Reencontros
JORGE LEITE DE
OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Neste tempo de pandemia, refletimos em
como nossas vidas são guiadas por Deus e somos levados aonde nossos guias espirituais
desejem, no tempo certo, com as pessoas certas e no lugar exato. Ainda que esse
local, nessa época de rede mundial de comunicação, seja virtual, e a pessoa
tenha sido vista por nós somente em tenra idade, até o momento do reencontro,
várias décadas depois.
Esse laço que nos une às pessoas é
previsto pelos Espíritos no primeiro livro do chamado pentateuco kardequiano:
O Livro dos Espíritos. Na questão 459, Allan Kardec pergunta: "Os
Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos?" E a resposta é
a seguinte: "Muito mais do que imaginais, pois frequentemente são eles que
vos dirigem".
Mais adiante, na questão 525, Kardec
torna a indagar: "Os Espíritos exercem alguma influência nos
acontecimentos da vida?" E obtém esta resposta: "Certamente, pois que
vos aconselham".
Logicamente, nosso livre-arbítrio é
respeitado, mas em geral não podemos fugir da programação que é traçada, no
plano espiritual, antes de reencarnarmos. A Terra, atualmente, ultrapassou 7,6
bilhões de almas humanas viventes. Seria, portanto, normal que, em meio a esse
turbilhão de pessoas, dificilmente alguém encontrasse, fora de seu núcleo de
parentes conhecidos, e em regiões distantes, novos membros. Entretanto, há inúmeros casos de
pessoas que encontram, noutro país, parente que desconheciam ou acreditavam estar mortos.
É o
caso que nos foi apresentado, num programa de TV, segundo o qual Nelma,
cabelereira em Itajubá, MG, engravidara aos quatorze anos. Não desejando que
seus pais soubessem sua situação, a futura mãe escondeu a gravidez e, assim que
a criança nasceu, entregou-a para adoção a um casal brasileiro que iria a morar
no Canadá. Algum tempo depois, esse casal, mentindo, disse a Nelma que a filha
desta morrera. E nunca mais lhe deu notícia.
Trinta
e um anos depois, a criança, agora moça,
chamava-se Ana, estava casada e ficou órfã da mãe adotiva, que nunca lhe
escondera sua origem. Então, resolveu pesquisar na internet se sua mãe
natural ainda estava viva. Até que, certo dia, emocionada, leu no Google
um poema feito por um amigo de Nelma dedicado a esta. Incentivada pelo marido,
Ana escreveu uma carta para o canal de televisão, que promoveu o reencontro
entre mãe e filha.
Hoje, se relacionam muito bem ela, sua
mãe e as duas irmãs que a genitora tivera depois dela. Ana mantém muito contato
com a mãe e, anualmente, passa as férias com a nova família em Minas Gerais.
Outra história curiosa, já citada em crônica
passada, foi a de quando eu e família, que moramos em Brasília, sem nunca antes
termos ido a Pernambuco, nos hospedamos na casa de uma colega de trabalho de
meu irmão, em Boa Viagem, que não conhecíamos. Ambos trabalharam no mesmo
banco, e ela mostrou-nos foto tirada com ele. Por esse tempo, esse irmão e sua
família voltaram a morar no Rio.
Agora, outro caso interessante. Quando
criança, eu tinha um padrinho e uma madrinha de batismo, embora meu pai fosse
espírita convicto. É que, nessa época, os espíritas, em sua maioria, provinham
de famílias católicas e respeitavam seus rituais.
Curioso é que, atualmente, com 68 anos
de idade, eu jamais me lembrara de haver tido outra madrinha, além da já
falecida, que morou no Rio de Janeiro, onde eu residira até os 22 anos de
idade. Também nenhum de meus seis irmãos tinha qualquer lembrança disso. E
minha mãe, viúva aos 40 anos e falecida aos 89, enquanto vivera, nunca se
referira ao fato de eu ter outra madrinha, além da que fora minha tia.
Há poucos dias, porém, nossa prima de
Tombos, MG, manda uma mensagem para um dos meus irmãos que mora em Boyton
Beach, EUA, há anos, com sua família, filhos e netos. A mensagem fonada
dizia assim: "Sílvia disse que é madrinha do Jorginho", nome pelo
qual eu sempre fui tratado, carinhosamente, em família.
Isso foi o suficiente para que eu me
lembrasse do tempo em que, residindo logo abaixo da Igreja da Penha, no Rio de
Janeiro, aos seis anos, fora crismado por uma linda jovem, que depois se casou,
foi morar na Alemanha, onde teve um filho, e depois, na Venezuela, onde teve
outro. Atualmente, viúva, minha madrinha mora em Juiz de Fora.
Conto esses casos para que os meus amáveis leitores percebam que não
existe adeus definitivo. Nossa família, na Terra, é muito maior do que
imaginamos. E não há acaso em nossas vidas e, sim, programação dos nossos guias
espirituais antes de reencarnarmos.
Podemos
mesmo dizer, como falava Jesus, que todos somos
filhos do mesmo Pai e, portanto, irmãos criados para se amarem. Assim, ainda
que estejamos temporariamente afastados uns dos outros, seja lá qual for o
motivo, tudo isso passa. E, quando for o momento certo, voltaremos a nos
reunir, pois somos uma grande família interexistente entre dois mundos: o
físico e o espiritual.
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