O Livro dos Espíritos
Allan Kardec
Parte 22
Estamos publicando neste espaço o
estudo – sob a forma dialogada – dos 8 principais livros de Allan Kardec. Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Concluído o estudo dos 2 primeiros
livros, prosseguimos nesta data o estudo de O Livro dos Espíritos, cuja edição
inicial se deu em Paris, França, no dia 18 de abril de 1857.
Eis as questões de hoje:
169. Que é um homem de
bem, segundo o Espiritismo?
O homem de bem é o que pratica a lei de justiça, amor e caridade, na sua
maior pureza. Se interrogar a própria consciência sobre os atos que praticou,
perguntará se não transgrediu essa lei, se não fez o mal, se fez todo o bem que
podia, se ninguém tem motivos para dele se queixar; enfim, se fez aos outros o
que desejara que lhe fizessem. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao
próximo, faz o bem pelo bem, sem contar com qualquer retribuição, e sacrifica
seus interesses à justiça. É bondoso, humanitário e benevolente para com todos,
porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças nem de crenças. Se
Deus lhe outorgou o poder e a riqueza, considera essas coisas como um depósito,
de que lhe cumpre usar para o bem. Delas não se envaidece, por saber que Deus,
que as deu, também as pode retirar. Se sob a sua dependência a ordem social
colocou outros homens, trata-os com bondade e complacência, porque são seus
iguais perante Deus. Usa de sua autoridade para lhes levantar o moral e não
para os esmagar com seu orgulho. É indulgente para com as fraquezas alheias,
porque sabe que também precisa da indulgência dos outros, e se lembra destas
palavras do Cristo: Atire a primeira
pedra aquele que estiver sem pecado. Não é vingativo. A exemplo de Jesus,
perdoa as ofensas, para só se lembrar dos benefícios, pois não ignora que, como
houver perdoado, assim perdoado lhe será. Respeita, enfim, em seus semelhantes
todos os direitos que as leis da Natureza lhes concedem, como quer que os
mesmos direitos lhe sejam respeitados. (O
Livro dos Espíritos, questão 918.)
170. Qual o meio prático
mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração
do mal?
Um sábio da antiguidade já o disse: Conhece-te
a ti mesmo. O conhecimento de si mesmo é a chave do progresso individual.
Mas alguém perguntará: Como julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do
amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se
considera apenas econômico e previdente; o orgulhoso julga que em si só há
dignidade. Isso é real, mas existe um meio de verificação que não pode
iludir-nos. Quando estivermos indecisos sobre o valor de uma de nossas ações,
pensemos como a qualificaríamos se praticada por outra pessoa. Se a censuramos
em outra pessoa, não a poderemos ter por legítima quando formos seu autor, pois
Deus não usa de duas medidas na aplicação de sua justiça. Procuremos também
saber o que dela pensam nossos semelhantes e não desprezemos a opinião de
nossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e
Deus muitas vezes os coloca ao nosso lado como um espelho, a fim de que sejamos
advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute,
conseguintemente, sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério
de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como de seu jardim
arranca as ervas daninhas; faça um balanço do seu dia moral para, a exemplo do
comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros. Se puder dizer que foi bom o
seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.
(Obra citada, questões 919 e 919-A.)
171. Pode o homem gozar
de completa felicidade na Terra?
Não, visto que em nosso planeta a vida é dada ao homem como prova ou
expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e ser tão feliz
quanto possível na Terra. (Obra citada, questões 920 e 921.)
172. Sabe-se que a
felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que para um é bastante
constitui a desgraça de outro. Há alguma soma de felicidade que possa ser comum
a todas as pessoas?
Sim. Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à
vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro. (Obra citada, questões
922 e 923.)
173. Do ponto de vista
da felicidade terrestre, qual é a situação que o Espiritismo considera ser,
efetivamente, uma infelicidade real?
A infelicidade real somente existe quando a pessoa sofre da falta do
necessário à vida e à saúde do corpo. (Obra citada, questão 927.)
174. Por que, na
sociedade terrena, são mais numerosas as classes sofredoras do que as felizes?
As classes que chamamos sofredoras são mais numerosas por ser a Terra
lugar de expiação. Quando a houver transformado em morada do bem e de Espíritos
bons, o homem deixará aí de ser infeliz e a Terra será para ele um verdadeiro
paraíso. (Obra citada, questão 931. Ver também questões 866, 926, 927 e 933.)
175. Como entender a
opinião dos que consideram profanação a comunicação dos mortos?
Trata-se de uma opinião equivocada, porque não há profanação quando, além
do recolhimento, a evocação seja praticada respeitosa e convenientemente. A
prova de que assim é temos no fato de que os Espíritos que nos consagram
afeição acodem com prazer ao nosso chamado. Haveria profanação somente se isso
fosse feito levianamente. (Obra citada, questão 935.)
176. Donde vem para o
homem o temor da morte?
A origem do temor da morte resulta, em primeiro lugar, do ensino
milenarmente praticado pelas religiões tradicionais segundo o qual, após a
morte corpórea, há apenas duas alternativas para o indivíduo: o inferno ou o
paraíso. As pessoas que creem nisso, tendo consciência de suas imperfeições,
temem evidentemente o fogo eterno que as queimará, diferentemente do que ocorre
com o justo, ao qual a morte não inspira temor algum, porque, com a fé, tem ele
a certeza do futuro e a esperança o faz contar com uma vida melhor, finda a
existência corpórea. Quanto ao materialista, mais preso à vida corpórea do que
à vida espiritual, sua felicidade consiste geralmente na satisfação fugaz de
todos os seus desejos e, assim, a morte o assusta, porque duvida do futuro e
sabe que terá de deixar no mundo suas afeições e esperanças. O homem
moralizado, que se colocou acima das necessidades factícias criadas pelas
paixões, experimenta já neste mundo gozos que o materialista desconhece. A
moderação de seus desejos dá a seu Espírito calma e serenidade. Ditoso pelo bem
que faz, não há para ele decepções, e as contrariedades lhe deslizam por sobre
a alma, sem nenhuma impressão dolorosa deixarem, motivo pelo qual não existe
razão para temer o que o aguarda no além-túmulo. (Obra citada, questão 941.)
Observação:
Para
acessar a Parte 21 deste estudo, publicada na semana passada, clique
aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/05/o-livro-dos-espiritos-allan-kardec_14.html
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