sábado, 16 de maio de 2020



Reencontros

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Neste tempo de pandemia, refletimos em como nossas vidas são guiadas por Deus e somos levados aonde nossos guias espirituais desejem, no tempo certo, com as pessoas certas e no lugar exato. Ainda que esse local, nessa época de rede mundial de comunicação, seja virtual, e a pessoa tenha sido vista por nós somente em tenra idade, até o momento do reencontro, várias décadas depois.
Esse laço que nos une às pessoas é previsto pelos Espíritos no primeiro livro do chamado pentateuco kardequiano: O Livro dos Espíritos. Na questão 459, Allan Kardec pergunta: "Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos?" E a resposta é a seguinte: "Muito mais do que imaginais, pois frequentemente são eles que vos dirigem".
Mais adiante, na questão 525, Kardec torna a indagar: "Os Espíritos exercem alguma influência nos acontecimentos da vida?" E obtém esta resposta: "Certamente, pois que vos aconselham".
Logicamente, nosso livre-arbítrio é respeitado, mas em geral não podemos fugir da programação que é traçada, no plano espiritual, antes de reencarnarmos. A Terra, atualmente, ultrapassou 7,6 bilhões de almas humanas viventes. Seria, portanto, normal que, em meio a esse turbilhão de pessoas, dificilmente alguém encontrasse, fora de seu núcleo de parentes conhecidos, e em regiões distantes, novos membros. Entretanto, há inúmeros casos de pessoas que encontram, noutro país, parente que desconheciam ou acreditavam estar mortos.
É o caso que nos foi apresentado, num programa de TV, segundo o qual Nelma, cabelereira em Itajubá, MG, engravidara aos quatorze anos. Não desejando que seus pais soubessem sua situação, a futura mãe escondeu a gravidez e, assim que a criança nasceu, entregou-a para adoção a um casal brasileiro que iria a morar no Canadá. Algum tempo depois, esse casal, mentindo, disse a Nelma que a filha desta morrera. E nunca mais lhe deu notícia. 
Trinta e um anos depois, a criança, agora moça, chamava-se Ana, estava casada e ficou órfã da mãe adotiva, que nunca lhe escondera sua origem. Então, resolveu pesquisar na internet se sua mãe natural ainda estava viva. Até que, certo dia, emocionada, leu no Google um poema feito por um amigo de Nelma dedicado a esta. Incentivada pelo marido, Ana escreveu uma carta para o canal de televisão, que promoveu o reencontro entre mãe e filha.
Hoje, se relacionam muito bem ela, sua mãe e as duas irmãs que a genitora tivera depois dela. Ana mantém muito contato com a mãe e, anualmente, passa as férias com a nova família em Minas Gerais.
Outra história curiosa, já citada em crônica passada, foi a de quando eu e família, que moramos em Brasília, sem nunca antes termos ido a Pernambuco, nos hospedamos na casa de uma colega de trabalho de meu irmão, em Boa Viagem, que não conhecíamos. Ambos trabalharam no mesmo banco, e ela mostrou-nos foto tirada com ele. Por esse tempo, esse irmão e sua família voltaram a morar no Rio.
Agora, outro caso interessante. Quando criança, eu tinha um padrinho e uma madrinha de batismo, embora meu pai fosse espírita convicto. É que, nessa época, os espíritas, em sua maioria, provinham de famílias católicas e respeitavam seus rituais.
Curioso é que, atualmente, com 68 anos de idade, eu jamais me lembrara de haver tido outra madrinha, além da já falecida, que morou no Rio de Janeiro, onde eu residira até os 22 anos de idade. Também nenhum de meus seis irmãos tinha qualquer lembrança disso. E minha mãe, viúva aos 40 anos e falecida aos 89, enquanto vivera, nunca se referira ao fato de eu ter outra madrinha, além da que fora minha tia.
Há poucos dias, porém, nossa prima de Tombos, MG, manda uma mensagem para um dos meus irmãos que mora em Boyton Beach, EUA, há anos, com sua família, filhos e netos. A mensagem fonada dizia assim: "Sílvia disse que é madrinha do Jorginho", nome pelo qual eu sempre fui tratado, carinhosamente, em família.
Isso foi o suficiente para que eu me lembrasse do tempo em que, residindo logo abaixo da Igreja da Penha, no Rio de Janeiro, aos seis anos, fora crismado por uma linda jovem, que depois se casou, foi morar na Alemanha, onde teve um filho, e depois, na Venezuela, onde teve outro. Atualmente, viúva, minha madrinha mora em Juiz de Fora.
Conto esses casos para que os meus amáveis leitores percebam que não existe adeus definitivo. Nossa família, na Terra, é muito maior do que imaginamos. E não há acaso em nossas vidas e, sim, programação dos nossos guias espirituais antes de reencarnarmos.
Podemos mesmo dizer, como falava Jesus, que todos somos filhos do mesmo Pai e, portanto, irmãos criados para se amarem. Assim, ainda que estejamos temporariamente afastados uns dos outros, seja lá qual for o motivo, tudo isso passa. E, quando for o momento certo, voltaremos a nos reunir, pois somos uma grande família interexistente entre dois mundos: o físico e o espiritual.





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