O Fenômeno
Espírita
Gabriel Delanne
Parte 9
Damos sequência ao estudo do clássico O Fenômeno Espírita, de Gabriel Delanne, conforme o texto da 4ª
edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, com base em tradução de
Francisco Raymundo Ewerton Quadros. O estudo será aqui apresentado em 12
partes.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor
como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto abaixo.
Questões preliminares
A. Como Delanne conceitua o perispírito e suas
características?
B. Onde e de que maneira surgiu a ideia de se obter moldes
das formas materializadas?
C. Que conclusão se pode tirar dos fenômenos de
materialização de Espíritos, como o de Katie King, que respirava e apresentava
todos os caracteres fisiológicos de um ser vivo?
D. Que interpretação dava Lombroso aos fatos espíritas,
antes de aderir à tese espírita?
Texto para
leitura
132. O perispírito, conforme o ensino espírita, é o molde
fluídico no qual se incorpora a matéria durante a vida. É ele que, sob o
impulso da força vital, mantém o tipo específico e individual, porque é
invariável no meio do fluxo incessante da matéria orgânica. (PP. 174 e 175)
133. Eis algumas características que, a respeito do
perispírito, refere Delanne: I) o perispírito não se destrói na morte; II) é
nele que se acham gravadas as conquistas da alma, permitindo a ela recordar-se
do passado; III) acumulando nele a força vital suficiente, o Espírito pode
dar-lhe uma vida momentânea; IV) concretando-se, o perispírito pode deixar
impressões em moldes de parafina, na argila ou em folhas de papel enegrecido.
(P. 175)
134. Zöllner verificou, mesmo antes de obter-se formas
materializadas dos Espíritos, que estes podiam deixar impressões provando a sua
tangibilidade. As experiências feitas por Zöllner com o médium Slade são
descritas por Delanne, que relata ainda as realizadas pelo professor Chiaia, de
Nápoles, com a célebre médium Eusápia Paladino. (PP. 175 a 177)
135. O professor Chiaia, não satisfeito de fotografar
Espíritos, quis conservar uma lembrança mais comprobativa: a própria forma da
aparição. Inicialmente ele valeu-se de um prato de farinha; depois teve a ideia
de utilizar a argila dos escultores, perguntando se o Espírito poderia moldar
ali uma cabeça. Essas experiências reproduziram-se muitas vezes e a moldagem
deu sempre resultado análogo ao pedido feito. (PP. 176 e 177)
136. As experiências comprovaram, desse modo, que o
perispírito é bem o molde fluídico do corpo e que, no espaço, ele não perde
nenhuma das suas propriedades plásticas: basta fornecer-lhe a força vital e a
matéria para que o corpo material se reproduza total ou parcialmente. (N.R.: No
livro “O Espiritismo perante a Ciência”, Delanne estuda longamente o
perispírito e expõe minuciosamente as provas da sua existência durante a vida e
depois da morte.) (P. 177)
137. Os moldes de parafina, que Delanne descreve neste
livro, foram concebidos inicialmente pelo Sr. Denton, professor de Geologia
assaz conhecido na América. Foi em 1875 que ele obteve, pela primeira vez, o
molde de um dedo. Os moldes obtêm-se assim: duas vasilhas, uma com água fria e
outra com água quente, são colocadas na sala. Na superfície da última flutua
uma camada de parafina fundida. Pede-se ao Espírito que mergulhe sua mão
materializada na parafina e, em seguida, na água fria, repetindo por várias
vezes essa operação. Forma-se desse modo na superfície da mão uma luva de certa
espessura. Quando a mão do Espírito se desmaterializa, deixa um molde perfeito
que se enche de gesso. Basta mergulhar tudo em água fervente para que,
fundindo-se a parafina, fique a reprodução exata da mão materializada. (P. 178)
138. Operando dessa forma os pesquisadores obtiveram moldes
de mãos inteiras e de pés dos mais diversos tamanhos e conformações. (P. 180)
139. Como a crítica acreditava que nessas experiências
poderia haver fraude, o professor Denton recorreu a uma prova interessante:
pesou a massa de parafina antes e depois da sessão, achando o mesmo peso nos
dois casos. Sua experiência foi repetida por três vezes, publicamente, diante
de grande número de pessoas, em Boston, em Charlestown, Portland, Baltimore
etc., sempre com êxito completo. (P. 180)
140. Para afastar de vez a possibilidade de artifícios por
parte do sensitivo, a médium foi, certa vez, encerrada num saco, fortemente
amarrado ao seu pescoço. Como isso ainda assim suscitasse suspeitas, decidiu-se
que o molde deveria ser produzido dentro de uma caixa fechada, devidamente
preparada segundo as indicações do Dr. Gardner. Delanne relata a experiência,
feita em maio de 1876, atuando como médium a Sra. Hardy. (PP. 181 e 182)
141. Depois de quarenta minutos de espera, uma série de
pancadas anunciou que alguma coisa fora obtida. Erguido o véu, viu-se,
flutuando no balde d’água, o molde perfeito de uma grande mão. (P. 182)
142. Na Inglaterra, o Dr. Nichols, servindo Eglinton como
médium, fez uma experiência em condições idênticas. Em artigo no “Spiritual
Record”, de dezembro de 1883, Dr. Nichols descreve a sessão, na qual as
moldagens obtidas representavam mãos que foram reconhecidas por ele como sendo
de sua falecida filha Willie. (PP. 183 e
184)
143. Comentando essas experiências, Delanne lembra que a
fabricação desses moldes é inteiramente impossível, porque a mão enluvada com a
parafina não pode sair do molde sem quebrá-lo, visto o punho ser mais estreito
que a mão. Admitindo-se, porém, a materialização e a posterior
desmaterialização do Espírito, o fato é facilmente assimilável. (P. 183)
144. Cumpre lembrar – diz Delanne – que o Espiritismo não
inventou nenhuma teoria para explicar os fatos: foram os próprios Espíritos que
descreveram seu estado no espaço e, assim, pelas experiências a que prestavam
seu concurso, estabeleceram as condições em que vivem depois de terem
abandonado a Terra. (P. 185)
145. Verificamos como Katie King, o Espírito materializado
ante os olhos de Crookes, era verdadeiramente uma mulher e soubemos que ela
respirava, que seu coração batia, que tinha, em suma, todos os caracteres
fisiológicos de um ser vivo. (P. 185)
146. Que podemos concluir desses fatos? A resposta é clara:
o perispírito, invólucro fluídico da alma, é o molde em que se incorpora a
matéria terrena durante a encarnação. Com a morte, os elementos que formam o
corpo físico voltam à natureza, mas o invólucro espiritual subsiste e conserva
todas as aptidões e propriedades que tinha na Terra. Forneça-se-lhe matéria e
força vital, e logo esse organismo entra em função e reproduz o indivíduo. Essa
vida é, porém, momentânea e temporária, e raramente atinge a intensidade
observada por William Crookes. (P. 185)
147. Examinando alguns fatos espíritas produzidos com a
médium Eusápia Paladino, o professor Lombroso admitiu os fatos como
verdadeiros, mas deu-lhes interpretação diversa da ensinada pelo Espiritismo.
Delanne relata os pormenores das experiências feitas pelo célebre estudioso
italiano, que entendia então que os fatos podiam ser explicados à luz da
neuropatologia. Eusápia Paladino, segundo ele, era neuropata, e também eram neuropatas médiuns
admiráveis como Home, Slade etc. (N.R.: Só mais tarde, em 1909, Lombroso aderiu
à tese espírita, como aliás foi previsto por Delanne.) (PP. 186 a 194)
148. Delanne rebate com toda a ênfase a teoria aventada por
Lombroso e lembra que, em geral, os cientistas são bastante cuidadosos quando
formulam hipóteses em sua área de atuação, mas, quando se trata de Espiritismo,
toda essa prudência desaparece e arrojam-se a construir sistemas, cada qual
mais inverossímil do que o outro. (P. 194)
149. Por exemplo, quando se refere às fotografias de
Espíritos, Lombroso diz ter visto muitas, mas acrescentou que não tinha
confiança em nenhuma delas. “Enquanto eu mesmo não tiver obtido uma – asseverou
o professor italiano –, não poderei emitir juízo sobre o assunto.” (P. 192)
Respostas às
questões preliminares
A. Como Delanne
conceitua o perispírito e suas características?
O perispírito é o molde fluídico no qual se incorpora a
matéria durante a vida. É ele que, sob o impulso da força vital, mantém o tipo
específico e individual, porque é invariável no meio do fluxo incessante da
matéria orgânica. Eis algumas características do perispírito, conforme Delanne:
I) o perispírito não se destrói na morte; II) é nele que se acham gravadas as
conquistas da alma, permitindo a ela recordar-se do passado; III) acumulando
nele a força vital suficiente, o Espírito pode dar-lhe uma vida momentânea; IV)
concretando-se, o perispírito pode deixar impressões em moldes de parafina, na
argila ou em folhas de papel enegrecido. (O
Fenômeno Espírita, págs. 174 a 177.)
B. Onde e de
que maneira surgiu a ideia de se obter moldes das formas materializadas?
A ideia parece haver surgido com o professor Chiaia que,
não satisfeito de fotografar Espíritos, quis conservar uma lembrança mais
comprobativa: a própria forma da aparição. Inicialmente ele valeu-se de um
prato de farinha; depois teve a ideia de utilizar a argila dos escultores,
perguntando se o Espírito poderia moldar ali uma cabeça. Essas experiências
reproduziram-se muitas vezes e a moldagem deu sempre resultado análogo ao
pedido feito. Os moldes de parafina, que
Delanne descreve no livro, foram concebidos inicialmente pelo Sr. Denton,
professor de Geologia conhecido na América. Foi em 1875 que ele obteve, pela
primeira vez, o molde de um dedo. (Obra citada, págs. 176 a 183.)
C. Que
conclusão se pode tirar dos fenômenos de materialização de Espíritos, como o de
Katie King, que respirava e apresentava todos os caracteres fisiológicos de um
ser vivo?
A conclusão é clara: o perispírito, invólucro fluídico da
alma, é o molde em que se incorpora a matéria terrena durante a encarnação. Com
a morte, os elementos que formam o corpo físico voltam à natureza, mas o
invólucro espiritual subsiste e conserva todas as aptidões e propriedades que
tinha na Terra. Forneça-se-lhe matéria e força vital, e logo esse organismo
entra em função e reproduz o indivíduo. Essa vida é, porém, momentânea e
temporária. (Obra citada, pág. 185.)
D. Que
interpretação dava Lombroso aos fatos espíritas, antes de aderir à tese
espírita?
O célebre estudioso italiano entendia então que os fatos
podiam ser explicados à luz da neuropatologia. Eusápia Paladino, segundo ele,
era neuropata, e também eram neuropatas
médiuns admiráveis como Home, Slade etc. Anos depois, Lombroso aderiu à tese
espírita. (Obra citada, págs. 186 a 194.)
Observação:
Eis os links que remetem aos três
últimos textos:
Parte 6 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/01/o-fenomenoespirita-gabriel-delanne_18.html
Parte 7 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/01/o-fenomenoespirita-gabriel-delanne_25.html
Parte 8 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/02/o-fenomenoespirita-gabriel-delanne.html
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