domingo, 10 de maio de 2020



A missão da maternidade nem sempre é, como se imagina, um mar de rosas

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR

Neste dia em que nós reverenciamos, com justa razão, nossas mães, lembramo-nos de uma carta em que, algum tempo atrás, uma leitora de nossos escritos escreveu-nos o seguinte:

Aprendemos no Espiritismo que o amor maternal decorre de uma espécie de missão e faz parte das leis da natureza. Se isso é verdade, por que a missão da maternidade nem sempre é um mar de rosas?”

Com efeito, o papel de pais e mães constitui, sem dúvida nenhuma, uma verdadeira missão, como está dito com clareza pelos instrutores espirituais na resposta dada à questão 582 d´O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Quanto às dificuldades que ambos encontram no desempenho dessa missão, é bom que meditemos nos ensinamentos contidos nas questões 890 a 892 da obra acima citada.
O coração materno é, na expressão de um Espírito amigo, “uma taça de amor em que a vida se manifesta no mundo”, mas grave é o ofício da verdadeira maternidade. “Levantam-se monumentos de progresso entre os homens e devemo-los, em grande parte, às mães abnegadas e justas, mas erguem-se penitenciárias sombrias e devemo-las, na mesma proporção, às mães indiferentes e criminosas”, assevera Sebastiana Pires no cap. 3 do livro Luz no Lar, obra mediúnica psicografada por Chico Xavier.
Ensina o Espiritismo que a Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles. Entre os animais, esse amor se limita às necessidades materiais e cessa quando desnecessários se tornam os cuidados. No homem, ele persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que sobrevivem mesmo à morte e acompanham o filho até no além-túmulo.
Não se deduza do fato de estar o amor maternal nas leis da natureza que a missão materna seja algo fácil, porque não o é. Trata-se, em verdade, de tarefa espinhosa em que a renúncia e as lágrimas fazem morada.
Não é difícil entender por que isso se dá. É que habitualmente renascem juntas, sob os laços da consanguinidade, pessoas que – nas palavras de conhecido autor – ainda não acertaram as rodas do entendimento no carro da evolução, a fim de trabalharem sobre as arestas que lhes impedem a harmonia. Jungidas à máquina das convenções sociais, no instituto da família, caminham lado a lado, sob o aguilhão da responsabilidade e da convivência compulsória, para sanarem velhas feridas.
Existem pais que não toleram os filhos e mães que se voltam contra os próprios descendentes, tanto quanto há filhos que se revelam inimigos de seus genitores e irmãos que se exterminam dentro do magnetismo degenerado da antipatia congênita. 
A missão materna reveste-se, pois, de encargos sublimes, sobretudo nos lares onde Espíritos antagônicos, quando não inimigos, se encontram temporariamente unidos pelos laços do parentesco.
A maternidade desenvolve a sensibilidade, a ternura e a paciência, aumentando a capacidade de amar na mulher. 
No ambiente doméstico, o coração maternal deve ser o expoente divino de toda a compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família.
A missão materna consiste em dar sempre aos filhos o amor que flui de Deus, porque antes de tudo sabemos que nossos filhos são, primeiramente, filhos de Deus. Desde a infância, compete à mãe prepará-los para o trabalho e para a luta que os espera. Desde os primeiros anos, deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e corrigindo-lhe as posições mentais, porque essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida.
Ensinará a tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando necessária.
Sacrificar-se-á de todos os modos ao seu alcance pela paz dos filhos, ensinando-lhes que toda dor é respeitável, que todo trabalho edificante é divino e que todo desperdício é falta grave. 
Ensinar-lhes-á o respeito pelo infortúnio alheio. Será ela no lar o bom conselho sem parcialidade, o estímulo ao trabalho e a fonte de harmonia para todos.
Buscará, enfim, na piedosa mãe de Jesus o símbolo das virtudes cristãs, ciente de que, como escreveu a leitora, a missão da maternidade nem sempre é um mar de rosas.
Aí estão razões inúmeras para que neste Dia das Mães, – mas não apenas neste dia, – reverenciemos nossa mãe e agradeçamos a ela a oportunidade de estarmos aqui, vivos, aptos e prontos para dizer-lhe quanto a amamos e como é bom ser seu filho!




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