sábado, 25 de maio de 2019




Conhecereis a verdade...

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Dona Maria de Sousa Feitosa e o senhor Manoel Alves Pinto, casados, sempre moraram no Alto Parnaíba, Maranhão. Em sua pequena roça, onde falta quase tudo, tiveram quinze filhos: nove mulheres e seis homens. Entretanto, pelo fato de três filhas terem morrido bem novas (9 meses, 1 ano e 3 anos), a família ficou reduzida a apenas doze criaturas, além dos pais: seis mulheres e seis homens.
Quando nasceu a última filha, a mais velha dos doze que sobraram estava com 24 anos. Era a Guimar. Alguns vieram para Brasília, como a Guimar, que trabalha conosco uma vez por semana, como diarista, e, noutras casas, nos demais dias. Seu importante serviço consiste em passar as roupas do casal, pois nossos filhos estão casados.
Por ironia do destino, a Guimar não teve filho. Está atualmente com 55 anos e casou-se com idade avançada, por isso não procriou.
Quando fala de sua família, nossa prestimosa auxiliar demonstra bem o que é a ausência de política pública, em nosso país, voltada para o planejamento familiar e investimento na educação básica de qualidade, além da valorização do trabalho operário e criação de empregos compatíveis com a aptidão de cada pessoa. Todos são pobres e lutam com dificuldade para sobreviver. Um dos irmãos nunca saiu da casa paterna e está sempre embriagado. Enfermou da alma, ante a vivência de tanta miséria.
São essas famílias que vivem de bolsas-família no Brasil. Muitas delas, por morarem em terras inférteis, devido à ação da alta temperatura, não conseguem sobreviver onde nasceram. Para isso, juntam seus trapos e vêm para as grandes cidades, onde, por não terem formação escolar adequada, quando não são analfabetas, ocupam qualquer espaço onde possam dormir. Durante o dia, vagam pela cidade à procura de emprego, sem possuírem qualquer qualificação para o trabalho. Quando têm sorte, fazem qualquer serviço. Aprendem fazendo...
Muitas dessas pessoas, não obtendo trabalho com remuneração mínima para sua sobrevivência, vivem de mendicância, de pequenos ou grandes furtos. Outras deprimem-se, por se sentirem inúteis socialmente, aliam-se a traficantes e passam a vender e consumir drogas.
Para muitos desses nossos irmãos e irmãs, a morte passa a ser considerada uma verdadeira bênção, pois sua existência é um mar de lágrimas e de lama. É então que o trabalho dos “bons samaritanos” surge em socorro dessas pessoas. Nem todos, porém, aceitam a humilhação de viver da caridade alheia. Os mais revoltados juntam-se a outros e formam quadrilhas que matam e roubam sem qualquer escrúpulo ou medo da morte.
O governo brasileiro precisa ser austero e diminuir os privilégios de alguns milhares de cidadãos que jamais passaram fome, para atender os milhões de desesperados que, com prole imensa, imploram um emprego simples, mas com salário digno. Criar escolas que abriguem os filhos dos proletários e lhes proporcionem instrução num turno e formação profissional noutro, oferecendo-lhes café da manhã, almoço e jantar diariamente. Nos intervalos dos trabalhos e estudos, que eles tenham lazer. E que a instrução valorize a ética, os princípios morais elevados, sem imposição de crença, mas de fé e amor a Deus e ao próximo, como nos ensinam as tradições de todas as religiões e os filósofos espiritualistas.
Proporcionar formação para o trabalho e criação de empregos para todos os brasileiros e brasileiras é fundamental. Cabeça vazia, mãos desocupadas e estômago faminto são porta aberta para os espíritos malignos.
Propomos, também, criar colônias de trabalho, com segurança máxima, nas grandes extensões de terras mal aproveitadas desse nosso imenso país, que mais é um continente. Enviar para lá os criminosos. Construir escolas, bibliotecas, quadras esportivas, templos de meditação e oração, para que tais excluídos da sociedade tenham sempre com o que ocupar suas horas cotidianas e não se sintam simplesmente punidos como párias sociais irrecuperáveis. 
Proporcionar infraestrutura nesses lugares, com oportunidade de trabalho, conforme a aptidão de cada um, proporcionar-lhes lazer e conhecimento, com certificados aos de bom aproveitamento nos estudos. Dar-lhes oportunidade de refletir que não vale a pena matar, roubar, viver em vadiagem, ainda que passem o resto de suas existências nessas colônias.
Não é pela vingança que se corrigirá o malfeitor e, sim, pelo amor e pelo esclarecimento de suas almas. Para tratamento dos enfermos e dos psicopatas, criem-se hospitais especializados, a fim de que possam ser tratados humanamente.
Justiça não é vingança, é dar a cada um segundo seu merecimento, mas sem crueldade. É nisso que está contida a mensagem do Cristo: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João, 8:32).





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