Adoração a Deus
Este é o módulo 133 de uma série que
esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita.
Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para
leitura.
As respostas correspondentes às
questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para
leitura.
Questões para debate
1. Onde podemos encontrar, segundo o Espiritismo, a prova da existência
de Deus?
2. O pensamento que formulamos acerca de Deus é ainda muito primário.
Chegaremos um dia a compreender Deus e dirimir todas as dúvidas que essa
questão ainda nos apresenta?
3. Por que razão diz o Espiritismo que o homem da nossa época não pode
compreender a natureza íntima de Deus?
4. Em que consiste a adoração a Deus e quais as suas consequências para
os homens?
5. Que forma de adoração é mais agradável ao Criador?
Texto para leitura
Somente com a
evolução é que veremos Deus de forma diferente
1. Tema de abertura da principal obra do Espiritismo, Deus é definido de
forma bastante clara pelos imortais como sendo a Inteligência suprema e a Causa
primária de todas as coisas. A prova de sua existência, explicam os Espíritos
superiores, pode se encontrar num axioma que utilizamos em nossas ciências:
“Não há efeito sem causa”. “Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem,
e vossa razão vos responderá.” (O Livro
dos Espíritos, questões 1 e 4.)
2. A questão de Deus é, com efeito, o mais grave de todos os problemas
suspensos sobre nossas cabeças e cuja solução se liga, de maneira estrita e
imperiosa, ao problema do ser humano e seu destino. O conhecimento da verdade
sobre Deus, sobre o mundo e sobre a vida é – no dizer de Léon Denis – o que há
de mais essencial, de mais necessário, porque é Ele que nos sustenta, nos
inspira e nos dirige, mesmo à nossa revelia.
3. Diz-nos Pietro Ubaldi que só gradualmente conseguiremos entender a
essência das manifestações do Criador, quando pelo desenvolvimento de nossas
capacidades perceptivas e conceptuais formos aprendendo a penetrar na
profundidade das coisas. É, por isso, realmente maravilhoso que Espíritos ainda
em acanhada condição evolutiva, como a nossa, tenhamos concebido desde sempre a
certeza da existência de um Ser Superior que a tudo governa.
4. A princípio, essa ideia – inata no homem – é vaga e bastante
abstrata. Com a evolução, através de múltiplas experiências reencarnatórias,
passamos a ver Deus de maneira diferente. A sábia natureza limitou nossas
percepções e nossas sensações e é de degrau a degrau, lentamente, que ela nos
conduz no caminho do saber, ao conhecimento do Universo, seja o visível, seja o
oculto.
Falta ao homem um
sentido que lhe permita compreender Deus
5. Esse pensamento pode ser colhido nas respostas dadas pelos imortais
às questões 10 e 11 de O Livro dos
Espíritos:
Questão 10 – Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus? – “Não,
porque lhe falta para isso um sentido.”
Questão 11 – Um dia será dado ao homem compreender o mistério da
Divindade? – “Quando seu Espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e,
pela sua perfeição, estiver próximo dele, então ele o verá e o compreenderá.”
6. Para bem entender o significado da questão 10 – que afirma que falta ao homem um sentido que lhe
permita a compreensão da Divindade – basta-nos lembrar que um cego de nascença
não tem condições de definir a luz ou distinguir as cores, algo que as
criancinhas podem fazer, justamente porque falta ao cego o sentido da visão. Se
além de cego, fosse ele surdo, também lhe seria impossível distinguir os sons.
Lembremos também que existem no reino animal seres que só possuem o sentido do
tato e, no entanto, conseguem viver e sobreviver no meio em que se encontram.
7. Chegaremos assim um dia, partindo de uma ideia primitiva de Deus, a
um entendimento mais dilatado e superior, mas desde já podemos compreender que
Deus, tal qual o concebemos, não é o deus do panteísmo oriental nem o deus
antropomorfo, monarca do céu, exterior ao mundo, de que nos falam as religiões
do Ocidente, visto que Deus, embora tenha criado o Universo, com ele não se
confunde.
Adorar a Deus é
elevar o pensamento até Ele, é aproximar-se dele
8. Esse grande Ser, absoluto, eterno, soberanamente justo e bom, que
conhece nossas necessidades, que é sensível a nossas dores, é qual o imenso
foco em que todos os seres, pela comunhão do pensamento e do sentimento, vêm
haurir forças, o socorro, a inspiração necessária para os guiar na senda do
destino, para os sustentar em suas lutas, consolar em suas misérias, levantar
em seus desfalecimentos e quedas.
9. Se, como vimos anteriormente, a ideia de Deus é inata no ser humano,
não é possível descrer da afirmação contida na questão 651 de O Livro dos Espíritos segundo a qual
nunca houve povos ateus, porque sempre os homens compreenderam que acima de
tudo há um Ente Supremo no Universo.
10. É evidente que, individualmente considerados, existem homens que
negam a Deus, mas esses, em número ínfimo, nada mais são que indivíduos
transitoriamente envoltos pelo manto da ignorância. Propõe-nos Pietro Ubaldi
que digamos a alguém que pense assim: “Desperta e sentirás que Deus está a teu
lado, está dentro de ti, é a tua vida, a vida de tudo”, porque a concepção da
paternidade divina traz benefícios enormes ao Espírito e é dessa paternidade
que decorre a necessidade da fraternidade humana.
11. Em decorrência de tudo o que vimos não é difícil entender e
justificar a adoração que os homens devem ter para com o Criador, entendendo-se
por adoração a elevação do pensamento a Deus, um tema que Kardec examinou em O Livro dos Espíritos, questões 649 e
seguintes, adiante resumidas:
a. Adoração consiste na elevação do pensamento a Deus. Pela adoração a
alma se aproxima do Criador.
b. A adoração resulta de um sentimento inato como o da Divindade. A
consciência de sua fraqueza leva o homem a se curvar diante daquele que o pode
proteger.
c. A adoração tem sua origem na lei natural. Por isso, ela se encontra
em todos os povos, ainda que sob formas diferentes.
d. A verdadeira adoração está no coração. Imaginemos sempre que em todas
as nossas ações um senhor nos observa.
e. A adoração é útil quando não passa de vã simulação.
f. Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade,
fazendo o bem e evitando o mal, e não os que creem honrá-lo por meio de
cerimônias que não os tornam melhores para seus semelhantes.
g. Aquele que não tem senão a piedade exterior é um hipócrita. Os
cânticos não chegam a Deus senão pela porta do coração.
h. Os homens reunidos por uma comunhão de pensamentos e de sentimentos
têm mais força para chamarem para si os bons Espíritos. Dá-se o mesmo quando se
reúnem para adorar a Deus. Não acreditemos, porém, que a adoração particular
seja menos boa, porque cada um pode adorar a Deus pensando nele.
i. A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele, aproximar-se
dele e colocar-se em comunicação com Ele.
Respostas às questões
propostas
1. Onde podemos
encontrar, segundo o Espiritismo, a prova da existência de Deus?
A prova da existência de Deus pode ser encontrada num axioma que
utilizamos em nossas ciências: “Não há efeito sem causa”. Disseram-nos os
imortais: “Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e vossa razão
vos responderá”.
2. O pensamento que
formulamos acerca de Deus é ainda muito primário. Chegaremos um dia a
compreender Deus e dirimir todas as dúvidas que essa questão ainda nos
apresenta?
Sim. Chegaremos um dia a um entendimento mais dilatado e superior a
respeito do Criador.
3. Por que razão diz
o Espiritismo que o homem da nossa época não pode compreender a natureza íntima
de Deus?
O motivo disso é que falta ao homem de nossa época um sentido que lhe
permita a compreensão da Divindade. Somos ainda, em relação ao Criador, como um
cego de nascença em face da luz ou das cores, que ele não tem condições de
definir ou distinguir justamente por lhe faltar um sentido: o sentido da
visão.
4. Em que consiste a
adoração a Deus e quais as suas consequências para os homens?
A adoração consiste na elevação do pensamento a Deus. Pela adoração a
alma se aproxima do Criador, mas ela somente é útil quando não passa de vã
simulação.
5. Que forma de
adoração é mais agradável ao Criador?
A verdadeira adoração está no coração. Deus prefere os que o adoram do
fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, e não os que
creem honrá-lo por meio de cerimônias que não os tornam melhores para seus
semelhantes.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec,
questões 1 a 16, 649 a 657.
As Leis Morais, de Rodolfo
Calligaris, p. 46.
O Grande Enigma, de Léon Denis, pp.
25 a 70.
Deus na Natureza, de Camille
Flammarion, p. 392.
Deus e Universo, de Pietro Ubaldi,
pp. 292 a 317.
A Grande Síntese, de Pietro Ubaldi,
p. 201.
Observação:
Eis os links que
remetem aos 3 últimos textos:
Módulo 130 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/05/os-apostolos-dosenhor-este-e-o-modulo.html
Módulo 131 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/05/o-novo-testamento-este-e-o-modulo-131.html
Módulo 132 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/05/a-moral-crista-este-e-o-modulo-132-de.html
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