Em dia com o Jó
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Vou dizer-lhe uma coisa, leitora: nunca
confie em sua memória depois dos sessenta anos. Casos há em que a pessoa possui
memória excelente, mesmo em avançada idade, noventa, cem anos ou mais; isso,
entretanto, é exceção, não é mesmo, Di? (Para os íntimos, para os demais,
Divaldo Pereira Franco, que já caminha para um século de vida a serviço
espírita-cristão e ainda viaja pelo mundo afora pregando, brilhantemente, o
Evangelho do Cristo à luz do Consolador).
Na semana passada, recebi por e-mail um
convite para participar de um concurso de crônicas destinado a pessoas com
sessenta anos ou mais. Li a data e pensei: ainda dá tempo para pesquisar sobre
o tema: “Memórias de minha cidade”, se não me falha a memória. E tratei de
realizar pesquisas sobre algo de Brasília que conheço bem, mas não vou revelar
aqui para que você não me roube a ideia e, em outro concurso de crônicas, acabe ganhando o prêmio que eu estava certo
de trazer para minha casa.
Após anotar tudo o que me interessava e
imprimir quatro folhas que deveriam ser preenchidas por mim e enviadas junto
com a crônica, relaxei e disse para meu cérebro descansar, pois a data do
encaminhamento seria 21 de novembro e isso só ocorreria na semana seguinte.
Depois disso, fui assistir a mais uma
derrota do meu sofrido Fluminense, que faz atualmente a pior campanha de sua
história. Dito e feito, o Flu perdeu mais uma. E eu só não arranquei os cabelos
da cabeça por falta deles.
Terminado o jogo, assisti aos
comentários do SportTV. Depois, li alguns textos e... de repente, já eram
23h... de repente, meu cérebro acusou-me de inepto... de repente, perguntei-lhe
por que me acusava assim, e ele respondeu-me que estávamos a meia hora de
ingressar no dia 22 de novembro.
Para que a leitora tenha uma ideia,
apenas para preencher as fichas de inscrição, digitalizar cópias de documentos
e enviar tudo à comissão avaliadora eu
gastaria o tempo necessário à elaboração de minha crônica: cerca de duas horas.
Isso porque, como dizia Machado de
Assis, “O jovem precisa conscientizar-se de que a pressa não lhe assegura
qualidade aos textos”. Se é que a memória não me falha.
Ou seja, adeus crônica da “melhor
idade”.
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