Diferença entre ser e dizer
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Toda a moral de Jesus se resume na
caridade e na humildade, ou seja, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao
orgulho. Em todos os seus ensinamentos, mostra essas virtudes como sendo o
caminho da felicidade eterna. Amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos
outros o que desejaríeis que vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as
ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o bem sem ostentação; julgai-vos a vós
mesmos antes de julgar os outros. (Kardec, A. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 15, item. 3.)
Tenho um primo mineiro que é espírita
de berço. Fundou e dirigiu centro
espírita, casou-se, adotou quatro filhas e escreveu cinco livros. Seu nome é
Jair Ribeiro de Oliveira. Sua mãe chamava-se Auta, mas era tão baixa que mal
chegava a metro e meio de altura. Era, como outros irmãos seus,
espírita-cristã. Quando eu era jovem, passei uns dias em sua casa, em Juiz de
Fora, MG, e pude constatar pessoalmente a bondade de tia Auta e suas duas
filhas, Gessy e Conceição, que, como seus dois irmãos, Jair e Altair, seguiram
a crença materna e paterna. Todos dedicados à obra da caridade material e
espiritual.
Jair aposentou-se do Banco do Estado de
Minas Gerais há algumas décadas. Sua vida, além do zelo com a família,
acrescida atualmente de dois bisnetos, é dedicada ao estudo e divulgação do
Espiritismo. O mesmo acontecia com sua esposa, excelente médium, já falecida.
Ao lado de sua casa, Jair montou uma biblioteca espírita e ali passa agradáveis
horas de estudo. Atualmente, está com 89 anos, mas vai, quase todo dia, ao
Grupo Espírita Luz Divina, em Contagem, MG, no qual já exerceu diversos cargos:
diretor, passista, evangelizador, expositor e, ainda hoje, editor do jornal da
instituição: Pirilampo. Em Belo
Horizonte, fundou o Centro Espírita Paz e Amor.
O primeiro caso que narra em sua obra
intitulada Crer ou não crer é o do
famoso orador religioso que arrancava lágrimas na plateia, com suas brilhantes
palestras. Certo dia em que preparava o sermão sobre a importância do amor,
tema que desenvolveria no domingo seguinte, tocaram a campainha de sua casa. Ao
atender, deparou-se com um mendigo, que lhe pediu comida. Em resposta, disse ao
pobre homem que se encontrava só em sua casa e não sabia se havia ali sobra de
comida. O pedinte insistiu e, nervoso, o religioso bateu a porta em sua cara.
No lindo domingo de céu azulado, o
templo regurgitava de gente para ouvir a palestra do religioso, que fez
emocionante sermão. Tão logo ele concluiu sua pregação, porém, ouviu-se uma voz
troar no final do salão:
“— Gente, não acredite nesse homem. Ele
é um enganador. Estive em sua residência pedindo comida e ele, com esse amor
mentiroso, além de não me socorrer, bateu a porta na minha cara sem nenhum
sentimento de caridade” (OLIVEIRA, J. R. Crer
ou não crer. Contagem, MG: Itapuã, 2003).
Jair conclui que é perigoso receitar a
outrem o que, para nós, não passa de teoria brilhante. Por isso, é importante
refletir no ensinamento desta mensagem que recebi pelo WhatsApp: “É mais fácil
ensinar do que educar. Para ensinar, você precisa saber, mas para educar você
precisa ser”.
Há muita gente, no meio religioso, como
esse pregador. Entusiasma com a beleza da mensagem, mas não se esforça em
praticá-la... exceto quanto à recomendação a outrem.
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