Um Natal com Machado
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Enquanto
comemorávamos a vinda ao mundo do Cordeiro de Deus, com rabanadas, tender,
sucos, vinhos etc., conversávamos sobre diversos temas, menos sobre o
homenageado. Nisso não vai nenhuma crítica, pois os diálogos variavam da
política aos crimes e destes aos vídeos pornográficos de WhatsApp que parentes
e amigos compartilham.
A
conclusão a que cheguei, em relação à questão do sexo, tão vulgarizada em
nossos dias, em diálogo com um irmão, foi a seguinte:
— No
meu entendimento, meu querido irmão, o sexo banal, realizado sem qualquer
comprometimento moral, é puro instinto animalizado, eu falei.
—
Também penso assim, ele respondeu-me. Há alguns anos, quando alguém desejava
ver cenas picantes na internet, a pessoa ocultava de sua esposa o que estava
vendo ou, no caso desta, ocultava do marido o que não desejava que ele visse.
Atualmente, a nossa privacidade é invadida com esses compartilhamentos no
celular e até as crianças podem ter acesso fácil a eles.
—
Antigamente, eu disse-lhe, bastava à sociedade que alguém fosse casado, tivesse
filhos e uma relação matrimonial estável para que não pairasse sobre si
qualquer dúvida sobre sua opção sexual. Atualmente, a todo tempo é preciso
demonstrar que não se aderiu à moda da libidinagem. É por isso que às vezes
costumo pedir mentalmente: — Para o mundo, que eu quero descer!
— E a
criminalidade? já foi calculado um número próximo de setenta mil assassínios,
no Brasil, a cada ano.
—
Recorde mundial, confirmei ao Paulinho, meu querido irmão. Acredito que somente
a educação responsável, sem o viés materialista, porá fim, no médio prazo, a
essa triste estatística.
De
repente, eis que Machado de Assis, presente ao conclave familiar, entra na
conversa:
— Meus
caros, segundo Emmanuel, ausente por ter sido convidado à comemoração do Natal
pelo Senhor em Mundo Sideral, Deus, em sua bondade e sabedoria, corrige amando.
Ao contrário dos homens, que enviam o criminoso à condenação com penas cruéis e
os atira a prisões úmidas e infectas, nosso Pai Eterno exige somente o retorno
à carne de todo ser ainda imperfeito para sua redenção por meio de expiações e
provas.
—
Amigo Bruxo, haja vista a ausência do nobre Emmanuel, você poderia brindar-nos
com um dos seus poemas em homenagem ao natalício de Jesus? Pedi-lhe.
Machado
não se fez de rogado e brindou-nos com o seguinte poema antes de se despedir de
todos nós:
A presença de Deus (J.L.O.)
Perguntava
aquele filho
A seu
douto genitor
A
respeito de alguns temas
Sobre
o Supremo Senhor:
— Pai,
onde é que Deus está?
— Ele
está em toda a parte,
No
espaço, na Terra e mar...
E até
no singelo altar...
— Mas
como podemos vê-Lo?
— Na
vastidão do universo,
Na
força da natureza
E até
num bonito verso...
—
Porém, como percebê-Lo?
— Nas
conquistas da Ciência,
Nos
pensamentos dos sábios,
E na
nossa Consciência...
—
Podemos, pai, ouvir Deus?
—Nos
pios de um passarinho,
Nos
zumbidos de um inseto,
No
amor provindo de um ninho...
— Que
fazer para senti-Lo?
— No
banho da cachoeira,
Nos
raios do Sol ameno,
No
perfume da roseira...
— Em
tudo Ele está presente?
—
Vivemos no seio d’Ele...
Sendo
Deus o nosso Pai,
Tudo
vem e volta a Ele.
Deus é
o Amor Infinito!
Ele
está em toda parte,
Está
dentro de você,
E na
beleza das artes.
E por
ser Deus puro Amor,
A
ninguém tem por eleito.
Deu-nos
por modelo o Cristo,
Dentre
nós o mais perfeito.
O
nosso Mestre Jesus,
Que
nasceu pobre em Belém,
Mas
que pregamos na cruz,
E
nunca matou ninguém...
Pois
Ele bem que sabia
Que,
por ser bom e imortal,
Logo
ressuscitaria,
E o
bem sempre vence o mal.
Aqui
deixo meu abraço
À
família universal.
Aperte
mais esse laço.
A
todos, feliz Natal!
Nota do autor: À exceção das citações,
todos os textos de minhas crônicas são fictícios, ou seja, de minha elaboração
pessoal ou por mim parafraseados. Nada há neles que se possa dizer ter sido
psicografado, exceto o que for mediúnico e, nesse caso, referenciado.
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