O Livro dos Espíritos
Allan Kardec
Estamos fazendo neste espaço – sob a
forma dialogada – o estudo dos oito principais livros do Codificador do
Espiritismo. Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes,
cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog
sempre às quintas-feiras.
Continuamos hoje o estudo da principal
obra espírita – O Livro dos Espíritos
–, cuja publicação inicial ocorreu em 18 de abril de 1857.
Parte 17
129. Por que o homem, mesmo sabendo que
a morte nos faz passar a uma vida melhor, tem instintivamente medo de morrer?
O homem deve sempre procurar prolongar a vida, para cumprir suas tarefas. Tal o motivo por que Deus lhe
deu o instinto de conservação, instinto que o sustenta nas provas. Não fosse
assim, ele muito frequentemente se entregaria ao desânimo. A voz íntima, que o
induz a repelir a morte, lhe diz que ainda pode realizar alguma coisa pelo seu
progresso. Esse, o principal motivo por que os homens em geral temem a morte. (O Livro dos Espíritos, questão 730.)
130. Com que objetivo Deus atinge o
homem por meio de flagelos destruidores?
Para fazê-lo progredir mais depressa. A destruição é uma
necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova
existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento. Os chamados flagelos
são frequentemente necessários para que mais pronto se dê o advento de uma
melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido
muitos séculos. Em outra vida, suas vítimas acharão ampla compensação para os
seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar. Os flagelos são,
ademais, provas que dão ao homem ocasião de exercitar sua inteligência, de
demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem
ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor
ao próximo, se não o domina o egoísmo. (Obra citada, questões 729, 737 a 741.)
131. Por que existem as guerras?
A guerra é o resultado direto da predominância da natureza animal
sobre a natureza espiritual e do transbordamento das paixões. No estado de
barbárie, os povos só conhecem o direito da força. À medida que o homem
progride, a guerra se torna menos frequente, porque ele procura evitar-lhe as
causas. A guerra desaparecerá da face da Terra quando os homens compreenderem a
justiça e praticarem a lei de Deus. Nessa época, então, todos os povos serão
irmãos. (Obra citada, questões 742 a 745.)
132. Como se explica que nas
civilizações mais adiantadas ainda se encontrem, às vezes, criaturas tão cruéis
quanto os selvagens?
Do mesmo modo que numa árvore carregada de bons frutos se
encontram verdadeiros abortos. Essas criaturas são selvagens que da civilização
só têm o exterior, lobos extraviados em meio de cordeiros. Espíritos de ordem
inferior e muito atrasados podem encarnar entre homens adiantados, na esperança
de também se adiantarem; mas, se a prova que enfrentam é por demais pesada,
predomina neles a natureza primitiva.
(Obra citada, questões 753 a 756.)
133. Qual é a posição espírita acerca
da pena de morte?
A pena de morte é um equívoco que um dia desaparecerá e sua
supressão assinalará um progresso da Humanidade. Quando os homens estiverem
mais esclarecidos, ela será completamente abolida na Terra. (Obra citada, questões 760 a 765.)
134. Ao asseverar: Quem matou pela
espada, pela espada perecerá, Jesus não teria consagrado a pena de talião? A
morte imposta ao assassino não constituiria, assim, uma aplicação desse
princípio?
É preciso cuidado com tais ideias. Muito já nos enganamos a
respeito dessas palavras, como acerca de outras. A pena de talião é a justiça
de Deus. É Deus quem a aplica. Todos nós sofremos essa pena a cada instante,
pois que somos punidos naquilo em que pecamos, nesta existência ou em outra.
Aquele que foi causa do sofrimento para seus semelhantes virá a achar-se numa
condição em que sofrerá o que tenha feito sofrer. Este o sentido das palavras
de Jesus. Quanto à pena de morte, trata-se de um crime quando aplicada em nome
de Deus. Os que a impõem se sobrecarregam de outros tantos assassínios. (Obra
citada, questão 764.)
135. Os laços de família são uma lei da
natureza?
Sim. Há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas:
há a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e
os de família mais apertados tornam os primeiros; eis por que constituem uma
lei da Natureza. O resultado do relaxamento dos laços de família seria uma recrudescência
do egoísmo. (Obra citada, questões 774 e 775.)
136. O homem era mais feliz quando a
vida era menos atribulada?
Muitas pessoas pensam que sim. Realmente, tendo o homem, no estado
de natureza, menos necessidades, isento se acha das tribulações que para si
mesmo cria quando num estado de maior adiantamento. Por isso, muitos consideram
aquele estado como o da mais perfeita felicidade na Terra. Trata-se, porém, da
felicidade dos brutos. Há quem não compreende outra. É ser feliz à maneira dos
animais. As crianças também são mais felizes do que os homens feitos. (Obra
citada, questões 776 e 777.)
Observação:
Para acessar a Parte 16
deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/04/o-livro-dos-espiritos-allan-kardec_9.html
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