quinta-feira, 23 de abril de 2020



O Livro dos Espíritos

Allan Kardec

Estamos fazendo neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo dos oito principais livros do Codificador do Espiritismo. Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Continuamos hoje o estudo da principal obra espírita – O Livro dos Espíritos –, cuja publicação inicial ocorreu em 18 de abril de 1857.

Parte 18

137. Qual dos dois se dá primeiro: o progresso moral ou o progresso intelectual da humanidade?
O progresso moral acompanha o progresso intelectual e decorre deste, embora nem sempre o siga imediatamente. O objetivo, segundo o Espiritismo, é o progresso completo, que os povos, assim como as pessoas, só passo a passo atingem. Enquanto não se lhes haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se. (O Livro dos Espíritos, questões 780 e 783.)
138. Qual é o maior obstáculo ao progresso?
O orgulho e o egoísmo, eis os grandes obstáculos ao progresso moral. Quanto ao progresso intelectual, este se efetua sempre e, à primeira vista, parece mesmo que reduplica a atividade do orgulho e do egoísmo, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas. (Obra citada, questões 783 a 785.)
139. A História nos mostra que muitos povos, depois de atingirem determinado estágio evolutivo, recaíram na barbárie. Isto não é um retrocesso? E, nesse caso, qual a explicação espírita?
Quando uma casa ameaça cair, mandamos demoli-la e construímos outra mais sólida e mais cômoda. Contudo, enquanto esta não se apronta, há perturbação e confusão em nossa moradia. Os Espíritos reencarnam-se em diferentes lugares. Aqueles que, quando encarnados, constituíam o povo agora degenerado não são os que o constituíam ao tempo do seu esplendor. Residem eles em outros países, enquanto outros Espíritos, menos adiantados, tomaram o lugar que ficara vago e que, também, a seu turno, terão um dia de deixar. Os povos são individualidades coletivas que, como os indivíduos, passam pela infância, pela idade da madureza e pela decrepitude. Os que apenas vivem a vida do corpo, aqueles cuja grandeza unicamente assenta na força e na extensão territorial, nascem, crescem e morrem, porque a força de um povo se exaure, como a de um homem. Aqueles cujas leis egoísticas obstam ao progresso das luzes e da caridade, morrem, porque a luz mata as trevas e a caridade mata o egoísmo. Mas, para os povos, como para os indivíduos, há a vida da alma. Aqueles cujas leis se harmonizam com as leis eternas do Criador viverão e servirão de farol aos outros povos. (Obra citada, questões 786 e 788.)
140. Sendo o progresso o objetivo final de todos os povos da Terra, chegará um momento em que eles se acharão um dia reunidos, formando uma só nação?
Uma nação única, não; isso seria impossível, visto que da diversidade dos climas se originam costumes e necessidades diferentes, que constituem as nacionalidades, tornando indispensáveis sempre leis apropriadas a esses costumes e necessidades. A caridade, porém, desconhece latitudes e não distingue a cor dos homens. Quando, por toda parte, a lei de Deus servir de base à lei humana, os povos praticarão entre si a caridade, como os indivíduos. Então, viverão felizes e em paz, porque ninguém cuidará de causar dano ao seu vizinho, nem de viver a expensas dele. (Obra citada, questão 789.)
141. Por quais indícios podemos reconhecer uma civilização completa?
Reconhece-se uma civilização pelo seu desenvolvimento moral. Uma sociedade tem o direito de dizer-se civilizada somente quando nela houverem sido banidos os vícios que a desonram e quando seus componentes viverem como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, terá ela percorrido apenas a primeira fase da civilização. De duas nações que tenham chegado ao ápice da escala social, somente pode considerar-se a mais civilizada, na legítima acepção do termo, aquela onde existam menos egoísmo, menos cobiça e menos orgulho; onde os hábitos sejam mais intelectuais e morais do que materiais; onde a inteligência se puder desenvolver com maior liberdade; onde haja mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; onde menos enraizados se mostrem os preconceitos de casta e de nascimento; onde as leis nenhum privilégio consagrem e sejam as mesmas, assim para o último, como para o primeiro; onde com menos parcialidade se exerça a justiça; onde o fraco encontre sempre amparo contra o forte; onde a vida do homem, suas crenças e opiniões sejam melhormente respeitadas; onde exista menor número de desgraçados; enfim, onde todo homem de boa vontade esteja certo de lhe não faltar o necessário. (Obra citada, questão 793.)
142. Qual a causa da instabilidade das leis humanas? 
Nas épocas de barbaria, são os mais fortes que fazem as leis e eles as fizeram para si. À proporção que os homens foram compreendendo melhor a justiça, indispensável se tornou a modificação delas. Quanto mais se aproximam da vera justiça, tanto menos instáveis são as leis humanas, isto é, tanto mais estáveis se vão tornando, conforme vão sendo feitas para todos e se identificando com a lei natural. (Obra citada, questões 795 a 797.)
143. O Espiritismo se tornará um dia crença geral na Terra? 
Sim. Ele se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade, porque está na natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais contra o interesse, do que contra a convicção, porquanto não há como dissimular a existência de pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais. Sua marcha, porém, será mais célere que a do Cristianismo, porque o próprio Cristianismo é quem lhe abre o caminho e serve de apoio. O Cristianismo tinha que destruir; o Espiritismo só tem que edificar. (Obra citada, questão 798.)
144. De que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso da Humanidade? 
Ao combater e destruir o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, o Espiritismo faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem percebe melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar seu futuro. Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ele ensina aos homens a grande solidariedade que os há de unir como irmãos. (Obra citada, questões 798 a 800.)

Observação:
Para acessar a Parte 17 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/04/o-livro-dos-espiritos-allan-kardec_16.html




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