domingo, 24 de fevereiro de 2019





O padre François Brune e a reencarnação

Para um determinado grupo de católicos, a reencarnação não existe; trata-se de uma farsa, porquanto Paulo disse: “Está determinado que os homens morram uma só vez e logo em seguida o juízo.” (Hebreus 9,27.)
Argumentos como esse podem ser vistos em artigos divulgados na Web por defensores radicais das ideias católicas, cujo especial prazer é, quase sempre, denegrir os que não pensam como eles, a exemplo dos espíritas e dos protestantes.
A refutação à doutrina da reencarnação não é, contudo, compartilhada por todos os pensadores católicos. Não nos referimos aos simples frequentadores de missas, mas a seus autores e teólogos, como, por exemplo, o padre François Brune, autor do livro Os Mortos nos Falam, publicado no Brasil em 1991 pela Edicel (capa ao lado).
No cap. VIII, págs. 213 a 226, do seu livro, padre Brune tece considerações em torno do assunto.
Inicialmente, ele cita o pensamento do Espírito de Pierre Monnier, astrônomo francês, que faleceu em 1799 e foi, em vida, membro da Royal Society e também da Academia de Ciências da Prússia.
Segundo Monnier, Deus concede uma segunda oportunidade aos que se recusam a praticar o amor e permite-lhes voltar à Terra. É a reencarnação. Segundo ele, a reencarnação ocorre, às vezes, em famílias inteiras, ou quase. Pais que arrastaram seus filhos em sua infelicidade, pedem para reparar a falha dando à luz, novamente, os mesmos filhos. Ela é muitas vezes aconselhada como sendo o meio mais rápido de realização da evolução espiritual, obrigatória para que se atinja a felicidade para a qual tendemos todos, e que só conheceremos na fusão com Deus.
Além de declarar-se favorável à doutrina da reencarnação, o padre Brune afirma que no tempo do Cristo a doutrina começava a nascer, porquanto, segundo Flávio Josefo, os fariseus acreditavam em suplícios eternos, destinados aos maus, e na reencarnação destinada aos bons. Além disso, mais tarde, na Cabala tal doutrina ocuparia um lugar importante.
Um depoimento que abona o pensamento expresso por Pierre Monnier nos é dado pelo poeta Silva Ramos no soneto intitulado “Vinculação redentora”, psicografado pelo médium Chico Xavier e publicado do cap. 8 do livro Astronautas do Além, no qual o poeta relata a seguinte história:

O fidalgo, ao partir, diz à jovem senhora:
“Eu sou teu, tu és minha!… Espera-me, querida!…”
Longe, ergue outro lar… Vence, altera-se, olvida…
Ela afoga em suicídio a mágoa que a devora.

Falece o castelão… Vê a noiva esquecida…
Desencarnada e aflita, é uma sombra que chora…
Ele pede outro berço e quer trazê-la agora
Em braços paternais ao campo de outra vida!…

O século avançou… Ei-los de novo em cena…
Ele o progenitor; ela, a filha pequena
A crescer retardada, abatida, insegura…

Hoje, ele, em tudo, é sempre o doce pajem dela
E a noiva de outro tempo é a filha triste e bela
Agarrando-se ao pai nos traumas da loucura.

O Espiritismo, como já dissemos inúmeras vezes, baseia-se em fatos, não nas Escrituras. Contudo, para as pessoas que gostam de encontrar na Bíblia o fundamento de suas crenças, eis o que o evangelista Mateus registrou no cap. 17 de suas anotações:
“E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João o Batista.” (Mateus 17:10-13.) [Negritamos.]





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