do progresso se contribui na construção da felicidade geral; mas se malversa o
dom de empreender e agir, esposando atividades perturbadoras e infelizes para
gratificar os seus interesses menos dignos, encontrará nas consequências disso
a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do serviço
aos semelhantes.
SEXO - O homem é livre
para dar às suas energias e impulsos sexuais a direção que prefira e será
estimado por veículo de bênçãos quando os emprega na proteção sadia do lar, na
formação da família, seja na paternidade ou na maternidade com o dever
cumprido, ou, ainda, na sustentação das obras de arte e cultura, benemerência e
elevação do espírito; mas, se para lisonjear os próprios sentidos transforma os
recursos genésicos em dor e desequilíbrio, angústia ou desesperação para os
semelhantes, pela injúria aos sentimentos alheios ou pela deslealdade e
desrespeito nos compromissos e ajustes afetivos, depois de havê-los proposto ou
aceitado, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que
aprenderá a acender em si mesmo a luz do amor puro.
O homem é livre até
mesmo para receber ou recusar a existência, mas recolherá invariavelmente os
bens ou os males que decorram de sua atitude, perante as concessões da Bondade
Divina.
Todos somos livres para
desejar, escolher, fazer e obter, mas todos somos também constrangidos a entrar
nos resultados de nossas próprias obras.
Cabe à Doutrina Espírita
explicar que os princípios da Justiça Eterna, em todo o Universo, não funcionam
simplesmente à base de paraísos e infernos, castigos e privilégios de ordem
exterior, mas, acima de tudo, através do instituto da reencarnação, em nós,
conosco, junto de nós e por nós.
Foi por isso que Jesus,
compreendendo que não existe direito sem obrigação e nem equilíbrio sem
consciência tranquila, nos afirmou claramente:
"Conhecereis a
verdade e a verdade vos fará livres”.
Do livro Encontro Marcado, obra psicografada pelo
médium Francisco Cândido Xavier.
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