A fé, suas acepções e
importância
Este é o módulo 134 de uma série que
esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita.
Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para
leitura.
As respostas correspondentes às
questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para
leitura.
Questões para debate
1. Como podemos conceituar a fé?
2. Que é fé cega? E que é fé raciocinada?
3. Existe diferença entre crença e fé?
4. É possível comunicar a fé a alguém por meio da imposição?
5. Jesus de Nazaré deixou-nos algum ensinamento acerca da fé e de sua
importância?
Texto para leitura
A fé autêntica não
fica estagnada em circunstância nenhuma
1. O vocábulo “fé” tem várias acepções. No sentido comum, significa a
confiança do indivíduo em si mesmo, pois os que disso são dotados são capazes
de realizações que pareceriam impossíveis àqueles que de si duvidam. Dá-se
igualmente o nome de fé à crença nos dogmas dessa ou daquela religião, casos em
que recebe adjetivação específica: fé cristã, fé judaica, fé católica etc.
2. Existe, por fim, a fé pura, a fé não sectária, que se traduz por uma
segurança absoluta no amor, na justiça e na misericórdia de Deus. De todas as
espécies de fé, esta é, sem dúvida, a mais sublime e também a mais difícil de
ser encontrada, por constituir apanágio de poucas almas de escol, cujo
aprimoramento vem de longo tempo.
3. Ter fé em Deus é guardar no coração luminosa certeza de que nosso Pai
existe e não deixa ao desamparo nenhum dos seus filhos, convicção essa que
ultrapassa o âmbito da simples crença religiosa. Conseguir fé é alcançar a
possibilidade de não mais dizer: “eu creio”, mas sim: “eu sei”, com todos os
valores da razão tocados pela luz do sentimento.
4. Essa fé não fica estagnada em nenhuma circunstância da vida e sabe
trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor, pela
responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido. Traduzindo a certeza na
assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas
e os problemas, com a luz divina no coração.
Levada ao excesso, a
fé cega pode produzir o fanatismo
5. Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas
especiais que distinguem as diferentes religiões e sob esse aspecto a fé pode
ser raciocinada ou cega. A fé cega, como o próprio nome indica, tudo aceita sem
verificação, tanto o verdadeiro quanto o falso, e pode, obviamente, a cada
passo, chocar-se com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o
fanatismo. Assentada no erro, cedo ou tarde desmorona.
6. Somente a fé que se baseia na verdade garante a sua perenidade,
porque nada teme do progresso das luzes, pois o que é verdadeiro na obscuridade
também o é à luz meridiana. Duas condições requer a verdadeira fé. A primeira é
não rejeitar a razão e poder ser, assim, raciocinada. A segunda condição é
prender-se à verdade, sem jamais compactuar com a mentira.
7. Fato digno de nota é que a fé verdadeira não se conquista de uma hora
para outra. Ela se adquire com o tempo, é fruto de experiências vivenciadas,
embora pareça de algum modo inata em certas pessoas, nas quais uma centelha
basta às vezes para desenvolvê-la, o que constitui sinal evidente de anterior
progresso. Em outras pessoas, ao contrário, a dificuldade de ter fé é muito
grande, um indício não menos evidente de uma natureza retardatária ou pelo
menos refratária a isso.
8. Em seu livro O Consolador,
Emmanuel estabelece uma distinção entre crer e ter fé. Crer diz respeito à
crença. O ato de crer em alguma coisa demanda a necessidade do sentimento e do
raciocínio para que a alma edifique a fé em si mesma. Inspiração divina,
diferentemente da simples crença, a fé desperta todos os instintos nobres que
encaminham o homem para o bem e, como tal, é a base da regeneração.
A fé não se prescreve
nem se impõe, mas pode ser adquirida
9. Idêntico ensinamento encontramos no cap. VII – 2ª Parte do livro O Céu e o Inferno, de Kardec, no qual o
guia da médium que serviu de intermediária no caso Xumene explicou por que o
Espiritismo não torna imediatamente perfeitos nem mesmo os mais crentes
adeptos: “A crença é o primeiro passo; vem em seguida a fé e a transformação
por sua vez, mas, além disso, força é que muitos venham revigorar-se no mundo
espiritual”.
10. A fé sincera é empolgante e contagiosa. Comunica-se aos que não a
têm ou mesmo não desejam tê-la. Encontra palavras persuasivas que vão à alma,
ao passo que a fé aparente utiliza tão somente palavras sonoras que deixam frio
e indiferente quem as escuta.
11. É de Kardec este conhecido pensamento: “Fé inabalável somente o é a
que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”. A
importância da fé é destacada pelo codificador do Espiritismo em várias
passagens de sua obra, como Jesus o fez em diversos momentos, como o trecho,
anotado por Mateus, em que o Mestre afirmou a seus apóstolos que, se eles
tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda, diriam a uma montanha:
“Transporta-te daí para ali” e ela seria transportada.
12. “Tudo é possível àquele que tem fé”, ensinou Jesus, consoante lemos
em Marcos, 9:23, afirmativa essa que demonstra a importância da fé em nossa
vida e nos anima a tudo fazer por conquistá-la, certos de que, conforme
asseverou Kardec, a fé não se impõe nem se prescreve, mas pode ser adquirida,
não existindo ninguém que esteja impedido de possuí-la. Para crer é preciso,
porém, compreender, porquanto – adverte o codificador do Espiritismo – a fé
cega já não tem lugar em nosso mundo.
Respostas às questões
propostas
1. Como podemos
conceituar a fé?
O vocábulo “fé” tem várias acepções. No sentido comum, significa a
confiança do indivíduo em si mesmo, pois os que disso são dotados são capazes
de realizações que pareceriam impossíveis àqueles que de si duvidam. Dá-se
igualmente o nome de fé à crença nos dogmas dessa ou daquela religião, casos em
que recebe adjetivação específica: fé cristã, fé judaica, fé católica etc.
2. Que é fé cega? E
que é fé raciocinada?
A fé cega, como o próprio nome indica, tudo aceita sem verificação,
tanto o verdadeiro quanto o falso, e pode, obviamente, a cada passo, chocar-se
com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Assentada no
erro, cedo ou tarde desmorona. A fé raciocinada é a que não rejeita a razão e
prende-se à verdade, sem jamais compactuar com a mentira.
3. Existe diferença
entre crença e fé?
Sim. No livro O Consolador,
Emmanuel diz que crer diz respeito à crença. Inspiração divina, diferentemente
da simples crença, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o
homem para o bem e, como tal, é a base da regeneração. Idêntico ensinamento
encontramos no cap. VII – 2a Parte do livro O
Céu e o Inferno, no qual o guia da médium que serviu de intermediária no
caso Xumene diz que a crença é o primeiro passo; a fé virá em seguida e, por
último, a transformação, mas para isso é preciso que muitos tenham de
revigorar-se no mundo espiritual.
4. É possível
comunicar a fé a alguém por meio da imposição?
Não. Segundo Kardec, a fé não se impõe nem se prescreve, mas pode ser
adquirida, não existindo ninguém que esteja impedido de possuí-la. Para crer é
preciso, porém, compreender, porquanto – adverte o codificador – a fé cega já
não tem lugar em nosso mundo.
5. Jesus de Nazaré
deixou-nos algum ensinamento acerca da fé e de sua importância?
Sim. “Tudo é possível àquele que tem fé”, ensinou Jesus, consoante lemos
em Marcos, 9:23, afirmativa essa que demonstra a importância da fé em nossa
vida e nos anima a tudo fazer por conquistá-la.
Bibliografia:
O Evangelho segundo o
Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo XIX, itens 1 a 11.
O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, 2a
Parte, cap. VII.
Depois da Morte, de Léon Denis, pp.
258 a 262.
Páginas de
Espiritismo Cristão, de Rodolfo Calligaris, p. 38.
O Espírito do
Cristianismo, de Cairbar Schutel, p. 311.
O Consolador, de Emmanuel,
psicografado por Francisco Cândido Xavier, questões 354 e 355.
Roteiro, de Emmanuel,
psicografado por Francisco Cândido Xavier, pp. 51 a 53.
Palavras de Emmanuel, de Emmanuel,
psicografado por Francisco Cândido Xavier, pp. 93 a 97.
O Espírito da Verdade, de Espíritos
diversos, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pp. 70 e
71.
Após a Tempestade, de Joanna de
Ângelis, psicografado por Divaldo P. Franco, pp. 16 a 20.
Estudos Espíritas, de Joanna de
Ângelis, psicografado por Divaldo P. Franco, pp. 113 a 116.
Observação:
Eis os links que
remetem aos 3 últimos textos:
Módulo 131 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/05/o-novo-testamento-este-e-o-modulo-131.html
Módulo 132 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/05/a-moral-crista-este-e-o-modulo-132-de.html
Módulo 133 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/05/adoracao-deus-este-e-o-modulo-133-de.html
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